Cidades

Arrecadação chega a R$ 6,3 bilhões nos primeiros nove meses deste ano

Os primeiros nove meses de 2010 acumulam alta de 13,3% em relação a igual período de 2009. A contribuição das pequenas e das microempresas cresceu 38,2%

postado em 09/11/2010 08:42
Nos primeiros nove meses de 2010, o governo do Distrito Federal arrecadou R$ 6,3 bilhões com impostos, dívida ativa, multas e juros. O montante representa um aumento nominal de 13,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Descontada a inflação dos últimos 12 meses, o salto na arrecadação tributária entre janeiro e setembro foi de 8%, segundo dados da Secretaria de Fazenda obtidos com exclusividade pelo Correio. Em meio à discussão em torno do deficit orçamentário para o próximo governo, os números mostram que a arrecadação não parou de crescer.

No mês passado, o secretário de Planejamento do DF, o auditor e funcionário de carreira José Itamar Feitosa, foi à Câmara Legislativa e apresentou à Comissão de Orçamento e Finanças um balanço com a receita e as despesas do governo ao longo deste ano e uma previsão para 2011. Preocupado, avisou aos deputados distritais que, caso a arrecadação não superasse o deficit calculado em
R$ 800 milhões, os cofres públicos chegariam ao fim do ano no vermelho. Por conta disso, o governador Rogério Rosso mandou toda a equipe cortar despesas.

O secretário de Fazenda, André Clemente, na semana passada, disse que, ;pelo andar da carruagem;, a arrecadação atual seria suficiente para superar o deficit, contrariando as previsões do companheiro do Planejamento e do governador. Ontem, Clemente evitou falar sobre o assunto. Diante da divulgação dos números oficiais mais recentes, o secretário adjunto de Fazenda, Adriano Sanches, reforçou o discurso do chefe da pasta: ;A julgar pelo crescimento da arrecadação nos últimos meses e da previsão para o fim do ano, o deficit será, sim, superado.;

Até dezembro, para manter as contas em dia, o governo espera acumular uma receita tributária de pelo menos R$ 8,1 bilhões, segundo o secretário de Planejamento. Em setembro, essa soma estava em R$ 6,2 bilhões. ;Com certeza, vamos ultrapassar a meta com folga;, afirmou Sanches. Os dados sobre a arrecadação estavam sendo preservados para serem analisados com cuidado pela equipe de transição. A ordem de Rosso era não divulgar os números antes de o ano acabar. A divulgação ao Correio ontem chegou a provocar um mal-estar no GDF.

Adriano Sanches lembrou que, até dezembro, com o aquecimento do comércio, a tendência é que a arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) avance significativamente. O ICMS ; um dos principais termômetros de qualquer economia ; representava, em setembro, 52,3% do total equivalente aos tributos de competência do GDF. Todos os produtos que circulam por uma localidade recebem o peso desse imposto, cujo percentual está embutido no preço final ao consumidor. As alíquotas variam, no DF, de 4% a 25%.

Para justificar os cofres mais gordos, Sanches exaltou o combate à sonegação fiscal. Segundo ele, pelo menos uma vez por mês a Secretaria de Fazenda coordena uma ação nas principais vias de acesso a capital federal para inibir o crime. ;Além disso, a informatização do sistema permitiu um cruzamento de informações mais eficiente;, completou o secretário adjunto. Ele avalia que o programa Nota Legal incentivou a emissão dos cupons fiscais e também ajudou a aumentar a arrecadação de ICMS e do Imposto sobre Serviços (ISS), que cresceu 10,8% frente a 2009.

Simples
No quadro ao qual o Correio teve acesso, o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) aparece como o segundo tributo que mais contribuiu para o montante que entrou nos cofres públicos nos primeiros nove meses do ano. A arrecadação com o Simples Nacional, imposto associado a pequenas e microempresas, aumentou 38,2% na comparação com 2009 e foi a que mais cresceu no período. Apesar disso, manteve uma participação pequena no total arrecadado: 2,2%. O Simples unifica tributos federais e locais. A adesão a ele é facultativa por parte dos empresários.

O segundo e o terceiro impostos que mais avançaram ante 2009 refletem o boom do mercado imobiliário no DF. O Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis ou Doação de Bens e Direitos (ITCD) variaram 16,3% e 33,3%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. Somados, resultaram em uma arrecadação de cerca de R$ 166 milhões.

Até setembro, o GDF também arrecadou mais com o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) em relação ao ano passado. O primeiro teve um aumento nominal de 2,9% e o segundo, de 10,3%. O secretário adjunto de Fazenda disse que é preciso esperar o fim do ano para avaliar se as variações positivas estão relacionadas, por exemplo, a um índice menor de inadimplência. ;Muita gente costuma usar o 13; salário para quitar essas dívidas;, contou Sanches.


ESTÍMULO
O programa, coordenado pela Secretaria de Fazenda, oferece desconto no IPVA ou no IPTU para quem pede para inserir o CPF na nota fiscal durante as compras. O Nota Legal distribuiu, até junho, R$ 7,7 milhões, para mais de 1 milhão de participantes.


PALAVRA DE ESPECIALISTA
Resultado é uma tendência
;O aumento nos valores arrecadados reflete o próprio crescimento da economia, no DF e em todo o Brasil. É uma tendência. Outro fato é que o sistema de arrecadação está muito bem aparelhado. Então, são dois pontos: avanço econômico e eficiência da máquina pública. Entretanto, o mais importante de tudo isso não são os números em si. O que interessa é saber qual é a destinação desses tributos. O Distrito Federal não tem muito o que comemorar em relação aos serviços públicos básicos (saúde, educação e segurança). Pelo contrário. Se a arrecadação aumenta, é preciso um esforço muito maior por parte do governo para que esses recursos sejam bem aplicados, de maneira transparente;.

José Matias Pereira, professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), especialista em finanças públicas

Os primeiros nove meses de 2010 acumulam alta de 13,3% em relação a igual período de 2009. A contribuição das pequenas e das microempresas cresceu 38,2%

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação