Cidades

Antes de confessar autoria do triplo homicídio, Leonardo depôs três vezes

O ex-porteiro chegou a oferecer aos investigadores suas digitais para serem comparadas com as da cena do crime

postado em 19/11/2010 07:37
No depoimento à polícia, o ex-porteiro Leonardo Alves revelou todo o esquema de segurança de acesso ao Bloco C da 113 SulO nome do ex-porteiro do Bloco C da 113 Sul pode ser novo para a população, mas não para a polícia. Termo de declarações, ao qual o Correio teve acesso, mostra que, por três vezes, Leonardo Campos Alves, 44 anos, foi intimado para prestar esclarecimentos tanto na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), quanto na Coordenação Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida). Por todas as vezes, ele estava em Montalvânia, em Montes Claros (MG) e teve as despesas aéreas de ida e de volta custeadas pela Polícia Civil de Brasília. Foram dois depoimentos na 1; DP, sendo que o primeiro ocorreu em 22 de setembro de 2009, passados quase um mês do triplo homicídio. Leonardo compareceu novamente na unidade em 11 de novembro.

Na Corvida, o ex-porteiro foi ouvido apenas uma vez. Embora tenha se prontificado a fornecer material papiloscópico (palmares e digitais) para ser comparado com as digitais encontradas no apartamento, não foi chamado a dar novo depoimento. Leonardo nunca foi colocado como potencial suspeito pelo crime. Em todos os depoimentos, ele revelou detalhes sobre a segurança do prédio.

Indenização
No depoimento na delegacia da Asa Sul, Leonardo disse que, depois de ser demitido em abril de 2009, recebeu, entre indenização, FGTS e Seguro Desemprego, aproximadamente R$ 33 mil, tendo montado um bar e uma loja de bijuteria em Montalvânia (MG). Esses mesmos detalhes ele repetiu à imprensa, assim que chegou preso em Brasília, na última segunda-feira. Ele atribuiu sua demissão ao conflito com o porteiro Marcos Santana, que registrou ocorrência na 1; DP. Na delegacia, o porteiro acusou Leonardo de tê-lo ameaçado com uma faca.

Na mesma época, a 1; DP também ouviu um pintor, que prestava serviços ao casal Villela há muitos anos. A testemunha chegou a citar no depoimento que Leonardo fez um comentário acerca do patrimônio dos advogados. ;Certa vez, ele comentou que José Guilherme deveria ter uns 300 imóveis, isto porque apenas Leonardo teria recebido uma enorme quantidade de carnês de IPTU;, contou o pintor.

Os investigadores da 1; DP também colheram, logo depois do triplo homicídio, o depoimento de um síndico. Ele revelou que, em 2004, ocorreu um vazamento hidráulico no apartamento dos Villela, quando o casal viajava. Segundo ele, o porteiro Leonardo teria arrombado a porta do apartamento para fazer o reparo. De acordo com o síndico, o casal Villela ao saber do ocorrido teria ficado descontente e divulgado uma carta aos moradores com a reclamação.

Testemunhos
O porteiro do Bloco C da SQS113 Marcos Santana, pivô da demissão de Leonardo Alves do condomínio, esteve ontem na 8; DP (SIA) para depor. Ex-policial militar, o funcionário de 36 anos não quis falar à imprensa sobre o teor do interrogatório. Também ontem, a ex-faxineira do casal Villela Guiomar Barbosa Cunha, 71 anos, foi chamada à unidade policial. Ela repetiu o que havia dito em depoimento anterior ; apresentado em outra delegacia: disse que, no dia do crime, viu uma pessoa parecida com Leonardo Alves sair da portaria do prédio onde moravam as vítimas.

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