Cidades

Cresce o número de ocorrências registrando motoristas sob ação de álcool

Luiz Calcagno
postado em 28/10/2010 07:57
O brasiliense está ignorando a proibição de beber e dirigir. A média diária de condutores flagrados dirigindo sob o efeito de álcool aumentou 45,51% este ano em relação a 2009 (veja arte). Segundo o Detran, em média, 27,9 motoristas por dia são pegos desrespeitando a Lei Federal 11.705/08, a lei seca. Isso representa mais de uma autuação a cada hora. Na contramão do crescimento das infrações, a quantidade de agentes é cada dia menor. Em 2006, quando houve a última contratação, o órgão tinha mais de 360 funcionários, número que diminuiu para 291 este ano, por conta de aposentadorias e mudanças de emprego.

A média diária de autuações cresce ainda mais em relação a anos anteriores. Se comparado com 2008, 2010 teve um aumento de 49,51%. Em comparação a 2005, o índice salta para 3.641%. Para o diretor de Segurança de Trânsito do DF, Silvain Fonseca, parte desses números pode ser atribuída ao endurecimento da legislação e à intensificação da fiscalização. Além disso, ele ressalta que, com mais autuações, o número de acidentes diminui a cada ano. ;Em 2009, por exemplo, reduzimos o número de mortes em 2%. Esse é o nosso principal propósito, reduzir o número de mortes e de feridos.;

O diretor estima que, dos 8.116 motoristas alcoolizados flagrados em 2010, cerca de 55% se recusaram a fazer o teste do bafômetro, mas foram autuados mesmo assim ; nos casos em que o agente de trânsito constatou que o motorista estava sob efeito de álcool. ;O auto de constatação de dirigir sob influência de álcool está previsto na Resolução n; 206/2006 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Hoje, 95% das autuações que fazemos são antes de os condutores se envolverem em acidentes;, informou.

Confira o infográficoImpunidade
Dos 8,1 mil condutores flagrados este ano, cerca de 2,2 mil foram presos. ;O brasiliense acredita que o que não está em foco na mídia não está acontecendo. Ele perde o medo. Muita gente está até bebendo mais perto de casa, e essas pessoas também estão sendo surpreendidas. Também estamos com ações voltadas só para motociclistas. Aqui no DF temos a cultura da abordagem. Com ações voltadas para a lei seca, para o uso do cinto, contra o celular e o excesso de velocidade, trabalhamos para essa queda (de ocorrências);, explicou.

Outro desrespeito que vem crescendo é a falta de uso de segurança para o motorista ou para os passageiros. A média diária de 2010 é 34,79% maior que em 2009. Para se ter uma ideia, até o último dia 20, o número de autuações foi de 41.357, enquanto em todo o ano passado o índice apurado chegou a 33.598. O professor de psicologia da Universidade de Brasília Hartmut Günther acredita que, pelo menos parcialmente, há uma sensação de impunidade no ar. ;As pessoas não são obrigadas a usar bafômetro, por exemplo. Também temos um candidato dizendo que vai abolir as multas de trânsito. Essa percepção de impunidade é um problema nacional;, concluiu.

Para a promotora da Vara de Delitos de Trânsito do Ministério Público Laura Beatriz Castelo Branco, falta investimento na educação dos motoristas. Ela acredita que os brasilienses estão cada vez mais imprudentes no trânsito, embora a fiscalização no DF, a seu ver, seja uma das melhores do país. ;O trânsito tem que ser uma prioridade de governo. A lei sem fiscalização, educação e punição não funciona. É um tripé. Sem essas três condições bem elaboradas, não conseguimos um resultado satisfatório. A meta final é reduzir a mortalidade;, concluiu.

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