Cidades

Programa envia professores de inglês do DF a universidades dos EUA

postado em 25/11/2010 08:41
Conhecer novas metodologias de ensino da língua inglesa, aprender outras formas de planejamento de aula, estratégias de ensino, liderança e aplicação de tecnologias em educação. Tudo isso em uma universidade americana, com direito a estágio em escolas do ensino médio dos Estados Unidos. E o melhor: sem pagar nada. O que para muitos professores de inglês é um sonho, para oito educadores da rede pública de ensino está perto de virar realidade. Com passaporte na mão e bagagem suficiente para passar quatro meses longe de casa, representantes do Distrito Federal, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, da Bahia e do Amazonas embarcam em 4 de janeiro do próximo ano para os Estados Unidos. Eles vão participar, com outros 78 professores de 16 países, do Programa Líderes Internacionais em Educação. A iniciativa é do Departamento de Estado Americano, em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), do Brasil.

Selecionados entre quase 400 inscritos, os oito sortudos se encontraram pela primeira vez na semana passada, na Embaixada dos EUA, onde resolveram questões de visto e receberam orientações sobre a viagem. A primeira parada será em Washington para uma apresentação geral, com todos os 86 participantes. Em seguida, o grupo se divide e voa para os estados de Alabama, Carolina do Sul, Ohio e Virginia. Apesar de lecionar inglês há pelo menos cinco anos, a maioria dos professores brasileiros nunca viajou para um país de língua inglesa. Alguns nem sequer haviam saído do Brasil.

É o caso de Raquel Martins Fidelis Ramos, professora do Centro Interescolar de Línguas (CIL) de Sobradinho. A relação dela com a escola é de amor. Foi lá que Raquel completou o curso de inglês e foi para lá que voltou depois de formada em letras/inglês para retribuir os conhecimentos. Agora ela está se preparando para renovar a bagagem cultural e trazer novidades aos alunos. O destino será a Universidade de Alabama, na pequena cidade de Huntsville. ;O bacana disso tudo é ver que não precisa ter muita grana e estudar em escola particular. Quero mostrar aos meus alunos que estudei no CIL igual a eles e que é possível alcançar coisas boas;, observa Raquel, que já aprendeu a fazer as unhas e cortou os cabelos para se virar melhor nos Estados Unidos.

A professora do CIL de Taguatinga Isabel Cristina de Araújo Teixeira diz que a ficha ainda não caiu direito. ;Estou muito feliz, é uma oportunidade de vivenciar uma experiência como aluno e professor. Parte do ensinar é aprender também;, comenta ela, que vai para a Clemson University, na Carolina do Sul. Em sala de aula há 11 anos, Cristina afirma que tem curiosidade de saber o que os americanos enfatizam na área educacional, como preparam os profissionais e como implantam a tecnologia em classe. ;Num país em que se sabe que o acesso à educação é tão complicado, participar de um processo assim é muito importante. Quero voltar para cá e disseminar o conhecimento entre alunos e outros professores.;

O único homem da delegação brasileira é o professor Eduardo Vasconcellos, do Colégio Estadual Joaquim de Almeida Flores (Nilópolis/RJ). Ele vai estudar na mesma universidade que Isabel. ;Fui me inscrever esperançoso, mas do sonho à realização é um passo grande. Não teria condições de bancar uma viagem assim;, pondera. A paixão pelo inglês nasceu na adolescência. As primeiras aulas começaram a ser dadas aos 16 anos. Duas décadas depois, Eduardo se vê prestes a iniciar uma etapa que vai mudar não só a sua vida, mas também a das pessoas a seu redor, como alunos carentes da rede municipal.

O programa
Implantado há três anos no Brasil, o Programa Líderes Internacionais em Educação tem como objetivo o fortalecimento do ensino do inglês no país. Com a delegação que embarca em janeiro, o total de educadores beneficiados chega a 26. Segundo a assessora cultural e coordenadora dos projetos de educação da embaixada americana, Márcia Mizuno, a ideia é trabalhar com várias ações para agilizar a formação de jovens, visando à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016 ; por isso o foco nos estados que vão receber os jogos. ;O inglês é uma ferramenta para qualquer profissional. Assim se criam mais oportunidades de emprego;, destaca.

Ao todo, quase 400 professores se inscreveram este ano. Desses, 240 tinham todos os pré-requisitos para a seleção. Após prova de proficiência em inglês, apenas 30 passaram para a fase de entrevista oral. Desses, 18 foram aprovados para a competição internacional com outros 16 países. Sobraram os oito finalistas. Além de terem aulas nas universidades, os selecionados vão observar aulas e atuar como assistentes de professores locais em escolas de ensino médio americanas.


Inscrições

Uma nova etapa de inscrições para seleção do Programa Líderes Internacionais em Educação está prevista para março de 2011. Confira os pré-requisitos para participação:

* Ser professor de inglês do ensino médio na rede pública (estadual, municipal ou federal) em um dos seguintes estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e São Paulo (estados que vão sediar jogos da Copa de 2014), além do Distrito Federal,;


; Estar atualmente trabalhando em sala de aula;

; Possuir, no mínimo, bacharelado ou licenciatura na matéria que leciona;

; Ter, no mínimo, cinco anos de experiência comprovada em sala de aula;

; Ter, no mínimo, mais cinco anos de trabalho em sala de aula (candidatos próximos da aposentadoria não serão considerados);

; Ser fluente em inglês, oral e escrito

; Ser professor das disciplinas de inglês, estudos sociais, educação cívica, matemática ou ciências;

; Ser cidadão brasileiro.

Mais informações nos sites www.embaixada-americana.org.br ou www.consed.org.br.

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