Ana Maria Campos
postado em 09/11/2010 08:06
Começou ontem oficialmente uma nova batalha quase tão dura quanto a eleitoral: a partilha dos cargos do Governo do Distrito Federal. Com uma base ampla, formada por 13 partidos políticos, o governador eleito, Agnelo Queiroz (PT), já assegurou que todos os aliados serão representados na nova estrutura de poder. O problema é acomodar tantos interesses, a começar pelas demandas do próprio partido, formado por mais de 15 tendências. A base política sabe que alguns cargos são da cota do chefe do Executivo e não estão sob negociação. É o caso das secretarias de Governo, de Saúde, da chefia de gabinete e da Secretaria de Transparência, que ainda deverá ser criada.O médico Rafael Aguiar, um dos mais próximos auxiliares de Agnelo no Ministério do Esporte e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), deve ocupar uma dessas funções, a depender da costura política feita pelo novo governador. Na equipe de transição, ele terá papel fundamental na elaboração de um diagnóstico sobre os problemas a combater na seara da Saúde, considerada prioritária para o governador, que também é médico e já se comprometeu a tomar conta pessoalmente da área. Mas o nome do secretário de Saúde ainda depende de muitos debates. A nomeação de Rafael tem prós e contras na visão de Agnelo.
Rafael Aguiar é uma pessoa de confiança estrita, mas a proximidade pode provocar desvantagens, como o risco de desgastes na eventualidade de surgirem dificuldades, o que provavelmente ocorrerá, em especial nos primeiros meses. Nas próximas semanas, Agnelo deverá promover várias reuniões para montar o quebra-cabeça. A expectativa é de que haja muito embate até que o novo governo esteja configurado, dias antes do Natal. A data provável para o anúncio da equipe em bloco é 20 de dezembro.
Cabo de guerra
Respeitados os cargos que deverão ser escolhidos diretamente por Agnelo, os demais serão disputados num cabo de guerra. Presidências e diretorias de empresas como a Terracap, a Novacap, a Caesb e a CEB, que administram orçamentos milionários e mantêm altos salários para integrantes do núcleo de combate, são alvo de intensa cobiça. Peemedebistas aguardam indicações para essas áreas. O vice-governador eleito, Tadeu Filippelli (PMDB), deve ficar responsável pela escolha de alguns representantes na área de obras, mas também há interesse na provável da Secretaria da Copa de 2014. A criação da pasta ainda não é ponto pacífico, mas há defensores da ideia. O órgão teria duração temporária e coordenaria todas as obras relacionadas à adequação da cidade para sediar o campeonato mundial de futebol.
Esse deve ser um ponto de embate entre PT e PMDB. Entre petistas, há uma avaliação de que Agnelo poderia nomear para este posto o distrital Paulo Tadeu (PT), segundo mais votado nas eleições para deputado federal. O PT também está de olho na Secretaria de Educação, pela relação que o partido tem com o Sindicato dos Professores (Sinpro). O deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) espera ter influência na Secretaria de Cultura, área com a qual sempre manteve vínculo.
Uma das definições importantes será o papel do vice-governador eleito, Tadeu Filippelli. Ele poderá ser apenas o substituto imediato de Agnelo em caso de ausências ou ter um papel de destaque em algum cargo estratégico, como Paulo Octávio exerceu como secretário de Desenvolvimento Econômico no governo de José Roberto Arruda. ;Ainda vamos discutir isso;, disse Filippelli. ;Todas as reuniões começam agora;, acrescentou.
Outro ponto de interesse que entra nas negociações entre os aliados é a Presidência da Câmara Legislativa. Formada por cinco deputados distritais, a bancada do PT tem força para impor um nome, mas alguns petistas, como Arlete Sampaio e Chico Leite, enfrentam resistência fora do partido. Um dos que saem em vantagem é Cabo Patrício (PT), que, além de aliado de primeira hora de Agnelo, tem boa relação com os deputados de outras legendas.
MANÉ GARRINCHA
Um dos assuntos a serem resolvidos pelo novo governador será a fonte de financiamento para a reforma do Estádio Mané Garrincha, que deverá custar R$ 1 bilhão. Na semana passada, o Conselho de Administração da Terracap suspendeu convênio com a Novacap para transferência de recursos para a obra, por recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. A expectativa é de que seja criado um fundo de repasses de verbas para o empreendimento fundamental da Copa de 2014 na cidade.