postado em 21/08/2010 07:52
O programa Picasso não Pichava, que existe há mais de 10 anos no Distrito Federal, ganhou mais um núcleo de ação. Os beneficiados foram os cerca de 1.600 jovens, de 14 a 17 anos, que frequentam o Centro Educacional 2 (CED 2) do Cruzeiro. Ontem pela manhã, o colégio recebeu a abertura do projeto, que levará aulas de serigrafia, break, grafite, teatro e cinema para os adolescentes do ensino médio, além da comunidade do bairro.
Há 11 anos no programa da Secretaria de Estado de Segurança Pública que busca tirar os adolescentes da marginalização, o coordenador Olivan de Souza Soares se disse orgulhoso por inaugurar o 7; núcleo fixo do Picasso não Pichava(1) no DF. ;No Cruzeiro, temos a sorte de atingir tanto a comunidade do bairro quanto a da Estrutural, já que muitos alunos de lá estudam aqui. Além disso, a estrutura do colégio e toda a equipe de apoio, incluindo a parceria com o Conselho Tutelar, facilitam o trabalho, que promete ser muito bem-sucedido;, disse Olivan durante uma das várias apresentações de ontem.
Gustavo Duarte, 16 anos, estuda no 1; ano D e estava empolgado com a abertura das atividades na escola. ;Acho que é uma boa chance para muitas pessoas que querem seguir pelo meio artístico. Eu pretendo fazer pelo menos uma das oficinas e hoje mesmo vou cantar com a minha banda, a Batalha Musical;, contou.
Para o coordenador pedagógico do CED 2 do Cruzeiro, João Venâncio, o programa de arte e cidadania acrescentará conhecimento e motivação aos estudantes, e a expectativa é de que atraia também os pais à escola. ;A cada ano, acrescentamos diversos projetos pedagógicos e interdisciplinares com parcerias de iniciativas privadas e públicas. A participação dos alunos tem sido cada vez maior. O que falta, muitas vezes, é o incentivo dos pais, que deveriam frequentar mais o colégio;, defendeu o pedagogo.
Educação e cidadania
Além do Picasso não Pichava, a escola de ensino médio e Educação para Jovens e Adultos (EJA) oferece cursinho pré-vestibular, reforço escolar, aulas de informática, robótica e educação ambiental, entre outras. ;Nosso objetivo é ensinar o conteúdo regular aos meninos e oferecer oportunidades para incluí-los no mercado de trabalho;, comentou João Venâncio.
A formanda do 3; ano Paula Fernandes, 17 anos, elogia os incentivos da direção do Centro Educacional. ;Hoje em dia, muitos jovens só querem se isolar no computador. Esse tipo de iniciativa é muito bacana porque nos fornece um meio de aprender ainda mais e também de relaxar, ajudando até a criar novas amizades;, opinou a estudante.
;Eu fui policial de rua por nove anos e antigamente via a repressão como caminho para corrigir os jovens marginalizados. Hoje, vejo esses adolescentes de forma totalmente diferente. Pelo hip-hop, eles conseguem sair da pichação e aprender um novo caminho;, assegurou Olivan de Souza Soares. Pelo programa, 20% dos jovens envolvidos em gangues são recuperados. ;O número parece pequeno, mas, se comparado aos 92% que não chegam a entrar nesse cenário com o nosso trabalho, acaba sendo bastante proveitoso;, completou o coordenador do Picasso.
Com a mesma opinião sobre o oferecimento de novas oportunidades, a coordenadora do Conselho Tutelar do Cruzeiro, Alessandra Inocêncio, admitiu que o bairro sempre teve poucos eventos para a juventude. ;Pela falta do que fazer mesmo, muitos jovens se envolveram em gangues. Por isso, programas como esse são a chance que têm para se recuperar. Se hoje, só com a abertura do Picasso, eles já participaram, quando as oficinas forem inseridas, tenho certeza que receberemos um grande retorno e, se tudo der certo, ainda descobriremos muitos talentos. Com certeza é o primeiro de muitos projetos.;
1 - Projeto integrado
Presente no Distrito Federal desde 1999, o Picasso não Pichava integra os projetos da Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF e é uma iniciativa nacional da ONG 100% Cidadania, que no DF tem o patrocínio do Banco Regional de Brasília (BRB). O principal objetivo do projeto é prevenir a criminalidade infanto-juvenil, combatendo a pichação e outras transgressões diversas. Além das oficinas, o Picasso não Pichava já ofereceu palestras educativas em vários pontos do DF. No total, mais de 20 mil jovens já foram beneficiados pelo programa. Com a inauguração do núcleo do Cruzeiro, sete cidades recebem regularmente as oficinas de hip-hop e arte no DF e têm orientação de 18 funcionários e oito militares, entre bombeiros e policiais.
O número
20 mil
Número médio de jovens que já foram atendidos no DF pelo programa Picasso não Pichava
20 mil
Número médio de jovens que já foram atendidos no DF pelo programa Picasso não Pichava