Cidades

Prédios no Cruzeiro Novo são usados de base para asiáticos contrabandistas

postado em 11/11/2010 08:00
Chineses têm alugado ou comprado apartamentos no Cruzeiro Novo para expandir a pirataria em Brasília. Nos prédios residenciais, os asiáticos moram espremidos com conterrâneos e ainda estocam as mercadorias falsificadas. Tantos os produtos quanto os chineses chegam à capital brasileira por meio de um esquema criminoso, que envolve documentos fraudados, extorsão, ameaça e lavagem de dinheiro. O Correio denunciou o fenômeno há um ano.

A ofensiva da máfia chinesa faz parte de uma conexão além-fronteiras, conforme o revelado por meio de série de reportagens. Chineses são recrutados por escritórios no país de origem, que distribuem vistos falsos para a permanência no Brasil. A maioria é jovem, vem de Cantão (sul da China), tem de 18 a 25 anos e escolaridade equivalente ao primeiro grau. Cada viagem custa ao agenciador US$ 10 mil (cerca de R$ 19,7 mil), pagos pelo imigrante ilegal com o trabalho escravo e até a obrigação de ameaçar comerciantes da colônia, como ocorre frequentemente em São Paulo, onde os assassinatos entre orientais se tornaram frequentes.

Na paraguaia Ciudad del Este, o entreposto muambeiro na fronteira com Foz do Iguaçu (PR), os chineses recebem as instruções e apoio para entrar no Brasil. Quando atravessam os limites entre os dois países sul-americanos, se dividem entre Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na capital do país, as mercadorias ilegais, também vindas do Paraguai, chegam em vans e carros nas madrugadas. A distribuição é rápida para não chamar a atenção da polícia e da vizinhança do Cruzeiro Novo.

O conjunto de prédios residenciais do Cruzeiro Novo é o mais próximo da Feira dos Importados, onde metade das 2,1 mil bancas vende mercadoria contrabandeada ou falsificada, de acordo com a Receita Federal. Atraindo cerca de 50 mil consumidores semanalmente, o centro comercial brasiliense tornou-se o segundo maior ponto de venda de produtos piratas do país. Perde apenas para a Rua 25 de Março, em São Paulo, base da máfia chinesa no Brasil.

Do Cruzeiro Novo ao centro comercial são apenas 500m, sem grandes obstáculos. Os asiáticos precisam apenas atravessar a passarela sobre a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) para chegar à Feira dos Importados. De terça-feira a domingo, fazem a travessia em pequenos grupos, antes das 9h e após as 18h ; quando abre e fecha a feira, que não funciona às segundas.

Ocupando espaço
Para ficar ainda mais perto das suas bancas e dos consumidores, os chineses também procuram as salas dos pequenos prédios comerciais do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), onde fica a Feira dos Importados. Os imóveis que deveriam ser destinados a escritórios ou lojas viram moradia de criminosos e depósito de mercadorias pirateadas. Fazem o que fizeram em Ciudad del Este, no Paraguai. Na divisa com o Brasil e a Argentina, Ciudad del Este é responsável por metade do Produto Interno Bruto (PIB) paraguaio e terceira maior zona de comércio franca do mundo (após Miami e Hong Kong). De lá sai parte dos produtos piratas fabricados em países asiáticos e vendidos no Brasil. Para a máfia chinesa igualar Brasília a Ciudad del Este, o próximo passo será a abertura de negócios legais, como fizeram no Paraguai e em São Paulo, onde compraram lojas e postos de gasolina para lavar o dinheiro do crime.

Denuncie
; Pela internet, você pode conferir se comprou ou ganhou um produto pirata e denunciar a prática.

O Conselho Nacional de Combate à Pirataria mantém o endereço . Outro site é o

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