postado em 14/10/2010 08:00
A inadimplência da pessoa física recuou no Distrito Federal em setembro, em um movimento tradicional do período que sinaliza a preparação do consumidor para o período de compras de Natal. De acordo com dados divulgados pela Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF), que administra o cadastro local do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC), o índice de pessoas com o nome negativado foi de 4,9% em agosto para 4,8% no último mês. Na avaliação da CDL, os meses seguintes devem ser de queda mais acentuada. Nos meses de junho e julho, o indicador estava em um patamar de 5,1%. "Todos os anos, no último trimestre, existe esta corrida para limpar o nome. Estamos esperando queda de pelo menos 0,4 ponto percentual para outubro;, afirma Geraldo Araújo, vice-presidente da CDL-DF . "Tivemos um aumento na procura de informações no balcão do SPC em setembro de 5%. Isso é muito bom e mostra que as pessoas estão negociando seus débitos", acrescenta Araújo.
No último mês , 136.450 moradores do DF tiveram o nome incluído no Serviço de Proteção ao Crédito e 130.201 pessoas foram excluídas do cadastro de inadimplentes. Entre os que entraram na lista SPC em setembro, 55,1% são mulheres ; sempre em maior número entre os devedores ; e 44,9%, homens.
De acordo com Geraldo Araújo, não são apenas os consumidores que desejam voltar a ter direito ao crédito nesta época do ano. "Muitas empresas têm interesse em reabilitar o nome de alguns de seus clientes, a fim de vender mais na data festiva", declara. Segundo ele, é comum lojas fazerem contato oferecendo facilidades para resgates de débitos pequenos.
O consultor de varejo Alexandre Ayres, da empresa Neocom, afirma que a prática por parte do comércio de fato acontece, contribuindo para reduzir a inadimplência nos meses finais do ano. "Os principais varejistas recorrem a seu banco de dados e empreendem ações para que, antes do fim do ano, clientes menos problemáticos resolvam pequenas pendências. A intenção é aumentar a base de clientes com nome habilitado a comprar para o Natal", explica.
Educação financeira
Para Ayres, brasilienses e brasileiros estão aprendendo aos poucos a lidar melhor com a grande quantidade de crédito liberada por instituições financeiras e varejo. "O consumidor está passando por uma etapa de aprendizado, porque nunca houve tanto crédito quanto agora. Ele, por conta própria, começa a se educar para usar aquele benefício. As pessoas jurídicas, de sua parte, também estão fazendo um esforço. Hoje, toda página de banco na internet tem uma seção que ensina a tomar empréstimo com responsabilidade", analisa ele, acrescentando que a população está fugindo ao pagamento de juros de cartão e cheque especial e dando preferência a linhas de crédito mais inteligentes.
A dona de casa Maria Creuza Oliveira, 53 anos, e o filho dela, o cabeleireiro Cassiano de Oliveira, 22, dizem estar aprendendo a ser mais criteriosos. Cassiano, que está comprando um carro a prestações, foi ontem ao balcão do SPC consultar o valor de algumas parcelas em atraso. ;Temos condições de quitar, e quero me livrar dessa situação;, disse. Para ele, há excesso de facilidades de crédito nos dias atuais. ;É cartão de crédito, cartão de loja, muita coisa. Você vai pegando e se perde;, comenta. Ele e a mãe contam que um dos motivos que leva a família a querer quitar a dívida é uma viagem que está sendo planejada para o fim deste ano.