postado em 27/10/2010 07:43
A bactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) pode ter feito sua 19; morte no Distrito Federal, onde há confirmação oficial de 183 pessoas contaminadas. O aposentado Nelson Neris de Barros, 78 anos, morreu domingo, no Hospital de Base de Brasília. Segundo familiares, ele teve complicações após ser infectado pela superbactéria. O homem havia sido internado na unidade de saúde há dois meses para ser submetido a uma cirurgia no coração.Os parentes do aposentado afirmam que sempre temeram a internação dele em um hospital da rede pública. ;Não era a nossa vontade que ele fosse para lá (o Hospital de Base). Defendíamos a internação em um hospital particular. A filha dele tentou muito, mas Nelson era teimoso, não quis mudar de ideia. Achou que fosse dar tudo certo;, conta o irmão Odálio Neris de Barros, 70 anos, também aposentado.
Segundo Odálio, a intervenção cirúrgica foi realizada com sucesso e Nelson se recuperava bem. ;Mas, pouco tempo depois, os médicos informaram que ele havia contraído a superbactéria;, conta. O paciente foi transferido para um ambiente isolado e, afirma o irmão, havia um aviso na porta informando que a KPC tinha sido diagnosticada em Nelson. ;Ele só piorou depois disso;, lembra o irmão do paciente. Após a confirmação da infecção, Odálio reduziu as visitas ao irmão, por medo de ser contaminado.
Odálio ressalta que os médicos do Hospital de Base abordaram corretamente a família em relação ao caso. ;Acredito que lá existem bons profissionais. O problema é que o Hospital de Base está em estado de calamidade. Por isso havia tanta resistência da família para o tratamento dele lá;, observa o aposentado. Nelson não resistiu e morreu às 11h30 de domingo. ;Meu irmão passou dois meses e dois dias internado no hospital. Acreditamos que ele morreu por causa da KPC;, comenta Odálio. O corpo de Nelson foi velado e enterrado na segunda-feira, no Cemitério de Taguatinga.
Sob investigação
A infectologista do Hospital de Base Maria de Lourdes Worisch Ferreira Lopes, afirma que ainda não é possível confirmar se a morte do paciente foi causada ou não pela KPC. Ela criticou a forma como o número de mortes relacionadas à superbactéria vem sendo divulgado. ;É muito superficial. Os casos de óbito em pacientes colonizados ou infectados pela KPC têm que ser analisados caso a caso pelos médicos atendentes com os infectologistas para determinar a causa da morte, o que é um processo longo;, argumenta.
Segundo Maria de Lourdes Lopes, as causas da morte de Nelson de Barros serão investigadas ;inclusive por motivos epidemiológicos;. Mas ela fez questão de frisar que pessoas que contraem a superbactéria já estão em um quadro de saúde grave. ;A situação de pacientes em estado grave ou portadores de doenças crônicas pode se complicar com a KPC porque há menos opções de antibióticos.;