Cidades

Filha do ex-porteiro colabora com a polícia em Minas Gerais

Renato Alves
postado em 25/11/2010 08:11
Brasília e Montalvânia ; Uma das principais testemunhas do caso da 113 Sul, Michelle da Conceição Alves, 26 anos, está em Montalvânia (MG) sob custódia de uma equipe da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida), de Brasília. Ela havia deixado a casa, no Recanto das Emas, para depor na unidade especializada em apuração de assassinatos, no último domingo, e não voltou nem falou mais com qualquer parente, amigo ou colega de trabalho. Até a manhã de ontem, quando, em função de reportagem publicada no Correio mostrando a angústia dos familiares que moram com ela, os policiais a mandaram telefonar para o sogro e o marido.

Michelle é filha de Leonardo Campos Alves, 44 anos, o ex-porteiro do prédio onde ocorreu o triplo assassinato. Preso 10 dias atrás, em Montalvânia, o homem chegou a confessar a autoria dos homicídios em depoimento na 8; Delegacia de Polícia (SIA). Depois, na Corvida, disse ter participado apenas como intermediário e afirmou ter agido a mando de uma mulher. Já Michelle, segundo a polícia, entregou o pai inconscientemente, após contar a um irmão preso na Papuda que desconfiava do envolvimento de Leonardo no triplo homicídio. Um ex-colega do irmão de Michelle seria o informante da 8; DP, responsável pela detenção de Leonardo. Ao sair da cadeia, ele teria contado, em depoimento na unidade do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), o que ouvira de Michelle em uma visita ao irmão na penitenciária.

Funcionária terceirizada da Novacap, onde trabalha como cortadora de grama, Michelle prestou o primeiro depoimento à polícia em 16 de novembro, um dia após a prisão do pai. O interrogatório ocorreu na 8; DP. Pouco depois, ela prestou esclarecimentos na Corvida. No domingo, foi novamente levada de casa, na Quadra 306 do Recanto das Emas, por agentes da delegacia especializada. Mas, até ontem, os parentes dela não sabiam quem eram os homens. ;Eles disseram que não era para a gente se preocupar, pois ela não devia nada. Só ia colaborar com a investigação;, contou o sogro de Michelle, um operário de 50 anos. Os desconhecidos, no entanto, não disseram quanto tempo Michelle ficaria com eles. Ela deixou o marido e as duas filhas, de 4 e 6 anos, sem qualquer notícia.

Celular desligado
Desde domingo, o celular de Michelle só dá sinal de desligado. Na manhã de ontem, ela ligou para casa de um outro número. Pouco depois, a reportagem do Correio a encontrou em Montalvânia, na companhia da equipe da Corvida. Michelle não quis dar entrevista, mas demonstrou tranquilidade ao lado dos policiais. Já a delegada Mabel de Faria afirmou que a moradora do Recanto havia ido à terra natal de forma espontânea, para colaborar com os investigadores. ;Ela pediu para vir conosco. Queria ver como estavam os familiares após a prisão do Leonardo e a repercussão do caso. Ela tem facilitado nosso acesso aos imóveis (uma casa, um bar e uma loja de bijuterias) do Leonardo, pois é filha dele;, explicou a delegada. Segundo o Ministério Público, ela teria ganhado proteção policial da Corvida, sem o conhecimento dos parentes.

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