Adriana Bernardes
postado em 16/09/2010 07:53
A edição de Brasília do Carnafacul está cancelada e ainda virou caso de polícia. Prestadores de serviço e investidores do evento registraram um boletim de ocorrência na 5; Delegacia de Polícia, na área central de Brasília, relatando o suposto descumprimento do contrato assinado com a JRD Produções Artísticas e Culturais. A falha inviabilizaria a realização da festa, prevista para o Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília. A JRD é a empresa detentora da autorização para usar a marca Carnafacul, uma franquia com mais de 10 anos de mercado e tradição em festas de axé music.Segundo um dos investidores do evento, o cancelamento da festa partiu da empresa Marcello Borgerth Produções e Eventos S/S Ltda, dona da franquia. O anúncio foi divulgado na última terça-feira, no site De Boa BSB. Na nota, a empresa informa que a festa não vai acontecer ;em virtude do descumprimento das obrigações contratuais; (leia fac-símile). O Correio tentou falar com Marcello Borgerth, mas os celulares estavam desligados. Ele também não retornou as ligações.
O público estimado da Carnafacul era de 10 mil pessoas. O ingresso para a pista era vendido por R$ 50 e R$ 60 e o camarote, por R$ 130 e R$ 150. No site de divulgação do evento, também era anunciada a apresentação de seis atrações em quatro trios elétricos. Entre eles, Alexandre Peixe, Cheiro de Amor, Timbalada, João Neto e Frederico e Clima de Montanha. A sexta atração seria uma surpresa dos organizadores para o público.
Ainda não se sabe quantas pessoas podem ser prejudicadas por conta do cancelamento do evento. Pelo menos sete, entre investidores e prestadores de serviço, registraram queixa na 5; DP. Entre eles, um produtor que atua há oito anos no mercado e investiu cerca de R$ 100 mil na Carnafacul. ;Essa festa é muito famosa e a empresa que detém a marca também é bastante conceituada entre os produtores e artistas. Eu confiei na marca Marcello Borgerth;, afirmou João*.
Segundo ele, uma mulher de nome Andria, representante da JRD Produções, o procurou para oferecer participação na festa. ;Ela dizia que a empresa é do marido dela, de nome Jair. Ela usava um escritório emprestado, o que também é muito comum entre os produtores. Tinha por trás dela o nome da Marcello Borgerth. Não havia motivo para suspeitarmos de nada;, disse.
As primeiras desconfianças de que havia algo errado surgiram quando os pagamentos por parte da JRD deixaram de ser feitos. ;Esse aporte dos investidores é usado para pagar a panfletagem, parte do cachê das bandas, entre outras coisas. Acontece que isso não foi feito. Fui buscar a prestação de contas e a senhora Andria começou a adiar. Vi que tinha algo obscuro e pedi para sair do negócio;, detalhou.
A reunião para rescindir o contrato teria sido marcada para a última terça-feira. Porém, Andria não apareceu e ele procurou a polícia. ;Quando reunimos outros investidores, descobrimos que ela vendeu 110% da festa. Significa que no rateio dos lucros alguém ficaria no prejuízo;.
O advogado Vicente Reis representa sete pessoas que se sentiram enganadas pela JRD. Ele não informou o contato dos clientes que prestaram queixa na delegacia e não soube informar quantos ingressos haviam sido vendidos. O delegado-chefe da 5; DP, Laércio Rosseto, não foi localizado.
O número
R$ 150
Valor que era cobrado para o camarote mais caro do carnaval fora de época
* O nome usado na reportagem é fictício a pedido do entrevistado.