postado em 22/11/2010 08:00
A pouco mais de um mês para o início de um novo ciclo político na capital da República, as conversas sobre a composição de forças para o próximo ano continua intensa. Depois de uma crise que repercutiu fortemente nas eleições deste ano, cada partido e cada parlamentar procura encontrar uma linha de atuação. A maior dúvida é de como se dará a oposição ao próximo governo. Legendas como DEM, PSDB e PSC são as mais cotadas para ocupar esse espaço, mas todas sofreram nas últimas eleições e precisam resolver problemas internos. Um deles é de se desligarem dos rótulos do rorizismo e do arrudismo a fim de formarem novas identidades para chegar a 2014 com nomes capazes para enfrentar as eleições.O resultado do último pleito foi favorável ao grupo de Agnelo Queiroz (PT), que, além de faturar o GDF, formou as maiores bancadas das casas legislativas. Agora, as novas correlações passam pela distribuição de cargos da estrutura administrativa e pela formação dos blocos para a eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Nesses dois pontos, o Partido dos Trabalhadores saiu na frente. Além do Palácio do Buriti, os petistas deverão comandar a nova sede da Câmara, com o distrital Cabo Patrício (PT).
Alberto Fraga" />Para evitar possíveis rachas, eles prometem buscar um consenso entre os colegas. A base aliada elegeu 15 distritais, mas esse número pode ser modificado para mais ou para menos, a depender das circunstâncias. Para o começo de ano, alguns governistas apostam que terão o apoio de 23 dos 24 parlamentares. O único nome de fora seria o da deputada eleita Liliane Roriz (PRTB). Após a derrota dos pais, Joaquim e Weslian Roriz (ambos do PSC), na disputa majoritária, ela disse que seria a líder da oposição. Na carta enviada por Weslian após o resultado, foi prometida a formação de um grupo de enfrentamento implacável, comandado pelo ex-governador. O Correio procurou os membros da família, mas Liliane e Jaqueline estavam viajando e Roriz estava na fazenda, todos incomunicáveis.
Desgaste
O que falta aos Roriz é conversar com os demais parlamentares e convencê-los a seguirem juntos. Liliane tem ficado de fora das formações dos blocos na CLDF. O tamanho dos blocos influencia a distribuição das vagas da Mesa Diretora e das comissões da Casa. A opção mais viável para ela é se aliar a Washington Mesquita (PSDB), Celina Leão (PSC) e Olair Francisco (PTdoB), que fizeram parte da coligação rorizista e, agora, formam uma ala ;independente;. ;Ela (Liliane) não nos procurou para nenhum diálogo e tem se mantido isolada;, disse Mesquita. O maior problema para abrir as conversas está no desgaste da família com antigos aliados.
Candidatos derrotados e eleitos no último processo eleitoral se queixam do esforço que tiveram de fazer para eleger Liliane em detrimento das próprias campanhas, isso sem o devido retorno do ex-governador. Alguns se afastaram da família ainda durante as eleições. Além disso, eles se preocupam em se desvincular da imagem do rorizismo, a fim de não herdarem a rejeição do líder político. Aliás, afastar-se do passado a fim de construir uma nova história é uma preocupação do Democratas.
O deputado federal Alberto Fraga (DEM) perdeu a disputa ao Senado Federal, mas quer se tornar o principal nome da oposição, de olho em 2014. Para tanto, acredita que a legenda tem de se livrar das críticas recebidas depois da Operação Caixa de Pandora. Para ajudar nesse processo, ele se coloca na briga pela presidência regional da sigla. ;Vou tirar o partido dessa vala. Esse estigma de Mensalão do DEM tem de acabar. O governador (José Roberto Arruda) saiu do partido e o vínculo acabou;, diz.
Democracia
Segundo Fraga, uma bancada governista muito grande é ruim para a democracia, e os parlamentares do partido têm de se colocar do lado contrário. ;Esse pensamento de independência não existe. Quem não quiser seguir a linha do partido tem de procurar o seu caminho.; Por sua vez, a distrital Eliana Pedrosa (DEM) prefere não criar rótulos. ;Precisamos ter cautela. Ser contra um novo governo que diz que vai acertar o passo é ser irresponsável . Todo mundo tem de torcer para dar certo;, afirma. A deputada aguarda o retorno de Raad Massouh (DEM) para discutir a formação dos blocos. ;Estamos atrasados nas negociações, mas ainda falta muito tempo para o dia ;D; (1; de janeiro).; Raad se recupera de um acidente vascular cerebral (AVC) e retorna de licença médica na terça-feira.
Para definir o rumo da oposição no próximo ano, o presidente do DEM, Adelmir Santana, promoverá uma reunião em 8 de dezembro com membros da legenda e de outros partidos. O objetivo é discutir como se comportarão os parlamentares que não fazem parte do governo. ;Não existe mais ou menos. Ou é oposição ou não é. Nosso papel não é facilitar ou dificultar as coisas, é fiscalizar e cobrar;, afirma Celina Leão. Segundo a distrital eleita, não há proximidade entre o bloco oposicionista e o governo. ;Existe um esforço para um entendimento, mas precisamos lembrar que quase 500 mil eleitores não votaram nos candidatos do segundo turno e que precisam ser representados.;
O cientista político Octaciano Nogueira destaca que a oposição é tão importante quanto o governo. ;Ela serve para criticar os erros e evitar os abusos. Tentar anulá-la é péssimo para a sociedade e para a democracia;, avalia. Segundo o especialista, quem pretende fazer a fiscalização séria do governo não pode manter negociações ou um diálogo amistoso com ele. ;Isso é ficar em cima do muro. Oposição não tem de torcer contra nem a favor, tem de se preocupar em desempenhar um bom papel;, diz Nogueira.
NEGOCIAÇÕES INTENSAS
O bloco independente, de Celina, Washington e Olair, tem mantido conversas avançadas com outros dois deputados: Wellington (PSC) e Raad Massouh (DEM). Esse, entretanto, precisa se acertar com a colega de partido, uma vez que nenhuma legenda pode se dividir. Outro bloco em negociação adiantada é formado por PPS, PDT e PSB. Por outro lado, PTB e PMDB começaram a dialogar, mas a aproximação dos peemedebistas dos Democratas esfriou a relação. Uma possibilidade do PTB é se unir com PP, PTC e PR. O Partido dos Trabalhadores tem cinco distritais eleitos e vislumbra a possibilidade de ficar sozinho, mas também avalia a possibilidade de se coligar ao PRB ou ao PSL.