Cidades

Escassez de vagas faz motoristas terem problemas com flanelinhas

As desavenças são constantes e, não raro, vão parar nas delegacias. Para tentar acabar com os problemas, um decreto de 2008 regulamentou a profissão

Luiz Calcagno
postado em 13/09/2010 08:00
Eles estão por toda parte e cada vez mais ousados, a ponto de exigir quanto um motorista pagará para deixar seu carro num estacionamento público. São os flanelinhas, que parecem se multiplicar com a mesma velocidade que a frota do Distrito Federal, hoje estimada em 1,1 milhão de veículos. Com a escassez de vagas, a única solução que muitos brasilienses encontram é confiar a chave do carro a um desconhecido, mas a opção pode ser perigosa.

Segundo levantamento do Sindicato de Guardadores e Lavadores de Veículos do DF (Sindglav), 37,5% dos 8 mil vigias de automóveis, ou 3 mil, têm antecedentes criminais. No entanto, para a polícia, esse número é maior. No fim de 2008, a 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) apontou que 80% deles tinham passagem.

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Nos estacionamentos públicos dos grandes centros comerciais do DF, a relação entre condutores e alguns flanelinhas é marcada por desavenças. Na última semana, o Correio entrou em contato com cinco unidades policiais do Plano Piloto, Taguatinga e Ceilândia. Em todas, havia vários registros de ameaça, extorsão e danos materiais por parte dos guardadores de carros.

O poder público começa a dar alguns passos para frear o ímpeto daqueles que insistem em demarcar território em estacionamentos públicos. O primeiro deles foi a regulamentação da profissão (veja O que diz a lei) de guardador, em julho do ano passado. O decreto determina que todos os flanelinhas devem passar por um curso de capacitação e ter sua situação regularizada na Superintendência Regional do Trabalho. Até agora, apenas 1,4 mil conseguiram se adequar às normas, o que representa pouco mais de 17% do total.

Nada consta

Muitos nem procuram se legalizar por terem problemas com a Justiça. Ao dar entrada com o processo na superintendência, é exigida uma série de documentos, entre eles o nada consta criminal. Após obter o registro, o guardador é encaminhado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest), onde recebe treinamento. Concluída a etapa, ganha certificado, colete e crachá.

A regulamentação da atividade também deu poder para os órgãos de fiscalização investirem contra os que não têm perfil para tomar conta de veículos nos estacionamentos. De abril a agosto deste ano, em 19 operações, a Secretaria de Ordem Pública (Seops) retirou das ruas 374 guardadores por exercício irregular da profissão ; a média é de dois flagrantes por dia. Existem operações exclusivas para coibir esse tipo de contravenção. Segundo o cronograma da Seops, foram 60 autuações em abril, 29 em maio, nenhuma em junho, 140 em julho e 145 em agosto.

A assessora de planejamento operacional da Seops, major Sheyla Sampaio, disse que os irregulares são encaminhados às delegacias responsáveis pelas áreas onde são autuados. Segundo ela, a maioria dos guardadores não registrados tem ficha criminal e, durante as operações, parte deles fica detida por ter mandado de prisão decretado. ;A incidência de mandados por roubo e furto é grande. Os que não têm antecedentes assinam um termo circunstanciado, em que prometem comparecer ao juiz, se convocados. Na maioria das operações, tem guardador irregular que já fica preso na delegacia, por ter mandado de prisão em seu nome;, disse Sheila.

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