Adriana Bernardes
postado em 22/11/2010 08:00
Adriana Villela, filha do casal assassinado" />A arquiteta Adriana Villela, 46 anos, está confiante de que, finalmente, o assassinato dos pais e da governanta deles será esclarecido em breve. Em entrevista ao Correio na tarde de ontem (21/11), ela afirmou que a prisão do ex-porteiro Leonardo Alves, 44 anos, e do sobrinho dele Paulo Cardoso representou um alívio, já que agora a família sabe de onde veio ;o mal que se abateu sobre nós;. Adriana demonstra total confiança nas investigações da 8; Delegacia de Polícia (SIA), responsável pela prisão dos assassinos confessos. E reage com indignação ao comentar as declarações da delegada Mabel de Faria, da Coordenação de Crimes contra a Vida (Corvida), de que ela estaria envolvida no crime.A arquiteta relata que o último ano foi difícil não somente pela tragédia familiar mas também porque passou todo esse período sem saber em quem podia confiar e teve de conviver com os olhares suspeitos sobre ela própria. ;Ainda que o crime não tenha sido totalmente esclarecido, agora a gente tem noção do que pode ter acontecido. Também deu uma aliviada naquele clima de suspeição no qual estávamos envoltos;, avalia. Sobre o fato de a delegada Mabel de Faria ter reafirmado que a polícia não tem dúvidas sobre a participação dela no crime, Adriana Villela diz assistir ;aturdida à tentativa da Corvida de sustentar essa tese inverossímil e sem fundamento;. ;Esperamos que as autoridades permitam que o crime seja esclarecido.;
Sem provas
As últimas declarações da delegada Mabel de Faria foram rebatidas pela arquiteta e pelo advogado dela, Rodrigo de Alencastro, em um e-mail. Adriana Villela garante que a polícia não tem provas de que ela esteve no apartamento dos pais entre 28 e 31 de agosto do ano passado, porque ela simplesmente não apareceu por lá nesse período. Adriana sustenta que a última visita aos pais foi na manhã de 13 de agosto, quando ela tomou café da manhã com eles, entregou um presente de aniversário a José Guilherme e pegou cheques com a mãe para pagar uma dentista. ;A doutora Mabel diz que a dentista recebeu um depósito bancário, mas existe outra (dentista), que recebeu três cheques pré-datados de R$ 250;, assegura Adriana.
De acordo com a arquiteta, o banco chegou a questionar o último cheque porque foi depositado após a morte de sua mãe, Maria Carvalho. ;Tenho cópia do cheque e da nota fiscal da dentista. Mas a Corvida não se preocupou em esclarecer este fato porque convém a ela deduzir que eu estaria mentindo. Eles escolhem as versões que favoreçam a hipótese pré-consignada que querem demonstrar, numa pesquisa pouco científica, cheia de seu próprio viés;, desabafa.
Adriana Villela nega ter brigado com a mãe uma semana antes do crime ou que tenha recebido uma ligação da filha na sexta-feira pedindo que ela telefonasse para os pais. ;Ela (filha) apenas perguntou no domingo se eu havia falado com eles, tendo em vista não terem (ainda) retornado sua ligação. Também não insisti para que a minha filha almoçasse comigo. Eu a convidei uma hora antes, pois estava na Asa Norte;, afirmou Adriana, contrapondo declarações da delegada de que ela teria se comportado de maneira diferente no dia do crime para impedir o encontro da filha com os avós.
Outro ponto que a defesa rebate é o depoimento do ex-porteiro Leonardo Campos Alves, 44 anos, à Corvida. Segundo Alencastro, ele ;apenas coletou suas impressões digitais; na delegacia especializada. De acordo com Alencastro, o depoimento de Leonardo Campos foi dado à 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), quando a então chefe da unidade, Martha Vargas, presidia o inquérito. Para Rodrigo de Alencastro, não faz nenhum sentido Adriana Villela ter insistido em seus depoimentos para que a polícia investigasse os porteiros caso estivesse envolvida na trama criminosa.
Alencastro informou ao Correio que Leonardo Campos prestou depoimento duas vezes na 1; DP, uma em 22 de setembro e outra em 9 de novembro de 2009. ;Leonardo foi ouvido ainda na 1; DP, após a prisão dos suspeitos de Vicente Pires, de forma que acabou por fundamentar as suspeição sobre eles, em vez de ser realmente averiguado. Não foi sequer investigado sobre eventual álibi;, destacou Alencastro.
Advogado quer PF
A defesa da arquiteta Adriana Villela estuda pedir a entrada da Polícia Federal (PF) no caso. O advogado Rodrigo de Alencastro explicou ao Correio que está reunindo documentos a serem entregues à Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Distrito Federal (OAB-DF), para que a entidade intervenha no caso. ;Já pedimos ajuda da OAB neste caso e isso se faz ainda mais necessário neste momento, quando fica evidente que a polícia está mergulhada numa guerra interna;, avaliou.
Esta é a segunda vez que a defesa da arquiteta pede ajuda à OAB-DF. No primeiro semestre deste ano, os advogados entregaram à entidade um documento intitulado Memorial dos filhos de José Guilherme Villela e Maria Carvalho Villela, em que denunciaram falhas na investigação. Também acusaram a polícia de ter torturado psicologicamente a filha do casal e pediram a intervenção da ordem no caso. Na época, o presidente da entidade, Francisco Caputo, chegou a cogitar a possibilidade de pedir ao governador do DF que a Polícia Federal entrasse no caso. (AB)