Roberta Machado, Renato Alves
postado em 25/09/2010 08:00
Um incêndio de grandes proporções ao lado do Parque Nacional de Brasília destruiu quase toda a vegetação de uma área de cerrado do Exército e se aproximou de uma das principais linhas de distribuição da Companhia Energética de Brasília (CEB). Um dos circuitos que alimenta parte da região norte do Distrito Federal ; Asa Norte, Lago Norte e Paranoá ; sofreu oscilações no fornecimento de energia durante três minutos. As chamas haviam sido debeladas às 17h45, porém, reapareceram no local por volta das 19h. Até o fechamento desta edição, os bombeiros ainda tentavam apagar o incêndio.
As primeiras chamas apareceram por volta das 12h. Cerca de 20 bombeiros, em quatro carros, se deslocaram da área de monitoramento do Parque Nacional de Brasília, ao lado do foco, para conter a queimada que ameaça a unidade de conservação ambiental. A linha de fogo atingiu cerca de mil metros do terreno que fica atrás da Rodoferroviária e ao lado da Cidade do Automóvel.
Porta voz do Corpo de Bombeiros, o capitão Paulo Roberto explicou que a maior preocupação é evitar que as labaredas cheguem ao Parque Nacional, que teve 31,6% dos 42 mil hectares consumidos por um incêndio no começo da semana.
O incêndio no Parque Nacional começou no domingo e só foi controlado na quarta-feira. Mesmo assim, alguns focos continuam sendo identificados por bombeiros que permanecem de prontidão na reserva. Eles se revezam no monitoramento da região. O incêndio subterrâneo que havia sido controlado no início da tarde de quinta-feira voltou a se manifestar ontem na mata ciliar ; vegetação próxima às margens de córregos e mananciais.
Demorado
Duas equipes de militares passaram o dia tentando controlar a queimada subterrânea com bombas que puxam água dos mananciais. O intuito era jogar bastante água no local para que penetrasse no subsolo. Segundo o capitão Paulo Roberto, o fogo permanece somente na mata ciliar e não ameaça devastar o restante da vegetação. ;O incêndio subterrâneo é demorado. Não é algo que eu possa dizer que vai terminar ainda hoje;, observou.
A queimada subterrânea é considerada perigosa porque ocorre sob uma camada de folhagem seca que cai das árvores e é capaz de atingir a raiz das árvores. Além disso, pode comprometer os córregos, já que o fogo se alastra na mata ciliar. O porta voz dos bombeiros garantiu que os militares e os brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) permanecerão no local até cessar totalmente o incêndio. ;A operação é concentrada e não sairemos enquanto ainda houver risco.;
Chuva
A mudança do céu azul da capital para um clima nebuloso acendeu as esperanças dos brasilienses para a possibilidade das primeiras pancadas de chuva da primavera. Mas, infelizmente, o tempo indeciso ainda não deu fim ao período de seca, que hoje atinge 122 dias sem que uma gota d;água alivie os sintomas do calor do cerrado. O horizonte com nuvens foi resultado da combinação entre poeira, a fumaça dos incêndios nos arredores do Plano Piloto e uma frente fria que veio do sul de Goiás, criando um tom cinza claro no firmamento da capital.
O tempo nebuloso pegou muita gente de surpresa, e rapidamente boatos de supostas garoas invadiram as redes sociais. Durante a tarde de ontem, muitos diziam ter ouvido falar da chuva que chegou a áreas como Lago Sul, Águas Claras, SIA, Ceilândia e Núcleo Bandeirante, mas poucos desses relatos tinham algo de concreto. ;É um tempo nublado que às vezes faz parecer que está chovendo. Não descartamos a possibilidade de chuvas em pontos isolados, mas é uma possibilidade tão remota que nem estamos cogitando. É mais fácil ser miragem;, avalia Maria das Dores, meteorologista do Instituto de Meteorologia (Inmet). De acordo com o Inmet, as nuvens que irão dar um fim definitivo à época de seca em Brasília não devem dar sinais antes de 29 de setembro, próxima quarta-feira.