postado em 26/08/2010 07:40
A Feira dos Importados já não é a mesma. Após a maioria dos comerciantes ter se formalizado e os vendedores terem se unido para comprar, por R$ 47,5 milhões, o terreno que ocupam, antes pertencente à Central de Abastecimento do DF (Ceasa-DF), os feirantes querem alçar voos mais altos. Hoje, uma comissão formada por quatro membros da Associação da Feira dos Importados (Afim) embarca para Hong Kong, na China, a fim de percorrer fábricas e estabelecer um canal de compras com aquele país. A ideia é trazer os produtos para o Brasil a preços razoáveis, já que 1.550 ocupantes de bancas na feira comprarão em bloco, o que garante poder de negociação. Coibir o contrabando e a pirataria seria outra consequência da visita. A Afim garante que tudo será feito dentro da legalidade, com taxas de alfândega pagas e verificação da adequação das mercadorias às normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Depois da visita à China, outros países no foco de interesse são Panamá e Estados Unidos.;Será uma sondagem. Não vamos necessariamente comprar agora. O objetivo é pesquisar e, no futuro, ter um depósito com mercadorias;, afirma Absalão Ferreira Calado, presidente da Afim e da Cooperativa de Produção e Compras em Comum dos Empreendedores da Feira dos Importados (Cooperfim), criada especificamente para viabilizar o projeto de comprar produtos direto do fornecedor. De acordo com ele, embora, inicialmente, 1,5 mil comerciantes tenham aderido à proposta, a intenção é que no futuro todos os 2.098 donos de boxes integrem a cooperativa.
Absalão, que chegará a Hong Kong acompanhado de Harley Valadares, Fábio Maximiano e Geraldo de Almeida Costa, respectivamente diretores financeiro, institucional e comercial da Feira dos Importados, diz que negociar com fabricantes do Brasil não está descartado. Entretanto, ele acredita que a opção não é vantajosa no momento. ;Em lojas de grandes redes, como Walmart e Carrefour, a maioria dos produtos é made in China. As redes importam de lá porque é vantagem, a produção é em massa, é mais barata. No Panamá, é semelhante. Então, por que a gente escolheria o mercado nacional sem ele compensar financeiramente? Queremos, sim, nos tornar microimportadores;, afirmou.
De acordo com Diones Cerqueira, analista da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), entidade que monitora a balança comercial do DF, caso os feirantes de fato estabeleçam um canal de importação com países como China e Panamá, as transações necessariamente farão parte do registro de exportações e importações locais. ;É obrigatório declarar na Receita Federal. Nossas importações, que já são muito elevadas, podem crescer;, pondera. Ele lembra que a balança local está sempre em deficit. De janeiro a julho deste ano, o desequilíbrio entre importações e exportações ficou em US$ 938 milhões.
A delegada titular da 8; Delegacia de Polícia (SIA), Déborah Menezes, considera positiva a iniciativa dos feirantes. A unidade que ela chefia faz constantemente operações de apreensão (1) e verificação de denúncias na Feira dos Importados, que está dentro de sua circunscrição. ;Os feirantes formalizados tentam melhorar a imagem do local, e de fato algumas coisas mudaram. Mas ainda há muitas irregularidades;, destaca.
1 - Produtos piratas
De fevereiro de 2007 a março de 2010, a 8; DP apreendeu 183,5 mil produtos pirateados em operações na Feira dos Importados: 150 mil DVDs e CDs, 30 mil óculos escuros, 2,5 mil bolsas e mil pares de tênis. No mesmo período, 18 pessoas foram presas em flagrante e 12 foram detidas para averiguação. Todas elas estão respondendo a inquéritos judiciais atualmente.