Cidades

Combater a violência e o uso de drogas estão entre desafios de Agnelo

postado em 07/11/2010 09:02

O universitário Marcos Antônio Werneck, morador de Ceilândia, lamenta que muitos amigos tenham se perdido no consumo de drogas: mais educaçãoSe depender das necessidades e dos anseios da população, o governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), terá muito trabalho pela frente quando assumir a chefia do Palácio do Buriti. Nas cidades onde recebeu mais votos, o petista terá de lidar com a segurança precária nas ruas e com o crescimento do tráfico de drogas. Em desacordo com a escolha da maioria, os moradores de Samambaia e do Recanto das Emas ; únicas regiões em que o ex-ministro do Esporte perdeu para Weslian Roriz (PSC); cobram melhorias para a saúde pública e pedem soluções para a falta de moradia.

Na 11; Zona Eleitoral, que engloba o Cruzeiro, o Sudoeste, a Octogonal e áreas próximas, a esperança de que o petista pode melhorar a cidade foi depositada nas urnas. No segundo turno, as seções da região foram as que registraram a maior vantagem de Agnelo (veja arte). Quase 37 mil pessoas apostaram em um governo do PT para os próximos quatro anos, contra 9 mil que escolheram a ex-primeira-dama Weslian Roriz (PSC). Com medo, grande parte dos eleitores vive em condomínios e prédios e não economizam quando o assunto é investimento em segurança. No Cruzeiro Novo, por exemplo, a maioria dos síndicos optou por cercar os edifícios para garantir mais proteção. Mesmo sob a acusação de desrespeito ao tombamento da capital e brigas na Justiça, as grades continuam lá.

Os assaltos e as ameaças de sequestro nos estacionamentos das quadras preocupam a população. A dona de casa Sandra Nunes, 33 anos, mora em um edifício com os pilotis fechados por barras de ferro, nas imediações do Terminal Rodoviário do Cruzeiro Novo. ;As grades dificultam a aproximação de pessoas suspeitas;, justifica. Ao lado do bloco onde ela mora, há um playground infantil abandonado. ;Nos fins de semana, os adolescentes bebem e usam drogas. É difícil ver policiais passando pelo local;, denuncia.

O abandono dos parquinhos deixa as crianças do local sem ter onde brincar. ;Tenho que levar meus filhos até o Sudoeste;, explica. ;A areia fica cheia de cacos de vidro e os marginais ocupam todo o espaço.; O futuro governador apresentou durante a campanha propostas para melhorar a atuação da PM e disse que pretende implantar um sistema de monitoramento, com o auxílio de câmeras, das cidades.

Falta de equipamento
Além de alternativas para a segurança, Agnelo também precisará resolver os gargalos da saúde pública. O ex-ministro disparou na votação em Ceilândia, e conquistou 156 mil eleitores distribuídos nas quatro zonas eleitorais da cidade. A oponente somou pouco mais de 75 mil votos.

A comunidade reclama do atendimento no hospital regional. A autônoma Evanete Bispo dos Santos, 42 anos, espera há dois anos pela realização de uma mamografia. ;No começo do ano, consegui uma vaga, mas não deu para fazer o exame porque faltavam equipamentos.; O encarregado de obras Valdomiro Xavier, 47, sofre com uma ferida crônica e, quando precisa fazer curativos, vai a Brazlândia. ;Muitas vezes, o posto perto de casa não tem esparadrapo;, conta.

A promessa da próxima gestão do DF é garantir a assistência integral à mulher em todas as etapas da vida. Para os casos como o de Evanete, que precisa se prevenir contra o câncer de mama, Agnelo prometeu priorizar os serviços de diagnóstico e tratamento.

O investimento em projetos educacionais também é esperado pelos moradores do DF, que encaram as iniciativas como instrumentos poderosos no combate às drogas. O universitário Marcos Antônio Werneck, 24 anos, viu muitos amigos perderem as perspectivas de vida quando passaram a consumir entorpecentes. ;O governo precisa investir em educação e lazer para ocupar os jovens e retirá-los dos caminhos da criminalidade. Aqui, o poder aquisitivo é baixo. Às vezes, uma pessoa não tem dinheiro para comprar uma roupa que deseja e acaba decidindo roubar. Com noções de cidadania, essa cultura vai mudar;, aposta. Marcos Antônio utiliza os equipamentos de ginástica instalados na quadra onde mora. ;Nem todos têm força de vontade. Os programas sociais ajudam a disciplinar.;


Grande expectativa
O futuro governador ganhou em 19 das 21 zonas eleitorais do DF. Por uma diferença acirrada, a oponente de Agnelo Queiroz venceu em apenas duas cidades, ambas criadas pelo marido, Joaquim Roriz. Na 13; Zona, que compreende a maioria das quadras de Samambaia, Weslian Roriz teve quase 33 mil votos, contra 31,5 mil do adversário. Na 21;, que engloba o Recanto das Emas e o restante de Samambaia, a ex-primeira-dama ganhou a preferência de 32 mil votantes, enquanto o petista levou 29,7 mil dos votos.

As demandas de Samambaia passam por uma variada lista de serviços públicos. A autonôma Eliziane Santos da Silva, 31 anos, perdeu as contas de quantas vezes foi ao hospital regional da cidade e, por falta de profissionais, teve de peregrinar por centros médicos de todo o DF. Ela também reclama da qualidade do transporte público e das poucas oportunidades de trabalho na região. ;É uma luta conseguir um ônibus para a W3 Sul;, revela. ;O governo poderia incentivar a instalação de indústrias e comércio em Samambaia. Aqui tem espaço para isso;, observa.

Lote
Mesmo que tenha surgido como uma solução para abrigar pessoas que não possuíam moradia, boa parte da atual população da região administrativa também clama por uma oportunidade de conquistar a casa própria. A dona de casa Edjane Albuquerque, 31 anos, mora de favor na casa da sogra. Ela, o marido e os três filhos ocupam um único cômodo do imóvel. ;Espero há três anos ser contemplada com um lote. Em Samambaia, não consigo nem vagas em creches para os meninos. Enquanto isso, me viro do jeito que dá;, explica. Entre outras coisas, Agnelo prometeu viabilizar 100 mil moradias com infraestrutura para famílias de baixo poder aquisitivo e universalizar o atendimento em creches para crianças de até 3 anos. (LT)

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