postado em 03/09/2010 07:51
O Protocolo da Universidade de Brasília (UnB) voltou a funcionar e com isso foi retomado o requerimento de diplomas. O serviço estava suspenso por conta da greve dos servidores técnico-administrativos, que hoje completa 171 dias. Até ontem, para requerer ou receber o certificado o estudante precisava de uma autorização do Comando de Greve, que só poderia ser obtida com a apresentação do edital de nomeação em concurso público. Reportagem do Correio publicada na última quarta-feira, mostrou que a interrupção do atendimento poderia prejudicar cerca de 7 mil formandos ; 2 mil da UnB e 5 mil das demais unidades de ensino superior do Distrito Federal. Isso porque os documentos emitidos por entidades particulares precisam ser validados pela instituição federal. Ontem, das 11h às 16h, 200 alunos deram entrada no pedido. ;Não haverá atrasos na entrega dos certificados;, garante o novo chefe do setor e assessor de Controle Interno da Reitoria, Fernando Uchôa.Oito funcionários estão empenhados em atender a demanda, que deve aumentar com o fim do semestre letivo, marcado para amanhã. ;Se houver necessidade, em razão do aumento das solicitações, faremos um mutirão e alocaremos mais servidores no setor. Vamos remajenar pessoal e chamar estagiários;, destaca Uchôa. Segundo ele, por enquanto, não há pedidos pendentes. A previsão é que, neste semestre, 1.588 estudantes de graduação e cerca de 500 da pós-graduação da universidade preencham o requerimento da emissão do diploma .
Fila
Assim que souberam da normalização do serviço ; que estava parado desde16 de março, quando estourou a greve ; os estudantes formaram fila no guichê de atendimento do protocolo na tarde de ontem. ;Ainda bem que resolveram o problema. Acabei o mestrado em educação e preciso do diploma para apresentar no trabalho. Pensei que por causa da greve só resolveria isso no fim do ano. Acreditava que os recém-formados ficariam ainda mais prejudicados;, afirma a professora da Secretaria de Educação do DF Paula Cristina Moreira Neto, 29 anos, moradora de Brazlândia.
A reabertura do protocolo não agradou a liderança do movimento. ;Houve uma insatisfação, porque a chefe do setor, Eurídes Pessoa, foi destituída da função. Entendemos isso como uma represália aos servidores que aderiram à greve;, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação da Universidade de Brasília (Sintfub), Cosmo Balbino. Hoje, os grevistas prometem realizar uma manifestação na reitoria.
Laís Mota Cassemiro, 21 anos, que acabou de se formar no curso de educação física, comemorou a novidade. Ela recebeu um telefonema do serviço de cerimonial da universidade informando sobre a volta do serviço. ;Nós, profissionais de educação física, não temos como atuar sem a posse do diploma. Essa greve já me causou outros transtornos. Meu contrato de estágio, por exemplo, foi rompido porque a agência entendeu que eu me formei em julho, mas não foi o que aconteceu;, relembra.
Para dar entrada no processo de emissão de diploma, o universitário precisa procurar o cerimonial da UnB e preencher um formulário solicitando o documento. Em seguida, basta dirigir-se a um posto avançado para saber se há alguma pendência com a universidade. O formulário deve ser entregue no Protocolo, que fica no prédio da Reitoria e funciona das 8h às 12h e das 14h às 18h. De lá, o processo é encaminhado à Secretaria de Administração Acadêmica.
171 dias parados
A paralisação dos servidores da Universidade de Brasília (UnB) completa hoje 171 dias. É a greve mais longa da história da instituição, inaugurada em 21 de abril de 1962. Em 16 de março, os 2,4 mil técnico-administrativos decidiram cruzar os braços diante do corte da concessão da Unidade de Referência de Preço (URP), incorporada ao salário da categoria em 1989. Agora, eles buscam manifestação do Supremo Tribunal Federal (STF) para reaver a parcela que corresponde a 26,5% da remuneração e que varia de R$ 1.034,59 a R$ 5.650.
Depois de mais de cinco meses de greve, cerca de 60% dos técnicos já voltaram ao trabalho, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação da Universidade de Brasília (Sintfub), Cosmo Balbino. Para o estudante do 8; semestre de publicidade Miguel Vilela, a greve dos trabalhadores é justa, mas não deveria ser voltada apenas à questão da URP. ;Eles deveriam buscar outros meios para conseguir melhorias salariais;, diz.
;A luta é legítima. O corte da URP é uma perda significativa para os servidores, que já têm os salários reduzidos. A análise do mérito está com o Judiciário, não há mais espaço para negociações administrativas;, argumenta a decana de Assuntos Comunitários,Rachael Nunes da Cunha.
Eu acho...
;Sou formanda e a greve está atrapalhando muito. Na verdade, já era para eu ter me formado. Até quarta-feira, não sabia se receberia o diploma durante a cerimônia de colação de grau. Além disso, no decorrer do último semestre, o fechamento da Biblioteca Central e do Restaurante Universitário (RU) foi grande obstáculo para a conclusão do curso. Ficamos prejudicados também com a privação de equipamentos de apoio. Para apresentar trabalhos, por exemplo, não conseguíamos ter acesso aos projetores.;
Priscila Jacob, 26 anos, formanda em letras inglês, moradora do Sudoeste
Priscila Jacob, 26 anos, formanda em letras inglês, moradora do Sudoeste