A queda do dólar e uma aparente estabilidade da moeda americana têm provocado uma corrida dos brasilienses às casas de câmbio e às agências de viagens, em busca de pacotes internacionais. Alheios à conjuntura econômica que envolve o sobe e desce da moeda norte-americana, muitos querem saber é de aproveitar o momento para consumir. O dólar turismo tem atingido os menores índices dos últimos dois anos, com valores semelhantes aos anteriores à crise econômica mundial que estourou no fim de 2008.
Depois de várias quedas consecutivas nas últimas semanas, o governo federal resolveu agir. O Banco Central (BC) fez dois leilões de compra da moeda norte-americana e conseguiu provocar uma subida pontual da cotação. Mas a tendência é que o valor não sofra alterações bruscas daqui para frente. Analistas acreditam que até o fim deste ano o dólar se manterá no intervalo entre R$ 1,70 e R$ 1,80: prato cheio para quem quer viajar pelo mundo.
As previsões animam, sobretudo, o mercado de turismo. As casas de câmbio pegam carona e festejam as notícias publicadas sobre a variação do dólar. Desde o início deste mês, há filas quase todos os dias em frente a uma casa de compra, venda e troca de moedas estrangeiras, no Brasília Shopping. O movimento aumenta na hora do almoço e no fim da tarde.
O bancário Marco de Almeida, 25 anos, está de viagem marcada com a mulher para o Chile. Foi só ouvir falar em dólar mais baixo que ele aderiu à possibilidade de comprar a moeda para trocar por peso chileno no país onde passará as férias. "Ainda não estou tão seguro de que foi uma boa. Chegando lá, vou ver. É sempre um risco", avaliou ele, que se espantou com a fila na casa de câmbio.
No próximo sábado, a analista ambiental Michelle Silva, 36 anos, embarcará para a Ásia, a trabalho. O dinheiro que usará durante os 10 dias de visita já estava comprado com antecedência. Mas aí o dólar baixou e ela se viu tentada a levar um pouco mais da moeda americana no bolso. "As coisas lá são mais baratas. Vou aproveitar a moeda em conta para fazer compras pessoais", contou.
O movimento dos últimos dias ajudou a empresa a superar a meta de crescimento para este ano. Por questão de estratégia, Gasparian não revela nem mesmo os percentuais previstos, mas sustenta que o volume de aquisição de moedas não para de crescer. "A gente sente perfeitamente a relação da queda do dólar com o aumento da procura;, reforçou.
Na Confidence Câmbio, que tem sete unidades em Brasília, o movimento este mês supera as expectativas. "Muita gente juntou economias para aproveitar o preço mais baixo. Outubro é um período bom de vendas, mas este está surpreendendo", contou o diretor regional da empresa, Artur Schutte. Segundo ele, a Confidence está preparada para atender a demanda, sem risco de faltar dólar.
O professor do Ibmec em Brasília Wenersamy Ramos de Alcântara, especialista em investimentos e finanças corporativas, avalia que o movimento nas casas de câmbio reflete a demanda aquecida no varejo como um todo. "A economia já vai muito bem. O cenário está muito positivo. Nesse sentido, a taxa de câmbio serve para estimular ainda mais o consumo", afirmou.
Turismo
A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) é que as vendas de pacotes de viagem para o exterior cresçam entre 15% e 20% em 2010, em todo o país. Para 2011, a expectativa é avançar 20%. A queda do dólar, aliada às facilidades de pagamento, com parcelamentos que chegam
a até 10 vezes sem juros, puxa o crescimento.