Cidades

Polícia envia mais um pedido de prisão por envolvimento no crime da 113 Sul

Agora são seis a quantidade de solicitações sob análise do Ministério Público e da Justiça do DF

Adriana Bernardes
postado em 22/09/2010 07:50
Além dos cinco pedidos de prisão entregues à Justiça do DF, a Polícia Civil do Distrito Federal quer deter preventivamente uma amiga de Adriana Villela, 46 anos, supostamente envolvida no triplo homicídio ocorrido na 113 Sul. A polícia tem uma razão principal para que ela seja presa: teria sido vista por uma testemunha dentro do apartamento 601/602 do Bloco C, em 28 de agosto de 2009, dia das mortes de José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada Francisca Nascimento da Silva, 58. No início da noite de ontem, a delegada Mabel de Faria, da Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida), voltou ao local do crime, acompanhada de uma equipe de peritos. Ela deixou o local sem falar com o Correio.

Ao todo, chega a seis o número de pedidos de prisão preventiva sob avaliação do promotor Maurício Miranda e do juiz Fábio Francisco Esteves, ambos do Tribunal do Júri de Brasília. Segundo a polícia, apenas Adriana Villela e a amiga dela teriam envolvimento nos assassinatos ; o monitoramento das chamadas telefônicas da segunda também teria subsidiado a solicitação entregue à Justiça. As vítimas perderam a vida com 73 golpes de faca, dentro do imóvel onde viviam. Os investigadores não revelaram qual seria a participação de cada uma das acusadas nos homicídios. Uma fonte policial revelou ao Correio que os executores do crime estão identificados. Tratam-se de um homem e de uma mulher.

O Correio divulgou com exclusividade que o inquérito sobre o caso foi encerrado na última sexta-feira (17) e que Adriana Villela acabou indiciada por participação na morte dos pais e da empregada. Apesar disso, a polícia afirma que as investigações continuam. Concentra-se agora nos envolvidos no crime. Além de Adriana Villela e da amiga, são alvos de pedido de prisão a delegada Martha Vargas, que chefiou a primeira fase das investigações quando era titular da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul); o braço-direito dela, o policial José Augusto Alves, a vidente Rosa Maria Jaques, 61, e o marido dela, João Tochetto, 49. À exceção de Martha Vargas e da amiga da arquiteta, os demais estiveram presos temporariamente em agosto (leia Cronologia).

Tensão
Em texto publicado no blog amigosdeadrianavillela.wordpress.com, no último dia 15, a arquiteta, ao agradecer crônica da jornalista Conceição Freitas publicada no Correio em 21 de agosto, sustenta ser inocente (leia abaixo). Desde o crime, a reportagem tenta insistentemente, por meio dos advogados da família, falar com Adriana Villela. Até então, os defensores dela consideraram que não era o momento de ela se pronunciar. ;Ela está muito cansada e abalada com toda essa situação. Tivemos a informação de que esse pedido de prisão seria cumprido às 6h de hoje (ontem) e, por isso, passamos o dia inteiro nessa tensão;, disse o advogado Rodrigo de Alencastro, um dos defensores de Adriana.

O advogado reafirmou que a polícia não tem elementos para prender a arquiteta e sustentou que ela é inocente e está sendo injustiçada. ;Vamos aguardar a manifestação do Ministério Público e a decisão do juiz. Estamos em compasso de espera. Mas não há justificativa para o indiciamento nem à imputação de responsabilidade. Essas suspeitas sobre a Adriana são infundadas;, completou. Alencastro não descarta entrar com o um habeas corpus preventivo, caso a Justiça decrete a prisão da arquiteta.

"Ela (Adriana) está muito cansada e abalada. Tivemos a informação de que esse pedido de prisão seria cumprido às 6h de hoje (ontem) e, por isso, passamos o dia inteiro nessa tensão"
Rodrigo de Alencastro, advogado de Adriana Villela



Adriana reafirma inocência
Nas duas vezes em que falou ao Correio, a arquiteta Adriana Villela, 46 anos, alegou inocência e demonstrou indignação por ter passado de vítima à condição de suspeita, como a polícia divulgou. Um dia após encerrar os 30 dias de sua prisão temporária, ela escreveu um longo texto em comentário à crônica da jornalista Conceição Freitas, publicada no Correio Braziliense,em 21 de agosto.

Adriana usou espaço do blog amigosdeadrianavillela.wordpress.com para reafirmar inocência. No domínio virtual criado por amigos, toca ainda em pontos que, para os investigadores da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida), são provas da participação dela no assassinato dos pais, ocorrido em 28 de agosto do ano passado.

A filha do casal assassinado escreve também a data da última vez em que esteve no apartamento dos pais: 13 de agosto de 2009 (15 dias antes do triplo homicídio). ;Eu não estive no apartamento de meus pais na noite do dia 28 (a última vez que estive com eles foi dia 13, no café da manhã, quando levei um presente de aniversário para meu pai);, alega a arquiteta, em um dos trechos do texto (leia fac-símile).

Adriana aprofunda outros dois pontos polêmicos: os conflitos com a mãe e o fato de a polícia ter encontrado as digitais dela no apartamento dos pais no dia da descoberta dos corpos. ;Querida mãe, cuidadosa mãe. Com quem eu tinha conflitos, indissociáveis dos afetos profundos por aqueles que mais amamos, quando são ideologicamente diferentes de nós;;. Quanto às digitais, Adriana diz ser uma ;tentativa de produzir a qualquer custo indícios contra mim, que não existem após longos meses de insistente perseguição;.

Para os investigadores do caso, a comparação das digitais coletadas em 31 de agosto de 2009 ; quando os corpos foram encontrados ; e as outras deixadas por Adriana em 28 de agosto, exatamente no mesmo dia e hora do crime, revelaria que ela estivera na cena do crime no dia do triplo assassinato. E que os conflitos com os pais, especialmente com a mãe, Maria Villela, teriam motivado o crime.(AB)


Cronologia

Agosto

Dia 16
Adriana Villela é presa sob a acusação de atrapalhar as investigações do crime da 113 Sul. Ela é levada para o Presídio Feminino do Distrito Federal, no Gama.

Dia 18
Defesa de Adriana entra com o pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do DF.

Dia 19
O desembargador Romão Cícero, da Primeira Turma Criminal, nega, liminarmente, o HC para Adriana Villela.

Dia 21
A delegada Mabel de Faria, responsável pelo caso na Corvida, concede entrevista coletiva na qual reitera que Adriana Villela é a principal suspeita de ser a mandante do assassinato dos pais.

Dia 27
A procuradora Marinita Silva entrega o parecer à Primeira Turma Criminal. Ela é contra a soltura de Adriana. É realizada missa em memória de José Guilherme e Maria Villela. Fora da igreja, amigos de Adriana fazem protesto em defesa da arquiteta.

Dia 28
No dia em que o triplo homicídio completa um ano, a polícia leva Adriana ao apartamento dos pais. A arquiteta, a filha, Carolina, e o irmão, Augusto, o advogado de defesa e os peritos permanecem no local por cerca de três horas. A defesa classifica a visita no dia e na hora do crime como ;cruel;.

Dia 30
Os advogados de defesa protocolam no TJDFT pedido de reconsideração da decisão liminar que negou o HC para Adriana Villela. Mas o desembargador Romão Cícero avalia que seria necessário conceder cinco dias para o MP se manifestar.

Dia 31
A polícia volta ao apartamento dos Villela e colhe impressões digitais deixadas no último sábado por Adriana. O Correio apura que peritos vão comparar as marcas com as coletadas em 2009, no dia da primeira perícia feita no cenário da tragédia.

Setembro

Dia 2
Adriana conquista a primeira vitória na Justiça, que concede o cumprimento em casa dos 12 dias restantes da prisão temporária. O desembargador Romão Cícero fixa algumas condições ao conceder a prisão domiciliar.

Dia 14
Vence a prisão temporária de Adriana Villela. A arquiteta passa no total 18 dias em uma cela improvisada no Presídio Feminino do Distrito Federal, no Gama, e os outros 12 em casa.

Dia 17
A Corvida pede a prisão preventiva de Adriana Villela e de mais cinco pessoas. Também a indicia por participação no crime. O inquérito é concluído e entregue ao Ministério Público do DF , mas as investigações continuam. Nesta nova fase, os alvos das apurações são outras pessoas envolvidas no triplo homicídio ocorrido no Bloco C da 113 Sul.

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