postado em 17/09/2010 08:12
O rio Melchior(1), em Samambaia, amanheceu coberto de esgoto na manhã de ontem. O cenário era de destruição. Um forte mau cheiro exalava a quilômetros dali. A água foi tomada por um tom esverdeado e lixo. Centenas de peixes boiavam, mortos. Eram bagres, pacus e carpas, entre muitas outras espécies. Alguns eram pequenos, outros pesavam até 3kg. A mortandade, de acordo com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), foi causada pela falha de uma das comportas que liberam o esgoto da Estação de Tratamento Melchior.;Houve um pico de energia na madrugada de ontem. Uma comporta automática abriu-se quando era para fechar-se e liberou durante uma hora esgoto semitratado no córrego;, explicou a Caesb, por meio de Assessoria de Imprensa.
Os moradores da região assustaram-se com a quantidade de bichos mortos. ;Estava andando hoje (ontem) cedo e vi um monte de peixe morto. Eram muitos. Ontem (quarta-feira) não estava assim. Fiquei impressionado, foi a primeira vez que vi uma coisa tão grave por aqui;, relatou o estudante Mateus Ferreira, 17 anos, que mora no Clube Termas Horizonte, às margens do Melchior, com a família.
Hoje, a Caesb tenta mensurar os prejuízos ambientais. Agentes vão percorrer toda a extensão do córrego e coletar amostras da água. Depois de examiná-las em laboratório, a companhia deve informar quais serão as medidas necessárias para amenizar o acidente. ;O córrego Melchior tem capacidade muito grande de recuperação, água corrente. Vamos avaliar quais serão as intervenções necessárias. Se for preciso, podemos tratar a água com produtos químicos;, informou a assessoria. A água do Melchior não abastece os reservatórios do DF, segundo a Caesb. Mas desce até o rio Corumbá, do qual é afluente, e deságua em Luziânia, levando toda a poluição.
1 - Poluição
O rio Melchior era um dos mais poluídos do Distrito Federal pelo menos até setembro de 2004, quando se livrou da sujeira por conta da inauguração de uma estação de tratamento. Até então, recebia diariamente o esgoto não tratado de 900 mil habitantes de Taguatinga, Ceilândia e expansão de Samambaia. Eram despejados mensalmente nele 2,2 milhões de litros de esgoto.