postado em 23/10/2010 08:00
Um dos principais carros-chefes do crescimento econômico atual, a construção civil fechou o primeiro semestre de 2010 com os índices de emprego em alta em sete unidades da Federação, entre elas o Distrito Federal. Brasília e sua região metropolitana criaram 10 mil vagas no setor entre os seis primeiros meses de 2009 e o mesmo período de 2010, atingindo um total de 67 mil postos de trabalho e incremento de 17,5% na quantidade de ocupados, comparando-se os dois períodos. O patamar só ficou atrás do atingido por Fortaleza, onde o número de vagas aumentou 30,5%, com 25 mil novas ocupações (veja quadro). Os dados sobre o desempenho do emprego na construção civil fazem parte do Boletim Trabalho e Construção, divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
;O Distrito Federal tem acompanhado tendência positiva verificada em todas as regiões. Os resultados refletem um movimento de bastante aquecimento da economia, que tem fomentado um dinamismo no setor. De outro lado, uma série de medidas governamentais, tais como a isenção do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) sobre os materiais de construção; o programa Minha Casa, Minha Vida; e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) também jogam a favor do segmento. São estímulos que vêm desde a crise (econômica);, destaca Tiago Oliveira, economista do Dieese e um dos responsáveis pela pesquisa.
João Mathias de Souza Filho, presidente da Comissão de Relações Trabalhistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), diz que os dados divulgados pelo Dieese mostram o bom momento do setor e da economia, mas destaca a carência de mão de obra qualificada vivida por empresários do segmento em todo o país. ;Há sim uma demanda muito grande, a construção tem lugares para serem ocupados, e paradoxalmente se depara com uma situação de desemprego. É uma aberração em uma economia aquecida;, comenta ele, que apela para a necessidade de escolas técnicas. ;Discutiu-se muito isso nessa eleição. Deveria ser trazido à realidade;.
Além de crescimento do emprego, o levantamento do Dieese apontou alta de 23,1% do número de assalariados do setor no Distrito Federal entre o primeiro semestre de 2009 e igual intervalo de tempo em 2010. Isso sinaliza que houve diminuição na quantidade de trabalhadores por conta própria no segmento, mas não necessariamente da informalidade. Segundo cálculos da entidade, aproximadamente 50% das pessoas ocupadas na construção no DF trabalham sem carteira assinada.
O moldador Wederson Alves, 26 anos, é um exemplo de trabalhador tanto sem qualificação, quanto sem acesso ao emprego formal. Ele foi contratado recentemente, em janeiro deste ano, em caráter experimental por uma empreiteira do DF. Só três meses depois, teve a carteira assinada. Antes disso, havia trabalhado por três anos como pedreiro autônomo, ofício ensinado por seu pai. ;Me botaram de auxiliar de pedreiro porque eu não tinha qualificação e nunca tinha trabalhado fichado. Mas logo precisaram de moldador e a empresa pagou o curso para mim;, conta.
Eu acho...
;Acredito que o mercado vai melhorar nos próximos anos, com as obras para a Copa de 2014. Vou fazer faculdade de engenharia no ano que vem, porque pretendo crescer dentro do ramo.;
Clayton da Silva, 25 anos, comprador de empreiteira
;A construção civil não tem como parar. Você vai, faz uma casa, e volta ali para reformar. O governo está fazendo investimentos e vai continuar a investir. O momento é muito bom.;
Maxsuel Araújo Silva, 22 anos, auxiliar de compras de empreiteira.