Adriana Bernardes
postado em 27/08/2010 07:01
Amigos, parentes e advogados de defesa da arquiteta Adriana Villela, 46 anos, deixaram a sessão da Primeira Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) frustrados. O pedido de habeas corpus (HC) nem sequer entrou na pauta de votação. ;Não tem muito o que comentar. Infelizmente, é continuar lutando;, resumiu a advogada Carolina Villela, 25 anos, filha de Adriana.Conforme adiantou o Correio na edição de ontem, o prazo para a procuradora de Justiça Marinita Maria Silva apresentar o parecer sobre o habeas corpus vence apenas hoje. Como a próxima sessão da turma só ocorre na próxima quinta-feira, até lá a filha dos Villela deve continuar no Presídio Feminino do Distrito Federal, no Gama. Ela está detida desde o último dia 16 porque teria, segundo a polícia, atuado para atrapalhar as investigações dos assassinatos dos próprios pais, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada do casal Francisca Nascimento da Silva, 58.
Adriana, aliás, é considerada pelos responsáveis pelo inquérito a principal suspeita do crime, ocorrido em 28 de agosto do ano passado, no imóvel dos Villela, no Bloco C da 113 Sul. Na única vez em que falou com a imprensa desde o triplo homicídio, Adriana Villela declarou: ;Eu sou inocente;. A frase foi dita na madrugada de ontem quando ela deixava o Instituto Médico Legal (IML), após prestar depoimento na Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida, a Corvida (leia mais abaixo).
Espera
Logo nos primeiros minutos da sessão, iniciada às 13h30, o presidente da Primeira Turma Criminal, desembargador George Lopes Leite, comentou sobre o pedido de soltura. ;Para quem espera pelo julgamento do HC de Adriana Villela, vou poupar-lhes tempo. A procuradoria não terminou o parecer. Lamento não ter sido possível votar hoje (ontem), mas a Justiça tem os seus prazos e temos que respeitá-los. Lamento não poder atendê-los;, frisou.
Naquele momento, a maior parte dos presentes levantou-se e saiu da sala. O grupo, formando por aproximadamente 10 pessoas, conversou por cerca de 20 minutos na antessala da sessão. O irmão de Adriana, Augusto Villela, não quis comentar o fato. A professora Célia Mendes, tia de Adriana, emocionou-se: ;Parece um pesadelo que não acaba nunca. É um calvário;. Ao comentar o estado da sobrinha, Célia disse que, ;levando-se em consideração tudo o que está lhe acontecendo, ela está calma.;
Amigo e conselheiro da família, o advogado Pedro Gordilho, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desabafou. ;Amigos, familiares e advogados da Adriana assistiram, perplexos, o presidente da Turma Criminal a informar que a procuradora usaria todo o prazo que a lei lhe concede para proferir o seu pronunciamento;, disse. ;É uma manifestação de desprezo explícito pelo constrangimento que vive a paciente, presa injustamente e sem poder ouvir a palavra final do Poder Judiciário;, completou Gordilho.
Alternativa
Os advogados de defesa não revelaram quais estratégias serão adotadas para tentar tirar Adriana Villela da prisão. ;Vamos estudar o que pode ser feito. Esperávamos que o habeas corpus fosse julgado hoje (ontem). A Justiça tem sobrecarga de trabalho, não é culpa de ninguém;, avaliou José Eduardo Alckmin. Ao comentar o depoimento prestado por Adriana Villela na tarde e na noite de quarta-feira, Rodrigo de Alencastro afirmou que ;foi longo mas, extremamente esclarecedor. Se a delegada tinha alguma dúvida, penso que ela foi sanada;.
No início da noite, a reportagem tentou contato com os dois advogados para saber se vão aguardar a próxima sessão da Turma Criminal do TJDFT ou se optaram por protocolar recurso no Superior Tribunal de Justiça (STF), mas nenhum deles retornou as ligações. Também aguardam julgamento de mérito os pedidos de relaxamento da prisão do ex-agente da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) José Augusto Alves, da ex-faxineira dos Villelas Guiomar Barbosa da Cunha, da paranormal Rosa Maria Jaques e do marido dela, João Tocchetto. Os quatro tiveram a detenção provisória decretada no mesmo despacho judicial sobre a prisão de Adriana. No caso deles, porém, o desembargador Romão Cícero concedeu o HC em caráter liminar.
A situação dos cinco
Adriana Villela
; Presa na noite de 16 de agosto
; Teve o habeas corpus negado em caráter liminar na semana passada, e o mérito do pedido ainda não foi apreciado pela Justiça
; Indiciada por fraude processual e denunciação caluniosa (imputar falsamente crime a alguém)
; Investigada por suspeita de participação no triplo homicídio
Rosa Maria Jaques e João Tocchetto
; Presos em Porto Alegre (RS) e trazidos para Brasília em 18 de agosto
; Liberados na noite da última quarta-feira
; Indiciados por denunciação caluniosa
José Augusto Alves
; Preso em 17 de agosto
; Solto em 19 de agosto
; Indiciado por fraude processual. Sofreu investigação por suspostamente ter plantado uma chave do imóvel dos Villela em casa de Vicente Pires. O episódio resultou na prisão de três homens no ano passado. Eles ficaram detidos como suspeitos do crime por um mês
Guiomar Barbosa da Silva
; Presa em 17 de agosto
; Solta três dias depois
; Indiciada por denunciação caluniosa