Cidades

Pais e alunos de creche protestam na Câmara para regularizar terreno

postado em 01/09/2010 07:00
Cerca de 200 pessoas, entre adultos e crianças, reivindicam a legalização fundiária da escola situada na 604 NorteO plenário da Câmara Legislativa foi tomado por crianças na tarde de ontem. Caminhando em pernas de pau ou andando em trenzinhos pelos corredores da Casa, elas participaram, acompanhadas por pais e professores, de uma comissão geral com o intuito de discutir a regularização fundiária da Associação Pró-Educação Vivendo e Aprendendo. Membros da escola também aproveitaram a oportunidade para pedir o registro da proposta pedagógica da instituição como patrimônio imaterial do Distrito Federal. A associação, criada por um grupo de pais em 1982, constituiu-se legalmente como sem fins lucrativos (1). A manifestação reuniu, ao todo, cerca de 200 pessoas.

A escola funciona em um terreno na 604 Norte. Na época da criação, a propriedade foi alugada pela instituição, por meio de uma cessão de uso da Novacap. Em 1990, o lote passou para o GDF, que posteriormente pediu a concessão de uso, estando a escola sujeita a multa e até mesmo a fechamento pela permanência no local.

Em 21 de julho deste ano, a Primeira Vara da Fazenda Pública do DF deferiu o pedido de tutela da Vivendo e Aprendendo, suspendendo o auto de interdição até que seja fornecida licença à escola, ou, no caso de indeferimento do pedido, até que o ano letivo seja encerrado. Para estudar no colégio, que preza por uma proposta educacional inovadora e sem regras fixas, os pais dos alunos pagam uma contribuição associativa de R$ 630, com desconto de 20% para o segundo filho.

Ao todo, a escola atende 130 crianças de 2 a 7 anos. Segundo a associação, nos 28 anos de funcionamento da escola, 2,8 mil famílias foram atendidas lá. Presente na comissão de discussão na CLDF, o ministro da Cultura, Juca Ferreira ; que é pai de uma criança que estuda na instituição ;, defendeu a regularização da concessão de uso do terreno. ;A escola não pode ser tomada como um estorvo, ela é um patrimônio. Se a opção for a transferência dela para outro lugar, isso tem que ser feito da melhor maneira possível, sem prejudicar os estudos;, considerou.

O ministro também caracterizou a iniciativa da Vivendo como um importante e diferenciado serviço prestado a Brasília: ;Não justifica dar um tratamento discriminatório para uma iniciativa sem fins lucrativos. A escola merece todo o carinho da sociedade;. Para o deputado distrital Paulo Tadeu (PT), o atual local de ocupação da escola deve ser regularizado. ;A Vivendo já pode ser considerada um patrimônio de toda a humanidade. Temos que debater essa questão para apontar o caminho da legalização definitiva da instituição;, afirmou. A bancada do partido na Câmara Legislativa pediu que a sessão ordinária de ontem fosse transformada em comissão geral.

1 - Objetivos sociais
Define-se como entidade sem fins lucrativos a instituição de educação ou de assistência social que não apresente superavit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine o referido resultado integralmente à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. Além das contribuições mensais dos associados, a Vivendo e Aprendendo promove eventos para a aquisição de recursos.


Moradores querem manter ocupaçõesHabitantes do Cruzeiro Velho foram à Câmara pedir apoio dos distritais

Ontem também foi dia de os moradores do Cruzeiro Velho protestarem na Câmara Legislativa. Cerca de 80 deles pedem que o governo local mande para a Casa um projeto de lei regularizando as residências, sendo que 90% das quais ocupam ilegalmente área pública. Pelo projeto urbanístico original da cidade, as casas não deveriam ter cercas nem muros e as calçadas teriam de ser largas. Para garantir a própria segurança, no entanto, os moradores fecharam os lotes, cercando a área pública limítrofe ao imóvel e até construindo nela.

;O que nós queremos é fazer pressão para que a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Seduma) envie ao governador Rogério Rosso o projeto de regularização, que já está pronto. Essa situação é uma tortura psicológica desnecessária;, afirmou o presidente da Associação de Amigos e Moradores do Cruzeiro Velho, Gervásio Gonçalves. O administrador regional do Cruzeiro, Salin Siddartha, se posicionou ao lado da população: ;A Agência de Fiscalização tem que ser desaconselhada a fazer as demolições, até porque elas gerariam uma comoção social;.

Enquanto isso, a população permanece ansiosa. A mãe do professor José Célio Silva tem 74 anos e foi notificada pela Agefis. Desde então ela se preocupa com eventuais demolições. ;Ela tem problemas cardíacos e fica imaginando que a qualquer momento podem querer derrubar o muro da casa dela. Existe ali uma grande população de idosos sujeitos a essa mesma preocupação, o que não é saudável;, indigna-se o professor, que também vive no Cruzeiro Velho. (NO)

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