Cidades

Missa e carro novo fazem parte das comemorações do aniversário de JK

postado em 13/09/2010 08:00
Brasília amanheceu em festa. O céu não poderia estar mais vivo, com um azul que parecia vibrar em homenagem ao homem que deu à luz uma cidade inteira. O cenário combinava perfeitamente com a data especial. Ontem, se estivesse vivo, Juscelino Kubitschek completaria 108 anos. A cidade e o povo lembraram o homem que se transformou em mito. No Eixo Monumental, um cortejo de carros antigos tomou conta das faixas da via, por volta das 8h. Os veículos saíram do Setor Militar Urbano rumo ao centro do Plano Piloto. À frente deles, vinha um Gálaxie cor de vinho que parecia ter saído há pouco da fábrica. Só parecia.

Era o último carro que pertenceu ao ex-presidente Juscelino Kubitschek saudando Brasília. A carreata serviu para levar de volta com festa o Gálaxie ao pátio do Memorial JK, de onde havia saído há pouco mais de três meses. O veículo passou por uma reforma total, pelas mãos do Exército Brasileiro e civis, para ser apresentado totalmente renovado na data do aniversário de seu ilustre dono. Foi entregue com todos os itens originais, vidros novos, sistema de ar-condicionado moderno e pintura nova. E o melhor: com o motor funcionando perfeitamente.

Depois da apresentação, teve início uma celebração aos moldes da missa campal rezada em 3 de maio de 1957 (Leia Para saber mais). O momento de oração ocorreu sob um pano verde sustentado por vigas de madeira, como na versão original, e reuniu amigos, parentes e admiradores de Juscelino, na Praça do Cruzeiro, perto do Memorial JK. O arcebispo de Brasília, dom João Braz de Aviz, celebrou a cerimônia religiosa.

Um público de 100 pessoas rezou. Na plateia, coronel Affonso Heliodoro, 94 anos, o fiel escudeiro de JK, ouvia tudo com atenção. ;Fico muito triste e amargurado por estar ;comemorando; a perda do maior presidente que o Brasil já teve. De certa forma, me contento em ver a memória dele preservada, mesmo em um país onde não se preserva nada;, disse o coronel, ácido e firme como é de costume.

Emoção

A presidente do Memorial JK e neta do ex-presidente, Ana Cristina Kubitschek, emocionou-se ao ver a memória do avô ser lembrada com carinho. ;Se deixarmos passar essas datas, as novas gerações vão se esquecer da nossa história. Queremos lembrar o esforço que foi construir essa cidade;, disse. Outro motivo de alegria foi a entrega do Gálaxie LTD, fabricado em 1974, cor de vinho, placa AL 0001-RJ. O carro era usado pelo ex-presidente nas viagens à chamada Fazendinha JK, em Luziânia (GO). A presidente do Memorial não sabe, no entanto, se o veículo ficará exposto. ;Antes, ele ficava na caixa de vidro projetada pelo Niemeyer. Mas lá ele se deteriorou. Vamos buscar junto ao Niemeyer uma solução para guardar o Gálaxie;, informou Ana Cristina.

Visitas

Ontem, o morador da Asa Norte Jaison Neves da Costa, 30 anos, que faz aniversário no mesmo dia que JK nasceu, quis comemorar a data participando da carreata. ;Tenho muita admiração por JK. Até a placa do meu carro, coincidentemente, é JKK. Para mim, estar aqui e ver esse carro sendo entregue é um presente de aniversário;, explicou.

Ao fim do evento, os organizadores convidaram todos os participantes para um lanche com pão de queijo, ao som do Peixe Vivo, uma das músicas preferidas de JK. Na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, também teve missa especial, com direito a fotos de JK e da construção de Brasília. Em torno de 100 pessoas acompanharam a celebração. Também era aniversário da superquadra 108 Sul, a primeira de Brasília e onde fica a igreja. ;Estou em Brasília há 50 anos. Para mim, o aniversário de JK é todo dia. Porque sempre é tempo de lembrar um homem sério e correto;, afirmou o pioneiro José Lírio Ponte, 63 anos.

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