Cidades

Em comunicado, governo anuncia a manutenção do controle acionário do BRB

No 1º semestre teve saldo líquido de R$ 101,1 milhões

postado em 25/08/2010 08:06
O Governo do Distrito Federal confirmou oficialmente que desistiu de vender o Banco de Brasília (BRB), conforme o Correio antecipou em sua edição de 23 de julho. O comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e fiscaliza o mercado de capitais, foi feito na noite da última segunda-feira. Ontem, o banco divulgou o balanço do primeiro semestre deste ano. O lucro líquido alcançou R$ 101,1 milhões, aumento de 40,81% em relação ao mesmo período de 2009. ;Os números são uma resposta a qualquer pessoa que venha a voltar a pensar em vender o BRB. Somos um banco forte e com crescimento sustentável;, disse, em entrevista ao Correio, o presidente do banco, Nilban de Melo Júnior.

As negociações com o Banco do Brasil, interessado na compra, começaram em 2007. A ideia foi abortada de vez com o estouro da Operação Caixa de Pandora, em novembro do ano passado. ;Não posso falar do próximo, mas neste governo o BRB não será vendido;, sustentou ontem o governador Rogério Rosso, que tem mais quatro meses à frente do GDF, acionista majoritário da instituição financeira. A cada semestre, o BRB conquista os melhores resultados da história. ;A desistência da venda foi uma decisão de governo. Perder o banco seria prejudicial para o DF;, completou o governador.

O patrimônio líquido do BRB no primeiro semestre de 2010 chegou a R$ 658,4 milhões, alta de 35,54% frente aos primeiros seis meses de 2009. As operações de crédito atingiram R$ 3,35 bilhões, elevação de 15,71% ante igual período do ano passado. O ativo total cresceu 8,89%, passando de R$ 6,612 bilhões, em dezembro de 2009, para os atuais R$ 7,2 bilhões. Para o presidente do BRB, os recordes servem para convencer os próximos governos de que a venda do banco ;não faz sentido;. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Correio:

Lucros recordes fazem GDF desistir da venda do BRB
Por que as negociações com o Banco do Brasil foram encerradas?
Porque o valor oferecido pelo BB não atendeu à expectativa do GDF. Quando a ideia da venda ganhou força, em 2008, o BRB valia algo em torno de R$ 1,5 bilhão. O governo só queria conversar com valores acima de R$ 1,2 bilhão. A proposta do BB, dizem, não passou de R$ 900 milhões. O interesse do BB caiu depois que o banco adquiriu o Nossa Caixa e voltou a ser o número um do Brasil. Além disso, não há a menor dúvida de que os escândalos políticos no DF acabaram esfriando as negociações.

Então a crise política teve relação direta com a desistência?
Não foi crucial, mas influenciou sim, claro. O escândalo estourou em novembro de 2009. Naquela época, as negociações já tinham esfriado um pouco. O BB não deixou de comprar o BRB por causa da crise, mas algo que poderia ser retomado, tendo em vista os bons resultados do banco, não o foi porque não havia mais clima.

Se o BB oferecesse mais dinheiro, o BRB poderia ter sido vendido, independentemente de crise política?
Com certeza.

Existe a possibilidade de a negociação ser retomada no ano que vem, com a mudança de governo?
Quem decide se vende ou não é o GDF, o dono do banco. Se o novo governo quiser, as conversas poderão ser retomadas. Mas não há a menor perspectiva de que isso aconteça. O banco está bem, saudável, com resultados expressivos.

Os recordes servem de argumento para evitar uma possível venda?
Como um forte argumento. Não se pode vender um banco que tem R$ 200 milhões de lucro por ano. Não faz sentido. Parte desses recursos são repassados ao governo. Os números são uma resposta a qualquer pessoa que venha a voltar a pensar em vender o BRB. Somos um banco forte e com crescimento sustentável.

O BRB conquistou autonomia, apesar de ter o governo como acionista majoritário?
Completamente. Ao contrário do que ocorria anos atrás, não dependemos do GDF. Hoje, a liquidez do banco é 50% maior do que todos os recursos do governo aplicados aqui. Ou seja, se o governo tirar todo o dinheiro dele, o banco ainda caminha.

Então o governo pode tirar esses recursos?

Não (risos), porque um pai nunca abandona o filho. Mas não existe mais dependência. O GDF só nos cobra boa gestão, nada mais. A única chance de uma diretoria cair é quando ela realiza uma má gestão.

A que o senhor credita esses recordes sucessivos do banco?
Primeiro, ao trabalho desempenhado pelos funcionários. Segundo, à estratégia de elevar o nível de crédito e à busca por novos nichos de mercado. Além disso, o banco está completo: possui todos os produtos e serviços disponíveis no sistema bancário.

O BRB conseguiu superar o atraso tecnológico?
Ainda precisa melhorar. Mas estamos em um patamar satisfatório. O banco dispõe de um parque tecnológico suficiente para atender a demanda. Todas as operações de crédito já podem ser feitas eletronicamente.

Depois da inauguração, na semana passada, da agência em Cuiabá, quais os próximos passos da expansão do banco pelo Centro-Oeste?
Temos a intenção de ocupar o espaço deixado pelos bancos estaduais em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Na segunda quinzena de outubro, vamos abrir uma agência em Campo Grande. Até dezembro, mais duas serão inauguradas no DF.

Para ampliar a base de clientes, as empresas viraram o principal alvo do banco?
Nossa estratégia é continuar tratando com excelência a pessoa física, nosso suporte, e melhorar ainda mais os produtos e serviços voltados para as pessoas jurídicas, cuja participação ainda é muito pequena (5,2%). Queremos crescer nas duas vertentes, em número de clientes e em operações de crédito.

O BRB está preparado para perder o monopólio da prestação de serviços aos servidores do GDF em 2012?
Está. Vamos chegar lá altamente competitivos. Nosso diferencial é o atendimento. Somos um banco de fácil acesso. Os gerentes conhecem bem os clientes e a economia local. A expectativa é que o BRB não sofra, ou sofra muito pouco com isso.

Não vai perder clientes?
Pelo contrário, vamos ganhar. Nas repartições públicas do DF, não há outro banco além do BRB. Isso é comodidade. O BRB será o mais próximo dos clientes.

Está mantida a projeção de que o BRB pode alcançar um lucro líquido de R$ 400 milhões por ano?
Há potencial para isso, mas é um movimento gradativo. O banco tem melhorado o desempenho a cada semestre. O importante é que os bons resultados estão consolidados, fundamentados em operações de crédito e na busca por novos clientes, produtos e serviços.


"Não se pode vender um banco que tem R$ 200 milhões de lucro por ano. Não faz sentido. Os números são uma resposta a qualquer pessoa que venha a voltar a pensar em vender o BRB. Somos um banco forte e com crescimento sustentável"

No 1º semestre teve saldo líquido de R$ 101,1 milhões

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação