Cidades

Garoto de 13 anos encanta com o dom de fazer pinturas de rosto

postado em 13/10/2010 08:24
Ele tem o dom de brincar com as cores. Azul, amarelo, lilás, vermelho, verde; tanto faz. É da tinta com cheiro de tutti-frutti que Fabrício Nicácio de Souza, 13 anos, encontra um jeito de se reinventar como criança. Com ajuda de um pincel, o menino faz pinturas infantis e transforma traços de borboletas, flores e bichinhos em verdadeiras obras de arte. Os desenhos mais simples ficam prontos em questão de 30 segundos. A habilidade de Fabrício fez uma professora inscrevê-lo no programa Domingão do Faustão, da Rede Globo, no quadro Se vira nos 30. Segundo o pai do artista, Francisco Nicácio Pereira, 34 anos, o garoto, embora selecionado para participar do programa, não foi chamado porque não havia concorrente com habilidade similar para desafiá-lo.

Fabrício mora com os pais e com a irmã Fernanda Nicácio, de 11 anos, em Formosa (GO), distante 84km do Plano Piloto. O menino aprendeu a fazer pintura de rosto quanto tinha apenas oito anos, ao observar o trabalho do pai, que é palhaço há 22. ;Eu sempre pintei. Teve um dia que ele chegou e perguntou: ;Papai, posso fazer também?;. Pensei que ia sair um monte de rabiscos, mas de repente ele começou a pintar e fez o desenho, do nada. O que eu demorei três anos para fazer, ele fez em um minuto;, lembrou Francisco, o pai. A alegria de pintar era tanta que Fabrício passou a acompanhar o pai no eventos infantis, como festas de aniversário, comemorações de escola e de empresas. ;Ver que a criança ficou alegre com a pintura que eu fiz no rostinho dela me deixa muito feliz;, contou o pequeno artista à reportagem do Correio.

O tempo passou e já faz cinco anos que Fabrício pinta gente da mesma faixa etária. O menino timidamente aperfeiçoou a técnica é já é um sucesso entre a molecada. Principalmente entre as meninas. De cabelos lisos, moreno, olhos cor de mel e sorriso de deixar qualquer mocinha de queixo caído, o que não falta para Fabrício são voluntárias. ;Tem umas que pintam uma vez e daqui a uns minutos voltam pedindo para ele fazer mais um;, brincou o pai, que acompanha de perto o filho. Em média, por evento, ele ;faz arte; no rosto de 150 pessoas.

A pintura se tornou um ofício para Fabrício ; o que, para ele, é motivo de prazer. O jovem artista está na 8; série e, com o dinheiro que ganha, ainda consegue pagar o colégio particular dele e da irmã. Os dois também são crianças propaganda da escola, na qual têm acompanhamento com psicólogo, reforço literário, além de aulas de natação e futebol, entre outras atividades esportivas. Fazer pintura de rosto em semana de prova? Nem pensar. Nesse período, as crianças passam o tempo todo na escola e em casa, estudando. As atividades artísticas só são permitidas pelos pais da dupla nos fins de semana, ou, algumas vezes, no turno em que não tem aulas. Fabrício e a irmã nunca perderam um ano letivo.

Família de artistas
A pedido do Correio, na semana passada, Fabrício, a irmã e os pais fizeram uma demonstração do trabalho artístico no setor de Diversões Norte, em frente ao Conjunto Nacional. A pequena Vitória Tamires, de 3 anos, foi uma das primeiras a deixar o garoto desenhar uma borboleta em seu rosto. Ela passeava com a mãe, a dona de casa Ligia Pereira, 25 anos, quando viu Fabrício vestido de palhaço e se encantou. Vitória sentou no banquinho e, passados 30 segundos, lá estava ela com a borboleta que tanto queria. Antes de ir embora, ela ficou de olhos arregalados, espiando o artista fazer novos desenhos.

Ao se despedir, estimulada pela mãe, a menina fez questão de elogiar: ;Ele pinta muito bonito. Eu adorei!”. Ligia reforçou a opinião da filha: ;Ela ficou muito impressionada com a pintura e quis fazer. Acho que ele (Fabrício) está aprendendo uma profissão muito digna. É muito bom saber que hoje em dia ainda tem jovens que se interessam por alguma coisa legal;.

Quando crescer, Fabrício diz que quer ser médico. A irmã planeja cursar veterinária. Um cuidará de gente e o outro de bichos. A preocupação com o bem-estar
alheio parece ser mesmo um traço da família. Antes de decidir ser palhaço, Francisco trabalhava em um hipermercado em Brasília, mas decidiu abandonar o estresse e ganhar a vida arrancando sorrisos dos pequenos. ;É muito bom trabalhar com a inocência;, disse ele.

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