Cidades

Moradores do Bloco C ficam perplexos com a confissão do ex-porteiro

postado em 17/11/2010 08:06
O porteiro Marcos teria tido um desentendimento com Leonardo, o acusado do triplo homicídio, que está presoO ex-porteiro do Edifício Leme, Leonardo Campos Alves, 44 anos, foi descrito pelos moradores da 113 Sul como uma boa pessoa, amiga e fora de qualquer suspeitas. No começo da tarde de ontem, alguns nem sequer sabiam que Leo, como eles o chamavam, poderia estar envolvido no triplo homicídio. Muitos se mostraram chocados com a possibilidade de o profissional, que trabalhou no Bloco C por cerca de 15 anos, ter confessado a autoria do crime e estar preso.

;Nunca desconfiei dele. Minha relação era ;bom-dia, boa- tarde;, mas, realmente, não fiquei sabendo de nada que o comprometesse. Ele, inclusive, era amigo de todos. Não tenho conhecimento de desentendimentos com quaisquer pessoas;, revelou o servidor público Guilherme Nery, 50 anos, que vive há oito na 113 Sul. ;Ele era uma pessoa idônea, tranquila. Mas, por estar trabalhando há muito tempo na portaria, acredito que pudesse estar acomodado. Isso pode ter levado à sua demissão. De qualquer forma, além dele, outras pessoas do corpo de funcionários foram mandadas embora na mesma época;, ressaltou.

De acordo com representantes do condomínio, que preferiram não se identificar, Leonardo teria sido demitido há um ano e meio. ;O condomínio recebeu várias reclamações com relação ao comportamento dele. Muita gente falava que ele já não estava mais disposto ao trabalho, ou seja, que já não atendia mais as exigências do bloco;, comentou um condômino. ;Houve uma reunião entre os condôminos e foi decidido, por unanimidade, por mandá-lo embora. Ele foi pego de surpresa, não esperava, mas assinou tudo direitinho;, completou.

Seis meses antes do assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, Leonardo teria se desentendido com um outro porteiro do Bloco C. Marcos, como o homem se identificou ao Correio, continua trabalhando no local e, em um primeiro momento, negou conhecer o ex-porteiro.

;Trabalho aqui há dois anos apenas, não cheguei a conhecer essa pessoa;, disse o porteiro. Questionado pela segunda vez , ele mudou o discurso. ;Trabalho aqui há um ano, não cheguei a conhecer, como já disse.; Foi somente na terceira tentativa da imprensa que Marcos confirmou a história, dizendo ter esclarecido o ocorrido na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), onde uma ocorrência estaria registrada. Durante um desentendimento, Leonardo teria puxado uma faca para Marcos. ;Não tinha muito contato com ele, só o trivial de serviço. Se ele fez alguma coisa, ele tem que pagar, eu tô tranquilo;, finalizou Marcos.

O delegado-adjunto da 1; DP, Cleidiomar Mendes, não confirmou o registro de ocorrência envolvendo o atual e o ex-porteiro do Edifício Leme. Segundo ele, informações relacionadas ao assassinato dos Villela só poderiam ser dadas por policiais da 8; Delegacia de Polícia (SIA).

Desvio
Outra história levantada por moradores refere-se à possibilidade de Leonardo ter desviado dinheiro do caixa do condomínio. ;Estou surpreso com essa história. Aliás, acho que não só eu como todos do condomínio. Ele conhecia muita gente aqui. Trabalhou muitos anos;, afirmou o médico Edno Guimarães, também morador do Bloco C. ;Já ouvi falar de desentendimentos dele com algumas pessoas, mas não posso confirmar;, arrematou.

De acordo com o jornalista Guilherme Alves, 21 anos, morador do prédio, Leonardo costumava brincar com as crianças do bloco e conversar com os moradores. Um dos ex-síndicos do edifício, que preferiu não se identificar, disse que o ex-porteiro e o atual síndico não se davam bem. ;Já ouvi falar que o Leonardo desviava dinheiro do bloco, mas ele era uma pessoa inteligente. Não acredito que ele fez isso.;

História
Conhecidos do ex-porteiro disseram que ele nasceu no Maranhão, mas cresceu em Montalvânia, em Minas Gerais, cidade a 640km de Brasília. Na cidade mineira ele também teria se casado e tido três filhos.

Eu acho...
;Não sabia que ele tinha sido preso. Eu já morei aqui e tenho quatro pessoas da minha família no bloco. Já ouvi algumas histórias sobre o Leonardo. Tanto de ele ter tido problemas com o síndico, como dele ter desviado dinheiro do condomínio. É claro que, depois de saber disso, que ele pode ter matado, fico com medo.;

Jamil Yusuf, 48 anos, comerciante e ex-morador do Bloco C na 113 Sul, que morou no prédio durante 14 anos

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação