Cidades

Instituição que cuida de excepcionais obtém apoio do GDF e de particulares

postado em 11/09/2010 07:45
A psicóloga aposentada Vera Lúcia Moreira, diretora do AEC: Não fosse o trabalho árduo e convicto dos 33 funcionários que tocam o Abrigo de Excepcionais de Ceilândia (AEC), seriam muitas histórias de abandono com finais ainda mais tristes do que seus enredos. ;Nós somos uma família e temos 66 filhos;, sintetiza Vera Lúcia Moreira, diretora da instituição, que atende portadores de deficiência múltipla ; física e mental ;, em especial aqueles com dificuldade de locomoção. O abrigo mantém as portas abertas com a ajuda de convênios com o Governo do Distrito Federal (GDF) e parcerias públicas e privadas. Serve como exemplo de obstinação e fidelidade a uma meta: prestar assistência a quem não tem com quem mais contar.

Era 1973, o AEC foi fundado formalmente pela funcionária de serviços gerais Maria dos Anjos Teixeira, em Ceilândia. Antes, ela recebia em casa jovens e idosos abandonados, além de portadores de deficiências variadas. ;Entendi que era isso que Deus queria de mim. Foi um toque divino;, explica Maria dos Anjos. Aos 76 anos, ela continua atuando tanto na causa dos excepcionais quanto na de menores abandonados, para quem abriu outro abrigo. ;Minha vida é dedicada aos outros;, diz.

Até a chegada de Vera Lúcia, há 11 anos, o centro de auxílio recebia quem batesse à porta, sem triagem. ;Era uma mistura muito grande, não tinha a menor condição de administrar. Por fim, houve uma intervenção do Ministério Público e tivemos de mudar o estatuto e especificar nossa clientela;, conta a diretora, psicóloga especializada em ensino especial aposentada pela Secretaria de Educação. Mesmo com a mudança nas regras, boa parte dos 22 homens e 46 mulheres internados entrou jovem e passou a vida inteira ali. ;Muitas famílias não dão conta ou não querem cuidar. Eles se apegaram ao abrigo e não querem sair. Alguns, com doenças menos graves, até ajudam em algumas tarefas, cuidam dos outros pacientes;, diz Vera Lúcia. Os moradores são divididos em alas. Homens e mulheres ficam separados. As 17 mulheres que apresentam comportamento mais agressivo não costumam dividir o espaço com as outras. Com elas, há sempre duas funcionárias para evitar confusões.

Doações
A estrutura necessária para dar conta de hospedar, medicar e alimentar os internos nem sempre é suficiente. Ainda não consta do quadro de funcionários um fisioterapeuta. O abrigo tem feito apelos à Secretaria de Saúde para conseguir consultas com um clínico-geral, ;mas falta até para os hospitais;, lamenta Vera Lúcia. A cada 15 dias, um psiquiatra vai ao local prescrever medicações e avaliar os pacientes, que estão sob olhares constantes de técnicos em enfermagem e cuidadores.

O convênio firmado com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) garante o pagamento dos funcionários, as compras de supermercado e parte dos medicamentos. Muitos remédios são obtidos na Secretaria de Saúde, mas os gastos com medicações específicas não subsidiadas podem chegar a R$ 5 mil por mês. Os 22 pacotes de fraldas geriátricas usados diariamente, os 8kg de sabão em pó, o material de limpeza, as roupas, os custos com transporte entre outros gastos são cobertos por doações. Mas, nesse aspecto, o AEC tem sorte.

;A comunidade nos ajuda muito. Até sem pedir, recebemos muitas doações;, afirma a diretora. O auxílio de um grupo de funcionários do Banco do Brasil resultou, por exemplo, na construção de uma lavanderia capaz de dar vazão às duas baterias de roupas e enxovais que são lavados por dia. A obra, com instalações e equipamentos, custou R$ 60 mil. O Rotary Club de Brasília também dá uma ajuda. Todos os anos, o clube monta uma festa junina com tudo a que os festejos têm direito. A rede de supermercados Comper promove o Troco Solidário, revertido para a instituição. Crianças e membros de grupos religiosos costumam visitar o local e passar um tempo com os internos. ;Nas primeiras vezes, todo mundo que vem aqui fica um pouco assustado. Mas passa o tempo e você se acostuma. Eu me sinto muito bem aqui. Defendo esses meninos como uma galinha abraçadeira. Amo o que faço;, conclui Vera Lúcia.


COLABORE
Toda ajuda é bem-vinda. Informe-se pelo telefone 3585-1905.

O número
R$ 60 mil
Orçamento da construção da lavanderia do abrigo. Os recursos vieram de um grupo de funcionários do Banco do Brasil

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