Cidades

Adriana Villela quebra o silêncio: "Não tenho interesse na morte de meus pais"

postado em 26/08/2010 09:16

A um dia de completar um ano do triplo homicídio ocorrido no bloco C da 113 Sul , a arquiteta Adriana Villela, 46 anos, ; principal suspeita de ser mentora do crime e também de ter executado as vítimas ; resolveu desabafar pela primeira vez: "Eu sou inocente e não tenho interesse algum na morte de meus pais", disse ela ao Correio ao deixar o Instituto Médico Legal (IML) na madrugada de ontem. Ela está presa desde a noite do último dia 19 sob a acusação de criar um álibi e embaraçar as investigações da polícia. A expectativa era de que o habeas corpus de Adriana fosse julgado nesta quinta-feira (26/8), mas a decisão ficou para a próxima quinta (2/9), quando a primeira turma criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) se reúne novamente.

Ela deixou o Presídio Feminino do Gama (Comeia) na tarde de quarta-feira e seguiu direto rumo à Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida), onde prestou depoimento de quase nove horas. Adriana estava vestida de camisa e calça branca. Não usava algemas e segurava um livro de Mahatma Gandhi (1). Ao deixar, pela porta dos fundos, o complexo do Departamento de Polícia Especializada (DPE), às 0h40, a filha mais velha do casal Villela estava séria e não falou com os jornalistas de imediato.

Em seguida, foi levada para o IML onde fez exames obrigatórios para provar que não sofreu nenhum tipo de agressão física. A permanência durou cerca de 10 minutos. Ao sair, Adriana que até então só olhava para baixo, ergueu a cabeça e disse firmemente que era inocente. Em seguida, sentou-se no banco de trás de um carro preto descaracterizado da Polícia Civil, fechou a porta e foi levada de volta para a Comeia.

A arquiteta estava acompanhada do advogado Rodrigo Otávio Alencastro. Segundo ele, o depoimento, embora demorado, foi importante para esclarecer algumas dúvidas da diretora-adjunta da Corvida, Mabel de Faria. Entre elas, foram tratadas algumas questões pontuais sobre a relação de Adriana com os pais, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69. No ano passado, a polícia encontrou dois diários no apartamento dos Villela, com relatos da mãe de Adriana sobre a relação conflituosa que tinha com a filha. O Correio apurou esses diários datavam de 2001 e outro de 2007. "São conflitos normais de pais com filhos, que tem em toda família. O depoimento foi absolutamente esclarecedor e espero que essa dúvida tenha sido sanada de uma vez por todas", destacou Alencastro.

A delegada Mabel Faria também teria questionado algumas ligações telefônicas feitas por Adriana para outros estados, mas Alencastro preferiu não falar sobre o assunto. No presídio, as condições de estadia de Adriana não são nada confortáveis. Ela ocupa um quarto chamado parlatório, destinado para visitas íntimas das presas. Nele existe apenas um colchão, um cano por onde sai água fria para banho e um vaso sanitário rente ao chão. A luz do sol entra por buracos abertos na parede, logo acima do cano.

(1) Mahatma Gandhi

Gandhi foi um dos idealizadores e fundadores do moderno Estado indiano e um influente defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução. O satyagraha serviu de inspiração para gerações de ativistas democráticos e anti-racistas como Nelson Mandela e Martin Luther King. Ela tem por objetivo buscar o caminho da verdade.

Colaborou Adriana Bernardes

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