Cidades

Pacientes do Hran são atendidos no chão devido à falta de leitos

postado em 03/09/2010 13:16

O leitor do Correio flagrou um paciente que tomava soro deitado no chão, ao lado de uma lixeiraO Hospital Regional da Asa Norte (Hran) atende pacientes ainda que não haja leitos disponíveis para recebê-los. A informação é da Secretaria de Saúde. Segundo o órgão responsável pela saúde pública no Distrito Federal, não faltam leitos na unidade, mas a demanda é excessiva em virtude da procura de pessoas de outros estados.

A realidade de superlotação e descaso com os usuários do sistema foi flagrada por um leitor do Correio Braziliense. Na última segunda-feira (30/8), com a câmera digital do celular, *João filmou e fotografou pacientes alojados no chão de um dos corredores do Hran. De acordo com ele, o hospital, que estava bastante cheio no dia, não tinha leitos e ainda faltavam ambulâncias para o transporte de pacientes.

João foi até o Hran para levar seu primo de 33 anos, paciente de esquizofrênia, que havia tido um surto (veja, abaixo, detalhes do atendimento recebido por eles). Enquanto esperava pelo transporte que levaria o parente a outro centro de saúde, ele fotografou a situação de outros pacientes no local. As fotos mostram pessoas deitadas no chão de um dos corredores tomando soro.

Uma fonte interna do Hospital garantiu ao Correio que o caso é recorrente, principalmente, às segundas-feiras, quando o estabelecimento fica mais cheio. "Os pacientes ficam mesmo no corredor, onde são atendidos pelos médicos. Tanto aqueles de internação, quanto aqueles em observação", afirma a funcionária, que denuncia ainda o descaso com moradores de rua. "Nesse caso eles ficam no corredor mesmo", diz.

Falta de transporte

O flagrante de João ocorreu no dia em que um primo seu precisou de atendimento e foi encaminhado ao hospital pelo Corpo de Bombeiros. Quando chegaram ao Hran, não havia psiquiatras, apesar de a Secretaria de Saúde informar que o hospital conta com o atendimento psquiátrico ambulatorial.

O primo de João, então, foi atendido por uma pneumologista (trata de doenças pulmonares e respiratórias). A médica apenas encaminhou o paciente para uma clínica especializada em Taguatinga, o Hospital São Vicente de Paulo, que, segundo nota oficial da Secretaria de Saúde, é utilizado em casos de emergência. O Hospital São Vicente de Paulo é responsável pela triagem dos pacientes e indica tratamento em outra unidade de saúde, de acordo com a patologia do usuário.

No entanto, a família encontraria outro problema. O primo de João teria que esperar o transporte. "Eram 13h e a previsão para o transporte do meu primo era apenas no final da tarde, por volta das 18h. Ele ainda seria encaminhado ao Hospital de Base para depois seguir para a clínica de Taguatinga. Na nossa frente haviam oito pessoas na lista de espera", afirma João.


*Nome fictício para preservar a identidade do leitor

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