postado em 28/09/2010 08:25
A entrada no Distrito Federal de produtos trazidos da China pelos comerciantes da Feira dos Importados está prestes a concretizar-se. A comissão de diretores da Associação da Feira dos Importados (Afim), que viajou em agosto para aquele país com o intuito de estabelecer um canal de compras legal, retornou e espera trazer a primeira remessa de artigos chineses para o Brasil antes do fim de 2010. Os produtos escolhidos para a compra inaugural são eletroeletrônicos ; notebooks, telefones celulares, aparelhos de som e pen-drives ;, sendo que foi selecionada uma variedade de 20 modelos. A Afim ainda não sabe especificar o número exato de bens para revenda que vai adquirir, mas estima que o valor gasto será de aproximadamente US$ 150 mil, o equivalente a R$ 257,8 mil.Os feirantes estão aguardando estudo sobre preço final e viabilidade de nacionalização(1) dos eletrônicos, encomendado à empresa de consultoria BRT Invest, que deve ficar pronto em 15 dias. Entretanto, é quase certo que vão optar pela parceria de importação com a China. Antes da visita ao país do Oriente, Panamá e Estados Unidos haviam sido cogitados para fechar negócios.
A intenção por trás da compra de produtos chineses pela Afim é criar, dentro da Feira dos Importados, uma central de revenda que beneficie os 2.098 proprietários dos boxes existentes no espaço. O projeto começou a ser concebido há cerca de dois anos, quando foi criada a Cooperativa de Produção e Compras em Comum dos Empreendedores da Feira dos Importados (Cooperfim), hoje integrada pela maioria dos feirantes ; 1.550, ao todo. A direção da feira garante que todas as taxas de alfândega relativas aos produtos serão pagas, e a adequação das mercadorias às normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), verificada. A entrada regularizada dos artigos diminuiria os gastos e os riscos corridos pelos comerciantes com viagens à cidade de São Paulo e ao Paraguai, onde são encontrados, mormente, artigos fabricados na China, muitas vezes sem procedência garantida.
Legalidade
O diretor comercial da Afim, Geraldo de Almeida Costa, afirma que resolver essa última questão, a da procedência, é o objetivo principal. ;Queremos mudar a imagem da Feira, oferecer produtos com nota fiscal, que tenham passado pelos trâmites da Receita;, destaca. Entretanto, ele diz que outros benefícios podem resultar das compras via cooperativa, como barateamento dos artigos para o consumidor final. ;Pode ser que fique mais em conta com a aquisição em bloco. Mas com todas as taxas e tributos, talvez não haja muita diferença em relação ao preço de mercado. O importante mesmo é ser tudo feito dentro da lei;, afirma.
Absalão Ferreira Calado, presidente da Afim e da Cooperfim, explica que o grupo de quatro membros da direção da Associação que foi à China ; ele próprio, Geraldo Costa; Harley Valadares e Fábio Maximiniano, respectivamente diretores financeiro e institucional ; desembarcou em Hong Kong mas visitou fábricas principalmente na cidade de Shenzen, polo da indústria tecnológica há pouco mais de 100 quilômetros da cidade. ;Fomos a umas 20 fábricas e estamos com negociação entabulada com oito;, conta ele, destacando que o escritório da BRT Invest no país asiático está intermediando o diálogo. A sede da empresa de consultoria fica no Brasil.
Esse não é primeiro passo da Associação da Feira dos Importados em direção à legalidade e à mudança de imagem. Há alguns anos, vem ocorrendo um processo de formalização dos donos de boxes. A maioria aderiu a facilidades oferecidas por leis federais a microempresários e está recolhendo tributos. Os feirantes também compraram o terreno que ocupam, antes pertencente à Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), por R$ 47,5 milhões. Entretanto, vendedores ambulantes de CDs e DVDs falsificados e de outros produtos marcam ponto todos os dias na porta e no interior do recinto, sem que a 8; Delegacia de Polícia (Setor de Indústria e Abastecimento), responsável pela área, consiga contê-los.
1 - Exigências
Para ser nacionalizado, um produto deve atender a especificações previstas na lei brasileira destinadas a resguardar os direitos e a segurança dos consumidores. O artigo deve ser considerado adequado segundo as normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A nacionalização ocorre a partir de procedimentos burocráticos na Receita do país de destino, bem como da alfândega, durante o descarregamento e entrega.
O número
R$ 257,7 mil - Estimativa do valor total da primeira aquisição de produtos chineses diretamente pelos comerciantes