postado em 23/11/2010 08:15
A jovem flagrada ao forjar o próprio sequestro em outubro do ano passado foi condenada, pela 3; Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), a seis anos de reclusão em regime semiaberto. Antônia Jéssica Gonçalves Evangelista, 19 anos, respondia a uma denúncia do Ministério Público por exigir da mãe um pagamento de R$ 8 mil, fazendo-se passar por um sequestrador. A ex-estudante de direito foi condenada por extorsão, pois, mesmo não tendo recebido o resgate, ainda houve constrangimento da mãe. Antônia ainda pode recorrer da decisão em liberdade.Após ser detida pela polícia, menos de 24h depois do suposto desaparecimento, a jovem confessou o crime, mas alegou ter fingido estar em cativeiro para que a mãe lhe provasse seu amor, e que pretendia devolver o dinheiro assim que o recebesse. Antônia morou com a avó até os 15 anos de idade, e afirmou, em depoimento, ter uma relação muito fria com a mãe.
Apesar das justificativas da atual recepcionista, o TJDFT ignorou os objetivos e o lucro nulo da jovem com o falso sequestro. ;A extorsão é crime formal, perfazendo-se com o constrangimento imposto à vítima com o intuito de obter indevida vantagem econômica. Pouco importa a obtenção efetiva do proveito financeiro pretendido pelo agente;, disse o juiz Esdras Neves, da 3; vara do TJDFT, na decisão. Segundo o magistrado, o constrangimento psíquico causado pela acusada foi o suficiente para a determinação de sua reclusão.
A decisão ainda ressalta o sofrimento sofrido pela vítima da extorsão, que, mesmo sem ter renda compatível com o resgate exigido, pretendia fazer o que estivesse ao seu alcance para levantar o montante. A filha, porém, não demonstrou o mesmo envolvimento emocional com o constrangimento provocado pelo fingimento. ;Infere-se da prova oral colhida que a personalidade da ré é inteiramente desajustada e sua atitude em audiência deixou latente a ausência de uma réstia de arrependimento;, avalia Esdras Neves no documento. (RM)
Memória
Resgate causa desconfiança
Em19 de outubro de 2009, a mãe de Antônia Jéssica Gonçalves Evangelista recebeu uma ligação de uma suposta sequestradora, que pedia um depósito em uma conta poupança em troca da liberdade de sua filha. Como os R$ 8 mil exigidos eram um valor muito baixo para um resgate e a renda da mãe, que trabalhava como manicure, não era considerada atraente para um sequestrador, a Delegacia de Repressão a Sequestros (DRS) acreditou na possibilidade de um falso sequestro. A mãe, então, foi orientada a não pagar o resgate e a gravar qualquer conversa telefônica que tivesse com a suposta sequestradora. A medida foi o suficiente para rastrear a origem da ligação, resultando no flagrante da culpada. A recepcionista, à época estudante de direito, foi descoberta pela DRS em uma pousada da Asa Norte, com dois celulares e também com o cartão de crédito da conta em que deveria ser depositado o resgate.