postado em 15/10/2010 08:00
A falta de segurança tem tirado o sossego dos frequentadores do Parque da Cidade. Desde a suspensão do serviço de vigilância motorizado, em 2 de setembro, aumentaram os casos de furtos e roubos na maior área verde do Plano Piloto. E não há previsão da retomada da ronda feita por homens armados em carros, mais conhecidos como Joaninhas, por causa dos desenhos na lataria do veículo, que imitam o inseto.O contrato com a empresa que realizava o serviço, a Brasília Segurança, venceu há mais de um ano. A cada dois anos, ele precisava ser renovado por meio de licitação. A firma já estava no parque havia cinco anos. A burocracia travava a contratação de uma nova empresa, pois o edital da concorrência pública demorou a ser feito. O jeito, segundo o administrador do Parque da Cidade, Rivaldo Sérgio Carvalho de Paiva, foi realizar dois contratos emergenciais com a mesma empresa com vigência de seis meses cada. Porém, ambos expiraram. ;Demorou para ser aberta a licitação. Quando isso ocorreu, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) suspendeu a concorrência;, alegou.
A assessoria de comunicação do TCDF, no entanto, garantiu que a licitação não foi suspensa. Tanto é que a concorrência seguiu e a vencedora foi a Brasforte Empresa de Segurança. Porém, o contrato pode ser cancelado se o TCDF considerar verdadeiras as denúncias de irregularidades na licitação, que teria favorecido a Brasforte. Os advogados da Brasília Segurança entraram com o pedido de cancelamento da licitação. Mas não há decisão ainda, segundo o TCDF.
O administrador do parque nega que tenha uma vencedora para realizar o serviço. ;A Brasforte, que foi contratada pela Secretaria de Planejamento, apenas cedeu 40 vigilantes para cá, em caráter provisório;, disse. Porém, no quadro da firma não há pessoal motorizado para fazer as rondas. A Brasília Segurança tinha cinco carros e três motos. Além disso, havia postos de segurança espalhados pelo parque e 64 homens que se revezavam em turnos de 12 horas.
Suspeitos
Os frequentadores do parque pagam pela falta de acordo. Os ciclistas são o alvos preferido dos bandidos. ;A gente fica com medo sim de assalto;, comentou o operador de caixa registradora de supermercado Tiago Pereira, 26, morador de Ceilândia. Ele tem razão. A falta das Joaninhas facilita a ação de criminosos, como na tarde de quarta-feira. O enfermeiro Ivan Rodrigues Rocha, 35 anos, aproveitou a folga para levar os filhos ao Parque da Cidade. Após um passeio ciclístico, os três decidiram descansar próximo à área dos pedalinhos. Por volta das 17h40, três homens se aproximaram. Ao perceber a movimentação, o morador da 103 Sul chamou os filhos e saiu, levando apenas a bicicleta dele.
Mas não adiantou abandonar as bicicletas dos filhos. Os três suspeitos seguiram a família. Eles só não levaram a bicicleta de Ivan porque outros cliclistas passavam pelo local e socorreram o enfermeiro e os filhos, espantando os suspeitos, que fugiram. ;Eles estavam interessados na minha bicicleta, que custa R$ 4 mil;, acredita Ivan. Ele procurou a Administração do Parque da Cidade. Uma funcionária informou apenas que o serviço de segurança motorizada estava suspenso. Após isso, Ivan retornou e buscou as bicicletas dos filhos. O pai promete não voltar ao parque enquanto não houver reforço na segurança. ;Se fosse eu sozinho, tudo bem. Mas tem os meus filhos;, argumentou.