postado em 26/11/2010 08:14
Três meses depois de ir à Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) apresentar propostas e pedir votos, Agnelo Queiroz (PT) voltou ontem à entidade, como governador eleito, para reforçar o compromisso com o setor. Em discurso dirigido a lideranças empresariais, o petista disse concordar com todas as reivindicações feitas a ele e se comprometeu em contribuir para que as atividades industriais ganhem força nos próximos quatro anos. Ele prometeu diálogo constante com os representantes de sindicatos e com a direção da Fibra.Agnelo chegou com uma hora de atraso ao café da manhã, marcado para as 9h. Foi recebido no último andar da sede da entidade, no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), com muitos apertos de mão e tapas nas costas. Antes de sentar-se, cumprimentou um por um em quase todas as mesas espalhadas pelo local. Acompanhado do deputado federal eleito pela coligação petista Luiz Pitiman (PMDB) ; segundo vice-presidente da Fibra ;, o chefe do Executivo local a partir de 1; de janeiro ouviu durante 20 minutos os principais pedidos do setor.
Na lista, nenhuma novidade em relação ao que tinha escutado em 24 de agosto, quando abriu o ciclo de debates realizado pela Fibra com os principais candidatos ao Buriti. O programa apresentado a Agnelo consta na Carta da Indústria do DF, elaborada com a ajuda dos presidentes dos 10 sindicatos associados à federação. ;A partir de 2004, a indústria despertou, mas podemos avançar muito mais;, insistiu o presidente da Fibra, Antônio Rocha. Entre as propostas para impulsionar o setor, destacam-se a implantação do Parque Tecnológico Cidade Digital e a consolidação de polos industriais.
A indústria brasiliense responde, atualmente, por cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) local. A meta é alcançar, em 2015, 14,1%. ;Para isso, precisamos atrair empresas âncoras e impedir que as nossas deixem o DF;, comentou o superintendente do Serviço Social da Indústria do DF (Sesi-DF), Adonias Santiago, que conduziu a apresentação das propostas a Agnelo. Ele ressaltou a importância da construção de malhas ferroviárias ligando o DF ao restante do país e da criação de um programa de governo com regime de tributação especial para a indústria.
Durante o encontro, que durou quase duas horas, Agnelo também ouviu o que outras unidades da Federação têm feito pelo setor, principalmente nas áreas de infraestrutura e tributação. ;É a vez de o Distrito Federal fazer o dever de casa;, afirmou o governador eleito, no início de seu discurso. Ele anunciou que vai trabalhar em conjunto com a Fibra para atender às reivindicações dos empresários. ;Assino embaixo de tudo o que me foi apresentado. Vamos marchar juntos;, completou, antes de reforçar que usou as propostas da entidade em seu programa de governo.
Gargalo
Agnelo se solidarizou com os empresários quanto à falta de mão de obra especializada, um dos gargalos do desenvolvimento industrial. Ele pontuou promessas de campanha, como a construção de escolas técnicas em todas as regiões administrativas e a propagação de cursos de formação voltados principalmente para jovens de baixa renda. ;Quero priorizar a formação humana;, disse o petista. Segundo ele, com a ajuda dos empresários, será possível atingir a meta de elevar a participação no PIB para 14,1% antes de 2015. ;Faço uma intimação para que trabalhemos juntos;.
Depois do encontro, os empresários se mostravam esperançosos com o próximo governo. O presidente do Sindicato da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Elson Ribeiro e Povoa, convidou Agnelo para conhecer as propostas específicas do segmento e aproveitou para dizer que está apreensivo com a continuidade de obras públicas ; de pequeno e grande porte ; que já estão sendo tocadas. ;Sabemos que estamos perdendo muitos recursos;, comentou Povoa. O governador eleito aceitou o convite para conversar com a direção do Sinduscon.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Informação do DF (Sinfor-DF), Jeovani Ferreira Salomão, encheu Agnelo de elogios, antes de pedir a ele que faça sair do papel a Cidade Digital. O petista assumirá o governo com a primeira obra do polo tecnológico em andamento. Salomão destacou que o projeto será fundamental para a expansão da indústria de softwares e de tecnologia da informação. A Cidade Digital, a ser construída próxima à Granja do Torto, teve registro em cartório em outubro de 2009. Quando concretizada, abrigará cerca de 2 mil empresas e criará mais de 80 mil empregos.
Recém-empossado no cargo de presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do DF (Sindiveste-DF), Paulo Eduardo Montenegro não perdeu a oportunidade de chamar a atenção do governador eleito. Pediu a palavra e exaltou o segmento, que exporta peças para fora do DF e do país. As cerca de 800 fábricas de vestuário, responsáveis por cerca de 10 mil empregos, devem movimentar até o fim deste ano algo em torno de R$ 500 milhões. ;Precisamos de um cuidado especial;, disse Montenegro. Agnelo prometeu cumprir todos os pedidos. ;Vamos cobrar;, avisou Antônio Rocha.
Investimentos
Na edição de 2010 da Carta da Indústria do DF, principal documento do setor, os empresários defendem que passou da hora de os governos local e federal reconhecerem a necessidade de investimento no parque industrial da capital do país e do Entorno. O texto, concluído em agosto, sugere ações concretas para impulsionar a indústria na região, com medidas de regulação, infraestrutura e incentivos fiscais e financeiros. A carta dá continuidade ao Plano Estratégico de Desenvolvimento Industrial do DF, divulgado pela Fibra em 2006.
COMÉRCIO PEDE A LEGALIZAÇÃO DO DF
; Não foram apenas os representantes dsa indústrias que fizeram pedidos ao governador eleito do DF, Agnelo Queiroz (PT). O comércio varejista também já apresentou uma lista de reivindicações. O presidente da Federação do Comércio de Bens, Turismo e Serviços do DF, Adelmir Santana, conversou informalmente com Agnelo sobre a situação de 11,5 mil estabelecimentos que estão impossibilitados de obter alvará desde a derrubada das leis distritais que permitiam a concessão das licenças precárias ou provisórias. Santana falou com o governador eleito após decisão do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou liminar pedida GDF. ;Creio que não é mais o caso de recorrer à Justiça. Temos que legalizar o DF;, declarou. Santana propõe uma alteração na Lei Orgânica do DFl para flexibilizar a ocupação e uso do solo. ;Agnelo prometeu ajudar o setor;, garantiu o empresário.