Cidades

Diretor de escola de Brasília representa a capital nos Estados Unidos

Diretores de escolas públicas de 23 estados e do DF, distinguidos com o Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, embarcam para os EUA e participam de várias atividades

postado em 25/09/2010 08:34
Eles não mediram esforços. Com as equipes das escolas, arregaçaram as mangas, planejaram atividades e botaram a mão na massa para melhorar a qualidade do ensino em suas cidades. Os resultados foram comprovados por professores, alunos e comunidade. Agora é a hora do reconhecimento nacional (e internacional). Em 3 de outubro próximo, 24 diretores de escolas públicas de 23 estados e do Distrito Federal que se destacaram pelo trabalho embarcam para os Estados Unidos rumo a um intercâmbio de experiências escolares bem-sucedidas. Eles foram selecionados entre 2.391 instituições de todos os estados brasileiros, com exceção de Amapá, Piauí e Pará, que não tiveram nenhuminscritos.

A viagem é parte do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar ; Ano-base 2009, evento instituído por meio de parceria entre Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Fundação Roberto Marinho. Apoiam a iniciativa a Embaixada dos Estados Unidos, o Movimento Todos pela Educação, o Instituto Razão Social, a Gerdau, o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e o Gol Grupo, de editoras.

Até 6 de novembro, os diretores premiados participarão de uma série de atividades. A cidade de Washington será o primeiro destino, onde eles ficam por uma semana para o Seminário sobre gestão e liderança escolares, reunindo diretores estadunidenses, mexicanos e argentinos. Em seguida, os educadores serão divididos em grupos e cada um visitará um estado diferente ; Carolina do Norte, Georgia, Maryland, Minnesota, Nevada, Nova Jersey, Massachusetts, Tennessee, Washington e Wisconsin. Lá serão recebidos por diretores americanos que, em agosto de 2011, viajam para o Brasil como parte do intercâmbio.

Finalistas
Na volta para casa, os 24 diretores brasileiros participam da cerimônia de entrega do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar ; Escola Destaque Brasil, prevista para 8 de novembro, no Rio de Janeiro. Seis finalistas concorrem ao prêmio de R$ 15 mil: Colégio Estadual Casa Jovem II (Igrapiúna-BA); Caic Senador Carlos Jereissati (Russas-CE); Escola Estadual Menino Jesus de Praga (Caratinga-MG); Escola Estadual Paulo Freire (Iguatemi-MS); Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa (Rondonópolis-MT) e Escola de Educação Básica Júlia Lopes de Almeida (Blumenau-SC).

Para Nilce Rosa da Costa, secretária executiva do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), as soluções de escolas rurais e urbanas para diminuir a evasão escolar, melhorar o desempenho acadêmico dos alunos e aumentar a participação de pais na escola, por exemplo, representam bem a diversidade brasileira. ;Tentamos melhorar a educação pública com esse tipo de troca de ideias e modelos, que beneficiam ambos os países;, destaca a adida cultural interina da Embaixada dos Estados Unidos, Tara Rougle. A parceria educacional entre Brasil e Estados Unidos foi firmada em 1997.

Destaque do DF
A maioria desses diretores nunca saiu do país. Esta será a primeira oportunidade de conhecer uma cultura estrangeira. É o caso de Julimar Urany Camargo, há 10 anos diretora da Escola Classe 614 de Samambaia, que tem cerca de 700 alunos, do 1; ano à 4; série. Ela não está entre as finalistas ao prêmio de R$ 15 mil, mas foi a única representante do Distrito Federal escolhida para participar do intercâmbio nos Estados Unidos. A educadora está ansiosa para a viagem. Ela tem curiosidade de saber como é a relação da comunidade americana com as escolas, como se dá a escolha do diretor e qual é a autonomia da gestão. Além disso, pretende demonstrar que é possível chegar a uma boa aprendizagem, apesar das dificuldades.

;O Brasil vai muito além do carnaval, do futebol e das mulatas. Aqui também se faz educação e se produz conhecimento;, resume. Julimar chegou à escola de Samambaia há 14 anos, como professora. Antes de assumir o comando da instituição, passou pelos cargos de assistente de direção e vice-diretora. ;Quando entrei, já percebi algumas disfunções na montagem da proposta pedagógica, como a baixa participação da comunidade, o espaço físico que não ajudava na aprendizagem e os servidores que não sentiam muito prazer em trabalhar;, lembra. Foi aí que começou a reviravolta.

Servidores e pais começaram a ter mais espaço na escola, com palestras e reuniões, para que se sentissem pertencentes à instituição. ;As questões importantes passaram a ser discutidas por meio de um conselho escolar ativo. Todos são educadores, desde a pessoa da portaria até o vigia;, defende a diretora. Quanto ao ambiente, a gestora destinou recursos para a construção de um pátio coberto, troca do piso de concreto para granitina, pintura sempre arrumada, além de instalação quadro branco, som, ventilador e armários nas salas de aula. Tudo, segundo ela, para facilitar o trabalho do professor. A escola também tem horta e pomar e um quiosque próximo às plantas para aulas em dias quentes. Julimar afirma que tudo isso contribuiu para uma melhor aprendizagem dos alunos e para que eles tivessem orgulho de onde estudam. ;Isso é resultado de um trabalho conjunto, ninguém faz nada sozinho;, ressalta.

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