postado em 04/09/2010 07:35
No Distrito Federal, até meados de agosto, 45 mil casos de diarreia, normalmente atrelada ao rotavírus, foram notificados na rede pública de saúde. A preocupação principal é com as crianças com menos de um ano, principal alvo da rotavirose e em quem os sintomas (diarreia aguda, vômitos, febre e mal-estar) são mais agressivos. Não há uma explicação científica, mas a chegada da seca ; que hoje completa 100 dias ; contribui para o aumento de registros hospitalares. Além dos inimigos invisíveis, o período de estiagem também castiga o aparelho respiratório das crianças. Segundo Alberto Henrique Barbosa, diretor-geral do Hospital Regional da Asa Sul, o número de pacientes com dores de garganta, desidratação e sangramentos nasais aumenta entre 30% e 40%.Do total de pacientes com diarreia, 4,7 mil foram bebês com menos de 12 meses, ou seja, 10,4% das infecções. Por isso, a vacina contra o rotavírus é administrada exclusivamente em bebês de até 5 meses. A vacina só entrou no calendário nacional de imunização em 2006. ;Em adultos, o rotavírus é mais brando e, em alguns casos, chega a ser assintomático;, afirma Rose Maria Mossri, chefe do Núcleo de Agravos de Transmissão Hídrica e Alimentar da Secretaria de Saúde. Além da vacina, é fundamental manter práticas constantes de saneamentos básicos já que o vírus é transmitido via fecal-oral, pelo contato íntimo com pessoas infectadas e também utensílios, brinquedos, água e alimentos contaminados.
A técnica em enfermagem Kelly Cristina, 30 anos, toma todos os cuidados para evitar que o filho de oito meses, Davi, seja exposto ao risco. Além de garantir as duas doses da vacina ; a primeira aos dois e a segunda aos quatro meses ; ela preocupa-se com a higiene completa dos alimentos e ambiente por onde o pequeno circula. ;Limpeza é o mínimo para impedir não só a rotavirose, mas qualquer doença. Procuro tomar muito cuidado porque a criança descobre o mundo pelas mãos e pela boca;, diz Kelly. No entanto, ela acredita que a postura que adota não é unanimidade. ;Esse tipo de informação deveria ser dado no pré-natal, principalmente para mães de primeira viagem, como eu. A medicina tende a ser mais curativa do que preventiva;, critica. Mas, caso as medidas de saneamento não impeçam a contaminação, o recomendado é procurar uma unidade de saúde próxima, intensificar a hidratação e não interromper a alimentação.
O Distrito Federal não tem números precisos de contaminados pelo rotavírus. Segundo Mossri, a rotavirose é acompanhada em determinados municípios do país, chamados sentinelas, onde amostras de pacientes sob suspeita são encaminhadas para análise laboratorial. ;No DF, esse sistema ainda está sendo implementado, por isso não há estatísticas;, afirma. Mas, completa Mossri, historicamente, desde 1980 observa-se o aumento de casos de diarreia na época de seca. A média anual é de 100 mil.