postado em 29/09/2010 08:00
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrenta dificuldades para coletar os dados do Censo 2010 no DF. Nas áreas do Plano Piloto, dos lagos Sul e Norte e do Park Way, os recenseadores nem sempre encontram os moradores em casa. Quando são recebidos, precisam convencer as pessoas a responderem as perguntas. O deslocamento nessas regiões também é problemático. As casas ficam afastadas umas das outras e eles trabalham a pé. Nos prédios, é preciso pedir a autorização do síndico para pesquisar.A remuneração não é fixa, depende de quantas pessoas e de domicílios que o pesquisador visitar. Por esses motivos, falta gente para trabalhar. Apesar das complicações, o IBGE informa que a conclusão do Censo não sofrerá atrasos no DF. Na última segunda-feira, o instituto divulgou levantamento preliminar sobre os dados coletados. Houve diminuição do número de pessoas por domicílio na capital. Eram 3,75 em cada residência em 2000 e hoje são 3,35, em média. A pesquisa também revelou que há pelo menos 140 pessoas com mais de 100 anos no DF.
O Censo começou em 1; de agosto e vai até 31 de outubro. Em maio, o IBGE fez concurso para recenseador. Eram 2.820 mil vagas. Para ser candidato, era preciso ter mais de 21 anos, ensino médio completo e estar em dia com o alistamento militar e com a Justiça Eleitoral. Atualmente, há 2 mil recenseadores em ação. Aproximadamente 81% da população ; o que equivale a mais de 2,1 milhões de pessoas ; já responderam à pesquisa. Os agentes do Censo estiveram em 629.497 residências. A intenção é cobrir 100% do DF. Os impasses para pesquisar em áreas de classe A e B surpreendem o IBGE.
;É onde está a população mais escolarizada. É importante que abram as portas de suas casas para os recenseadores. Eles usam um colete com a marca do IBGE, boné, crachá com foto e número de matrícula. Nós disponibilizamos também, para os prédios, um cartaz com a foto do funcionário. Não há por que tanta resistência;, avaliou a coordenadora operacional do Censo 2010 no DF, Verônica Magalhães. Os dados do IBGE são sigilosos e usados apenas na elaboração de estatísticas. ;Não cruzamos informações com nenhum outro órgão;, lembra a coordenadora do serviço.
Os funcionários que aplicam o questionário carregam um computador portátil, desenvolvido especialmente para essa atividade, o Personal Digital Assistant. Um programa escolhe o tipo de questionário a ser aplicado. Um deles tem 37 perguntas e o outro, 108. ;Mas nem sempre todas precisam ser respondidas, depende do rumo que a entrevista tomar;, explicou a coordenadora. Apenas uma pessoa da família pode responder em nome de todos. A validade da entrevista é confirmada com uma assinatura na tela do próprio computador, com o uso de uma caneta especial. O morador também pode receber uma segunda visita, a de um supervisor do Censo, que, em alguns casos, vai confirmar as informações.
Obstáculos
O DF é dividido em setores no mapeamento do IBGE. São mais de 4 mil etapas, cada uma com 200 a 300 domicílios. Em um dia, o entrevistador deve concluir, pelo menos, 10 questionários. Cada recenseador é responsável por um ou mais setores. Atualmente, 29% da coleta estão em andamento e 6% ainda nem começaram. O restante está concluído.
;Há uma lei que prevê a obrigatoriedade de responder, mas ninguém respeita. A Lei Federal n; 5.534 de 1968 estipula multa de até 10 salários mínimos para quem se negar a contribuir com o Censo;, lembra a recenseadora Antonia Edneuda Vaz, 44 anos.
A ausência de benefícios é um dos motivos da falta de quem se habilite a aplicar os questionários. ;Não temos remuneração fixa. Só recebemos quando completamos uma região. Então, se fica faltando uma casa, o salário não vem;, reclamou Antonia.
Eles não recebem passagem ou auxílio-alimentação. Em média, é possível ganhar até R$ 1 mil com o trabalho. Os questionários trazem perguntas sobre educação, saúde e muito mais. ;O Censo é o retrato da população. Um povo que se conhece só tem a ganhar com isso;, destaca Verônica. É possível também responder às perguntas por meio da internet ; mas somente depois de receber a visita do recenseador.