Enviado Especial, Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial
postado em 20/11/2010 08:00
Montalvânia (MG) ; Surgiu um novo capítulo em torno do crime da 113 Sul que pode ser decisivo para esclarecer se as mortes do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, da mulher dele e da empregada da família tiveram um mandante ou um terceiro envolvido, além dos dois autores confessos que estão presos. Ontem, um morador de Montalvânia, cidade localizada no norte de Minas, revelou à reportagem que em fevereiro do ano passado foi procurado pelo ex-porteiro Leonardo Campos Alves, 44 anos, que teria se mostrado interessado em contratá-lo para ;fazer um serviço; em Brasília, mas ele garante ter recusado a proposta.O morador de Montalvânia, que já foi ouvido pela polícia mineira, disse que não contou o fato para as autoridades locais por estar com medo de morrer e também por temer pela segurança de sua família. Ele disse que há três meses teria sido perseguido na zona rural do município. Escapou, mas, desde então, vive amedrontado e ;tomando remédio controlado para conseguir dormir;.
A suposta testemunha somente concordou em falar com a reportagem, ontem, desde que tivesse a sua identidade preservada. ;Tenho a chave de tudo. Mas estou com muito medo;, afirmou o homem, no primeiro contato com a reportagem. Ele não mostrou qualquer prova nem citou nomes, mas revelou detalhes da proposta que teria sido feita por Leonardo. Ele repetiu a mesma história diversas vezes, sem cair em contradição.
O homem afirmou que, em fevereiro de 2009 ; cerca de seis meses antes do triplo homicídio ;, viajou a Brasília para renovar a carteira de motorista. Na capital, diz ter sido procurado pelo ex-porteiro do Bloco C da 113 Sul. ;Ele me chamou e disse que tinha uma proposta para mim, que era matar uma pessoa. Eu perguntei quem era a pessoa. Ele disse que era um homem de 70 anos e falou o nome do José Guilherme;, relatou. ;Eu virei para ele e disse: ;Você está maluco. Assassinar uma pessoa dessa é a mesma coisa de matar uma criança recém-nascida.;;
Ainda de acordo com a testemunha, Leonardo teria acrescentado: ;Se fizer isso, você vai ter dinheiro para viver sossegado o resto da vida;. O morador de Montalvânia disse ainda que o ex-porteiro não revelou detalhes sobre a pessoa que queria contratá-lo, mas teria dito que era ;uma mulher que tinha interesse por herança e que não dava certo com os pais;.
Possíveis provas
Ele afirma que Leonardo chegou a levá-lo até o prédio onde trabalhava em Brasília. ;Tem as câmeras de filmagem do prédio e a documentação do Detran, que podem provar que fui lá renovar a carteira;, diz o homem. A mesma fonte revelou que, em maio deste ano, ao encontrar Leonardo em uma festa em Montalvânia, o ex-porteiro teria dito: ;Você é um otário. A pessoa que fez aquele serviço em Brasília está livre e rica;. Ele disse ter respondido: ;Mas essa riqueza eu agradeço. Não quero ela não;.
Conforme apurou a reportagem, o mesmo homem que disse ter sido procurado por Leonardo possui passagens pela polícia em Montalvânia, onde já chegou a ficar preso por porte ilegal de armas. Durante a entrevista, ao ser questionado se tinha ficha na polícia, ele admitiu que já esteve envolvidos em delitos. ;Mas não quero falar desse assunto. Minha única preocupação agora é viver bem e cuidar da minha família, sem nada errado;, afirmou.
A delegada Mabel de Faria, que comanda as investigações sobre o crime, deve ouvir a nova testemunha neste fim de semana, em Montalvânia. A delegada chega hoje à cidade mineira para tomar o depoimento de Paulo Cardoso Santana ; que está preso e confessou ter participado do triplo homicídio ao lado do ex-porteiro Leonardo ; e das demais pessoas que já foram ouvidas tanto pela polícia de Minas Gerais quanto por policiais da 8; Delegacia de Polícia, localizada no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), que efetuaram a prisão de Leonardo no início dessa semana.