Adriana Bernardes
postado em 31/08/2010 07:00
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) se pronunciou contrariamente ao relaxamento da prisão de Adriana Villela, 46 anos, detida desde 16 de agosto por supostamente atrapalhar as investigações do assassinato dos pais. O parecer, assinado pela procuradora Marinita Maria Silva, já está com o desembargador Romão Cícero, relator do pedido de habeas corpus. E, na tarde de ontem, os advogados de Adriana Villela fizeram mais uma tentativa de tirá-la da prisão tremporária. Protocolaram no Tribunal de Justiça um pedido para que o relator do HC reconsiderasse a decisão liminar que, em 19 de agosto, manteve a mulher presa.No entanto, o desembargador Romão Cícero ponderou que julgar o pedido de reconsideração poderia causar mais prejuízos em vez de ajudar. Isso porque o Ministério Público precisaria ser ouvido e, como tem prazo de cinco dias para se manifestar, a resposta poderia chegar somente na sexta-feira. Já o mérito do HC será colocado em votação um dia antes, na quinta-feira, durante a sessão da Primeira Turma Criminal. Por conta disso, ele nem sequer analisou o pleito da defesa.
O Correio não teve acesso ao documento, nem a defesa revelou os argumentos apresentados ao Judiciário. Esse mesmo pedido havia sido feito antes ao juiz do Tribunal do Júri, Fábio Francisco Esteves, que decretou a prisão temporária de Adriana Villela. O magistrado também teria descartado a possibilidade de voltar atrás na decisão. Ao comentar o parecer do MP ; que é contra o relaxamento da prisão ; e a postura do desembargador e do juiz diante do pedido de reconsideração, o advogado Rodrigo de Alencastro limitou-se a dizer: ;Nós reiteramos a confiança no Poder Judiciário e aguardamos o julgamento do mérito do HC;.
Adriana Villela é apontada pela polícia como suspeita de ser a mandante do crime ocorrido no Bloco C da 113 Sul em 28 de agosto do ano passado. Morreram, com 73 facadas no total, o casal de advogados José Guilherme Villela e Maria Carvalho Mendes Villela e a principal empregada deles, Francisca Nascimento da Silva. Hoje, completa-se um ano do início das investigações, pois os corpos só foram descobertos três dias após a barbárie.
A defesa de Adriana sustenta que a cliente é inocente. Nas duas vezes em que falou com a imprensa, a filha dos Villela frisou que não havia cometido o crime e não tinha nenhum interesse na morte dos pais. Ela esteve ontem mais uma vez na Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida), mas o advogado Rodrigo de Alencastro garantiu que Adriana não prestou novo depoimento. Os parentes dela ; a filha Carolina, o irmão Augusto e a tia Célia Mendes ; também foram à unidade especializada em homicídios na tarde de ontem. Mais cedo, eles haviam se dirigido ao Presídio Feminino do Distrito Federal (Comeia), onde Adriana está detida. No sábado passado, a polícia levou a suspeita até o apartamento dos pais.
OAB
Também nesta quinta-feira, o Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Distrito Federal (OAB-DF), deve votar o pedido de intervenção feito pela defesa de Adriana Villela. Em entrevista ao Correio em 21 de agosto, o presidente da entidade, Francisco Caputo, afirmou que os conselheiros analisarão se pedirão ou não ao GDF que solicite apoio da Polícia Federal nas investigações. Também preocupa a Ordem a denúncia de tortura supostamente praticada por policiais da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) contra dois homens presos em 2009, sob a acusação de participarem do crime da 113 Sul.
O promotor do Tribunal do Júri Maurício Miranda não vê necessidade de a PF entrar na apuração: ;Não sei por que eles escolheram esse caso para achar que a Polícia Federal precisa atuar. Tenho dezenas de outros homicídios de vítimas pobres em apuração. Em São Paulo, 95% dos homicídios não foram esclarecidos, por que não pedem intervenção da PF lá?;.