postado em 23/08/2010 08:15
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) deve julgar hoje o pedido de habeas corpus da paranormal Rosa Maria Jaques, 61 anos, e do marido dela, João Tocchetto, 49. Na próxima quinta-feira, a expectativa é que os juízes analisem o mérito do pedido de soltura de Adriana Villela, 46 anos, presa há uma semana. Ela é acusada de obstruir as investigações da polícia sobre o crime ocorrido no Bloco C da 113 Sul, em 28 de agosto do ano passado. Adriana teve o pedido de soltura negado em caráter liminar. Ela, a vidente e Tocchetto são suspeitos de terem envolvimento nas mortes do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada Francisca Nascimento da Silva, 58.A defesa do casal protocolou pedido de habeas corpus no TJDFT na última sexta-feira. No mesmo dia, o desembargador Romão Cícero, da 1; Turma Criminal do TJDFT, pediu mais informações aos advogados. A clarividente e o marido são acusados de fraudar a descoberta de uma chave para incriminar três inocentes. No último sábado, durante entrevista coletiva, a diretora adjunta da Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida), Mabel Alves de Faria, disse ter provas materiais e testemunhais suficientes para indiciar Adriana Villela como mandante da morte dos pais e da empregada. Os investigadores também não descartaram a hipótese de envolvimento de Adriana na execução dos três.
Atentos ao caso
Mesmo diante das garantias da Polícia Civil de que o inquérito está praticamente pronto, o Instituto dos Advogados do DF prefere aguardar para se manifestar sobre as investigações. Segundo Raul Livino, conselheiro do IAB-DF nomeado para acompanhar o caso, a entidade espera que a Corvida tenha certeza de que Adriana possa ser a mentora e executora do crime. ;A polícia não faria afirmativas levianas, mas, até agora, não nos deu ainda elementos de conexão entre a filha e o crime. Eles precisam ser expostos para que acolhamos ou divirjamos da acusação;, ponderou Livino.
Para o advogado de defesa da família, Rodrigo Otávio de Alencastro, a delegada Mabel Alves de Faria entrou em contradição ao dizer que sua cliente é suspeita de ser mentora do crime e depois garantir que ela também pode ter participado diretamente da execução. ;Essa declaração me causou ainda mais espanto. Uma coisa é ser mandante e contratar friamente pessoas para matar de forma brutal, outra bem diferente é ser um executor e matar em um momento de raiva;, defendeu.
Adriana foi presa temporariamente há uma semana. O juiz Fábio Esteves, em seu despacho, disse que ;a grande mobilização; da acusada para conseguir um álibi na noite do triplo assassinato levantou suspeita. No próximo dia 28, a morte do casal Villela e da empregada completa um ano. A neta dos advogados assassinados Carolina Villela Perche e o filho deles, Augusto Villela, divulgaram no sábado nota em repúdio às suspeitas da Polícia Civil contra Adriana, que está detida no Presídio Feminino do DF, no Gama.
Indiciamento
O inquérito do crime da 113 Sul tem 4,5 mil páginas. Nele, constam depoimentos de testemunhas e suspeitos, bem como os erros advindos da investigação iniciada na 1; DP (Asa Sul), que era chefiada pela delegada Martha Vargas. Ela foi afastada das investigações do caso em dezembro do ano passado e exonerada da unidade policial em abril deste ano (leia Memória). Agora, a polícia apura a conduta da delegada e a Corvida avalia se houve algum tipo de prejuízo na elucidação do triplo homicídio. ;A doutora Martha também está sendo investigada e pode ser indiciada;, explicou Mabel.
Memória
Falhas em investigação
Um erro na investigação motivou a exoneração da delegada Martha Vargas da 1; Delegacia (Asa Sul). No fim de outubro de 2009, ela teria seguido as orientações da paranormal Rosa Maria Jaques, que se apresentou na 1; DP com a ;missão; de ajudar a elucidar o crime da 113 Sul. A clarividente teria apontado para Martha a existência de uma chave do apartamento dos Villela em uma casa de Vicente Pires. Nela viviam Alex Peterson Soares, 23 anos, e Rami Kaloult, 28. Os dois foram presos. Dias depois, a polícia deteve o vizinho da dupla, Cláudio Brandão, 38, também apontado como suspeito nos homicídios. Mais tarde, descobriu-se que a chave era a mesma encontrada no dia da primeira perícia no imóvel da SQS 113. Na semana pssada, o policial José Augusto Alves foi preso acusado de ter plantado a chave no local a fim de confundir os trabalhos. Ele foi solto e responderá por fraude processual, cuja pena varia de seis meses a quatro anos de detenção.