Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial
postado em 19/11/2010 07:29
A Polícia Civil do DF quer transferir para a capital federal Paulo Santana, que está preso em Montalvânia (MG), mas ainda não obteve autorização da Justiça. Ontem à tarde, o delegado Aluízio Mesquita, chefe do 11; Departamento da Polícia Civil mineira, disse que, como Paulo cumpre prisão preventiva no município, por ter cometido um latrocínio na cidade, em qualquer circunstância, só poderá deixar o município mediante ordem judicial. ;Tudo vai depender de um contato de um juiz ou juíza de Brasília com a Justiça de Montalvânia;, afirmou. Atualmente, a comarca da cidade mineira está vaga, sendo atendida por uma juíza substituta de Manga, uma localidade vizinha distante 60km.O delegado Aluízio Mesquita lembrou ainda que nos casos em que uma pessoa está presa em determinado estado e responde também por crimes cometidos em outro, é de praxe que o seu deslocamento seja feito somente mediante autorização judicial, para facilitar o andamento processual. ;Existindo a autorização judicial, o preso poderá ir a Brasília, participar de audiências e oitivas (depoimentos) lá e depois retornar a Montalvânia;, afirmou. Questionado sobre uma transferência definitiva do detento para uma prisão do Distrito Federal, ele ressaltou que isso também depende de autorização da Justiça.
Parentesco
Leonardo Alves, o ex-porteiro do Bloco C da 113 Sul, considera Paulo como seu sobrinho. Mas, segundo a polícia, o parentesco de Paulinho, como é tratado, é com a ex-mulher de Leonardo, cujo primeiro nome é Dalila. Ela também mora em Montalvânia. Paulo Santana está preso preventivamente na cidade mineira desde 14 de julho deste ano, depois de ter cometido um latrocínio. De acordo com a Polícia Civil de Minas, ele matou a pedradas um cozinheiro de uma empreiteira que fazia as obras de recuperação da estrada de terra na região para roubar o salário do trabalhador. Mas a vítima, segundo depoimento do tio de Paulinho, foi assassinada por ter falado na cidade que adquiriu de Leonardo um brinco que teria pertencido à família Villela. A Polícia Civil procura por essa peça. Das joias levadas da casa do ex-ministro do TSE só teriam sobrado o brinco e uma filigrana de ouro.
A delegada Deborah Menezes, da 8; DP(SIA), responsável pela prisão de Leonardo, disse que tentou, via Justiça, trazer Paulo a Brasília, mas o Judiciário ainda não deu autorização porque o caso está sendo investigado oficialmente pela Coordenção dos Crimes Contra a Vida (Corvida).
PACOTE DE DINHEIRO
Duvidando da versão do sobrinho sobre o triplo homicídio em Brasília, Neilor da Mota ainda ouviu dele que havia participado do crime ;com uma turma;, mas não poderia dar os nomes. Paulinho não deu mais detalhes, porém, em seguida, tirou do bolso um pacote de dinheiro. Acreditando que ali deveria ter uns R$ 2 mil, Neilor ressaltou que seria necessário mais dinheiro para vender seu restaurante. ;Paulinho disse que conseguiria o restante com Leornado (Campos Alves), pois os dois eram sócios;, completou o tio. Neilor falou ao sobrinho que, assim, Leonardo também deveria participar da negociação. Dias depois, o rapaz reapareceu respondendo que o ex-porteiro não se interessava pelo restaurante porque não dava conta de tocar outro comércio.
Mobília nova
Também na quarta-feira, depôs na delegacia de Montalvânia o dono de uma loja de eletrodomésticos e móveis da cidade. Evaldo de Oliveira Ramos, 42 anos, contou que, em março de 2009, Leonardo Alves comprou R$ 5.113 em eletrodomésticos em sua loja. Compra feita a prazo, com uma entrada de R$ 1.609, mais seis parcelas de R$ 584. Em agosto ; mês do triplo assassinato da 113 Sul ;, Leonardo apareceu querendo quitar a dívida com dólares. Mas o comerciante explicou que não poderia receber moeda estrangeira por não ter onde trocá-la no município. Em depoimento, Leonardo confessou ter roubado US$ 27 mil dos Villela. (RA)