Cidades

Moradores da quadra onde rapaz foi morto reclamam da falta de segurança

Luiz Calcagno
postado em 29/10/2010 09:23
Flor deixada ao lado da mancha de sangue na 413 Sul: homenagemUm dia após o assassinato do estudante de educação física Pedro dos Santos Soares Pereira, 26 anos, o latrocínio (roubo com morte) era um dos assuntos mais comentados entre os moradores da 413 Sul. De manhã, o estacionamento ainda estava sujo de sangue. Uma máscara de respiração artificial ficou abandonada ao lado de uma flor, que foi deixada no local do crime. Abordados para repercutir o fato, moradores reclamaram da falta de segurança na quadra. Não foi difícil encontrar alguém com uma história pessoal de roubo para contar.

A estudante Natália Triacca, 17 anos, afirma que o irmão já foi assaltado e que até presenciou um sequestro relâmpago na 412 Sul, quadra vizinha. ;A segurança aqui é muito ruim, ao lado do Iesb há uma boca de fumo. À noite, eu quase não vejo a polícia circulando;, diz. O aposentado Manoel Ninaut também tem histórias para contar. Segundo ele, assalto a ônibus e roubos de veículos são constantes e ele testemunhou a ação de pelo menos dois bandidos que levaram veículos dos estacionamentos da quadra. ;Em uma das vezes ainda falei para o ladrão fechar a porta do carro. Só desconfiei quando vi o homem pegar uma pessoa suspeita;, lembra.

Saulo Santiago, presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Brasília, conta que a falta de segurança nas quadras 400 são como ;uma tradição;. Segundo ele, como a maioria dos blocos só têm um zelador, e não possuem monitoramento, nem portarias ou revezamento de funcionários e vigilantes, à noite a região fica propícia à ação de marginais. ;As quadras são alvos de arrastões. O marginal vem pelas 600 ou pelos pontos de ônibus das 200. São comuns arrastões, portarias arrombadas e assaltos a motoristas desatentos;, destaca.

[SAIBAMAIS]Ainda de acordo com Saulo, um policiamento dividido em grupos de cerca de oito agentes, com um carro e duas motos, poderia atender de quatro em quatro quadras, o que seria uma solução para a região. Além disso, os síndicos também teriam que investir na segurança dos prédios. Ele comentou o crime ocorrido na noite de terça-feira. ;Foram jovens infratores, abaixo da maioridade penal, capitaneados por um adulto, que geralmente induz os bandidos mais jovens. Esses moço que foi a óbito não era da quadra. Foi deixar a namorada. Se ele fosse de lá, teria maior cuidado;, supõe.

Polícia minimiza
Para as polícias Civil e Militar, no entanto, a criminalidade no local não é alarmante. Segundo números da PM, a área das 400 teve 5 roubos nos últimos dois meses, enquanto outras quadras nas 900, por exemplo, tiveram cerca de 15. O comandante do 1; Batalhão, coronel Lima e Silva, afirma que o policiamento no local é reforçado. ;Temos um posto comunitário na 416 que cobre aquela área. Eles patrulham as quadras e há o reforço pelo policiamento ordinário. É a região que apresenta o menor índice da área do 1; Batalhão, com criminalidade quase 50% menor que outras áreas;, diz.

O coronel também ressalta que os menores que praticaram o latrocínio foram presos em seguida por uma guarnição da PM. ;O latrocínio só ocorreu porque a vítima reagiu. Os indivíduos realizaram outro roubo na parada de ônibus. Eles foram para o interior da quadra e viram o casal. Eles queriam o carro para fugir;, afirma. O delegado da 1; Delegacia de Polícia, Watson Warmling, também diz que as ocorrências na 413 não são muitas. ;Geralmente os crimes ocorrem em paradas de ônibus. São eventuais. Também ocorrem algumas tentativas de roubo de veículo. Uma sequência de roubos como foi e um latrocínio são fatos isolados;, declara.

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