Cidades

Filha do casal Villela agiu na morte dos pais, diz inquérito

Corvida faz mais três pedidos de prisão por conta do Caso Villela. São cinco no total. Ministério Público e Justiça do DF se pronunciam até o fim da semana

Adriana Bernardes
postado em 21/09/2010 07:48
A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu o inquérito sobre o crime da 113 Sul. A arquiteta Adriana Villela, 46 anos, acabou indiciada por participação no triplo homicídio que tirou a vida dos pais dela e da principal empregada da família. Os detalhes da suposta participação de Adriana não foram revelados. Como antecipou o Correio na edição de sábado com exclusividade, além de Adriana e da delegada Martha Vargas, que chefiou a primeira fase da apuração, o Ministério Público do Distrito Federal analisa os pedidos de prisão preventiva contra o policial José Augusto Alves, a vidente Rosa Maria Jaques, 61 anos, e o marido dela, João Tochetto, 49. À exceção de Martha Vargas, os demais já estiveram presos temporariamente em agosto.


Apesar de o inquérito ter sido relatado, as investigações continuam. De acordo com fontes policiais ouvidas pela reportagem, o trabalho agora se volta para os suspeitos (1)de terem participado do assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, assassinados a facadas em 28 de agosto do ano passado. O crime ocorreu no apartamento dos Villela, o 601/602 do Bloco C da 113 Sul.

Procurado pelo Correio, o advogado de Adriana Villela, Rodrigo de Alencastro, não sabia da conclusão do inquérito nem do indiciamento da arquiteta. Ele não descarta a possibilidade de entrar com um habeas corpus preventivo. Ainda assim, assegurou que a cliente dele é inocente. ;Não há qualquer elemento que possa justificar o indiciamento e a imputação de responsabilidade à Adriana. Ela é uma vítima disso tudo. Perdeu os pais e ainda é acusada. É uma situação surreal;, avaliou.

Força-tarefa
No início da noite de ontem, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Distrito Federal confirmou que os cinco pedidos de prisão preventiva chegaram às mãos do juiz Fábio Francisco Esteves, do Tribunal do Júri de Brasília, no fim da tarde de sexta-feira. As solicitações também foram encaminhadas para um parecer do Ministério Público do DF. O promotor Maurício Miranda, do Tribunal do Júri de Brasília, confirmou ter recebido os documentos. ;Se for o caso, até sexta-feira convocarei uma coletiva;, disse.

Miranda disse que pediu ajuda de outros dois promotores do Tribunal do Júri de Brasília para analisar os novos pedidos de prisão. Sobre a conclusão do inquérito, o promotor rebateu qualquer informação de que estivesse com todas as peças do inquérito em seu gabinete. ;Se está concluído, até agora não chegou para mim. Pode ser que já tenha sido protocolado no MP do DF e chegue para mim nas próximas horas;, afirmou.

Assim que concluir o parecer, o MP enviará os processos para o juiz Fábio Esteves, que decretará ou não a prisão dos cinco citados no inquérito. Caso as prisões sejam decretadas, cada defensor pode recorrer ao Tribunal de Justiça do DF, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão preventiva não tem prazo estipulado e pode ter vigência enquanto durar o processo.

Além do papel de Adriana no crime, o Correio apurou com fontes da própria polícia que a delegada Martha Vargas foi indiciada por denunciação caluniosa e fraude processual. Conforme explicou à equipe de reportagem, no último sábado, a ex-chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) disse não entender o motivo da decretação da prisão preventiva dela.

A delegada entende que, além de ter residência fixa em Brasília, trabalha na mesma cidade. ;Martha é apontada como a mentora da fraude que incriminou injustamente três moradores de Vicente Pires. Temos a convicção de que foi ela quem orquestrou toda a trama da chave plantada na casa de Alex e Rami;, revelou uma fonte policial. Com o fim da licença médica, Martha deve ficar lotada no Departamento de Polícia Circunscricional (DPC) ; a seção fica no mesmo prédio da sala do diretor da Polícia Civil do DF, Pedro Cardoso, no Departamento de Polícia Especializada (DPE).

A defesa do policial José Augusto Alves não havia tomado conhecimento do novo pedido de prisão do cliente até o início da noite. ;É um absurdo. Não vejo nenhum fundamento porque o policial não praticou crime para isso. A não ser que seja uma prisão para fazer o gosto de alguém. Estamos trabalhando com ilações. Não conheço os fundamentos;, explicou o advogado Cleber Lopes.

1 - Mistério
Testemunha teria visto uma mulher corpulenta dentro do apartamento 601/601 do Bloco C, no dia em que ocorreu o crime. A pessoa desconhecida estava atrás da porta. Ela seria apontada pela polícia como um dos executores. Os investigadores não descartam a participação de outra pessoa na execução do crime, conforme contou uma fonte policial.

Colaborou Mara Puljiz

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