Cidades

Brasília está livre dos tremores

Segundo o Observatório Sismológico da UnB, um novo fenômeno, com a magnitude do registrado na última sexta-feira, deve demorar centenas de anos para voltar a ocorrer na região. Moradores de Mara Rosa pensam em deixar o município

Naira Trindade
postado em 12/10/2010 08:11
O analista de sinais Daniel Caixeta diz que um novo tremor em Mara Rosa não deve ser sentido em BrasíliaOs moradores de Brasília provavelmente não vão mais sentir os tremores de Mara Rosa (GO). Depois do abalo sísmico de sexta-feira, que atingiu a magnitude de 5,0 pontos na escala Richter, a tendência é de que não haja outros epicentros maiores ou de mesmo impacto por centenas de anos. ;Quando há uma falha (nas placas tectônicas), essa falha acumula esforços. Esses esforços fazem com que a terra se mova. Não se sabe por quanto tempo a terra vai demorar para acumular novamente esforços para se mover com essa magnitude. Isso pode levar mil anos;, observa o analista de sinais sênior do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), Daniel Caixeta.

Possíveis réplicas do terremoto registrado há quatro dias, às 17h17, ao norte de Goiás, são monitoradas por especialistas. O epicentro foi o mais forte já sentido na região. ;Até 3,5 ou 4 pontos na escala Richter, Brasília não sente. O sistema de alerta e monitoramento observa os dados de hora em hora para ver se houve outro tremor. Mas até agora nada foi registrado;, explicou o pesquisador da UnB. ;Se acontecer algo amanhã, por exemplo, será sentido em Mara Rosa. A possibilidade (de os brasilienses perceberem) é muito baixa. Depois da ocorrência de um sismo de magnitude maior, a tendência é que ocorram outros menores, pouco perceptíveis para a população;, esclareceu.

Uma equipe com três pesquisadores e professores da UnB investiga as causas do terremoto que trouxe pânico aos cerca de 12 mil habitantes da pacata cidade goiana, distante 330km do Distrito Federal. O relatório com o histórico da região, os aspectos sísmicos, e com explicação sobre sismicidade deve ser anunciado amanhã, no Observatório. ;Geralmente a terra se comporta de forma padronizada. Antes de haver um sismo de magnitude maior, acontece um menor. Se pensarmos que esse foi o maior, pode não haver outro;, contrapõe o chefe do Observatório Sismológico da UnB, Lucas Vieira de Barros.

Medo
No município goiano, o abalo sísmico espalhou tensão entre os moradores. Com medo de dormir à noite, algumas pessoas começaram a cogitar a troca de endereço e abandonar o interior goiano. A ambientalista e jornalista Vanda Boaventura, 55 anos, está preocupada com a imagem negativa que o fenômeno pode associar à cidade . ;Mara Rosa é um município muito rico e foi um importante núcleo minerador de ouro do Brasil no século 18. As pessoas estão muito apreensivas com o que aconteceu. Houve gente dizendo que não sentia mais segurança para entrar em casa, e que queria se mudar;, descreveu.

Defensora do meio ambiente, Boaventura alerta que a comunidade necessita de projetos de conscientização sobre terremotos e sobre medidas de proteção durante eventuais abalos sísmicos. ;É preciso fazer algum trabalho de orientação com os moradores. As pessoas poderiam ter mais preparo, o que evitaria pânico;, acredita.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação