postado em 04/09/2010 14:17
Hoje seria dia de festival de música em Águas Claras. Seria. O governo mandou suspender os shows previstos para o fim de semana na cidade. O motivo é a suspeita de superfaturamento para os cachês dos artistas contratados. A administração da cidade havia aprovado orçamento de R$ 200 mil para realizar o evento. Uma denúncia anônima feita à Corregedoria-Geral do DF, no entanto, levantou suspeitas sobre a lisura do evento promovido pela Administração de Águas Claras. Segundo o denunciante, o chefe de gabinete do órgão, Nilvan Vitorino de Abreu, ficaria com 75% do valor liberado para o Festival de Inverno/Primavera.Nilvan trabalha há quatro meses na Administração de Águas Claras por influência do deputado Batista das Cooperativas (PRP), que controla as indicações nessa região administrativa (RA). Antes, Nilvan havia atuado na Companhia Habitacional do DF (Codhab), de onde foi exonerado após abertura de sindicância para apurar a participação de servidores em irregularidades na política de doação de lotes. Nilvan também trabalhou na Câmara Legislativa, ao lado do distrital.
Nilvan assumiu o cargo de administrador interino nos últimos dias por ocasião das férias do titular, Athayde Passos. Foi nesse período que ele organizou o Festival de Inverno. O processo aberto na Corregedoria, a que o Correio teve acesso, mostra que o projeto básico foi aberto, em caráter de urgência, em 26 de agosto, menos de 10 dias antes dos shows.
É Nilvan, na condição de substituto, quem assina o projeto básico e autoriza a realização do festival musical. O evento contaria com oito atrações ;de renome;, como Banda Safira (com cachê de R$ 30 mil), MC Florzinha (R$ 18 mil) e DJ Joãozinho Chapéu de Couro (R$ 12 mil). Em função das denúncias, o GDF determinou o cancelamento das apresentações. A estrutura dos palcos já estava montada na Praça de Esportes da QS 06/08 de Águas Claras. Apesar da suspensão, até ontem à noite, a programação com os shows ainda podia ser conferida no site oficial da administração da cidade.
O administrador Athayde Passos confirmou que cancelou os shows. Ele disse ainda acreditar que os preços das apresentações são exequíveis. ;Até que se prove o contrário, não acredito que houve má-fé.; O distrital Batista das Cooperativas confirmou por meio de sua assessoria que indicou Nilvan para a função. Ele disse, no entanto, que não tem ingerência sobre a rotina da administração e considerou que a acusação feita contra uma pessoa de sua confiança tem por finalidade desgastá-lo na campanha de reeleição.