Cidades

Tragédias por falta de leito em UTI são recorrentes

postado em 12/10/2010 08:00
Drama vivido pela família de Gabriel Alves Xavier, de 2 anos e meio, que morreu à espera de uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) tem batido à porta de outras que dependem da rede pública de saúde do Distrito Federal. Para a família do aposentado Euclesino Gonçalves Martins, 73 anos, a ausência do atendimento intensivo contribuiu para a morte do patriarca, há uma semana. Euclesino sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), em 30 último. Durante três dias, ficou acomodado num box de emergência no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Ao ser submetido ao tratamento medicamentoso, o aposentado apresentou melhoras significativas. "Mas, de repente, pegou uma pneumonia e piorou. O médico falou que o caso era grave e que ele precisaria ser internado com urgência", relata o genro Walter Guedes Lopes da Silva, 28 anos, vigilante.

Como não havia vaga no hospital público, os filhos do aposentado recorreram à Justiça para garantir a internação em um unidade particular, uma vez que não tinham condições financeira para arcar com as despesas do serviço privado. "Mas não conseguimos a tempo. Meu pai teve uma parada cardíaca e morreu. O hospital não tinha condições de recebê-lo. É um desrespeito", lamenta Noel Gonçalves Martins, 44 anos, agente operacional.

A assistente administrativa Juliana Viana Sousa, 24 anos, viveu uma situação bem parecida. A avó dela, Franquilina Xavier da Silva, 67 anos, deu entrada no Hospital de Base também no dia 30 do mês passado, após sofrer um derrame cerebral. "Lá o risco de contaminação por causa da bactéria (KPC) era muito grande. Ainda assim, em nenhum momento internaram ela na UTI", relata a neta. "Recorremos a hospitais particulares e todos alegaram que não havia vaga, quando souberam que o paciente era do SUS ( Sistema Único de Saúde). Corri atrás de resolver o problema judicialmente."

Juliana conta que conseguiu uma liminar garantindo um leito em uma instituição privada, mas houve descumprimento por parte do hospital. "O juiz então intimou a Secretaria de Saúde para que resolvesse o assunto. Meia hora depois que saiu a decisão, minha avó morreu."

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