postado em 27/11/2010 08:02
Montes Claros ; Foram ouvidos pela delegada Mabel de Faria, da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida), ontem à tarde, em Montes Claros (norte de Minas), o ourives Dorgival Celestino Ferreira, conhecido como Chopinho, e o comerciante Wellington Cardoso, o ;Guga;, que compraram joias e dólares do ex-porteiro Leonardo Campos Alves, 44 anos. Os dois prestaram depoimentos como testemunhas e nas presenças dos seus advogados. Ao sair da Delegacia Regional de Polícia Civil de Montes Claros, disseram que somente adquiriram as joias e os dólares porque Leonardo se apresentou como comerciante, não levantando nenhuma suspeita da sua participação no triplo homicídio ocorrido da 113 Sul, em agosto de 2009.Ambos reafirmaram o que tinham dito à delegada Deborah Menezes, chefe da 8; DP (Setor de Indústria e Abastecimento), no último dia 16, logo após a prisão de Leonardo, ocorrida em Montalvânia, também no norte de Minas. Com o ourives, foi recuperado um pingente, em formato de folha e banhado a ouro, que foi levado a Brasília e reconhecido pela arquiteta Adriana Villela como uma peça que era usada por sua mãe, Maria Carvalho Villela.
Por isso, a joia (uma filigrana do cerrado) é uma prova material importante para o inquérito. Com os depoimentos do ourives e do comerciante, a delegada Mabel de Faria encerrou as investigações em Minas Gerais e retorna a Brasília hoje. Na segunda-feira última, ela chegou a Montalvânia, onde permaneceu até a manhã de ontem. Nesse período, ela fez uma série de diligências e colheu mais de 25 depoimentos. Entre as pessoas ouvidas por Mabel no pequeno município está Paulo Cardoso Santana, 23 anos, apontado como comparsa do ex-porteiro Leonardo Alves, 44. Um agricultor, cuja identidade foi preservada, também foi ouvido e disse ter sido convidado por Leonardo para participar do crime, conforme revelou o Correio com exclusividade.
Após praticar o triplo homicídio, Leonardo teria vendido as joias e os dólares que roubou dos Villelas em Montes Claros entre novembro de 2009 e janeiro deste ano. Tanto o ourives como o comerciante garantem que agiram de boa-fé e que jamais imaginaram que as mercadorias e as notas da moeda americana tivessem ligação com algum crime. Informaram ainda que o ex-porteiro vendeu as joias e os dólares pelo preço da cotação do mercado à época, o que afastou mais ainda a suspeita de algo errado. ;Ele disse que era comerciante e vendeu as joias a R$ 40 a grama de ouro, que era a cotação da época;, alega Dorgival.
Ele contou ter encontrado com o ex-porteiro duas vezes. ;Estava bem vestido e informou que era comerciante. Comprei as joias dele como poderia comprar de qualquer outra pessoa honesta;, relatou Dorgival, reclamando que também trabalha no comércio e está sendo prejudicado com a divulgação do fato na imprensa. Por outro lado, não quis revelar o valor que pagou pelas joias, justificando que atende um pedido da delegada Mabel de Faria, para não prejudicar as investigações.
Queixa
A mesma reclamação é feita pelo comerciante que comprou os dólares. ;Acho que nessa história sou mais vítima do que culpado;, afirma ;Guga;. Ele disse que recebeu de Leonardo Alves em torno de U$S 5 mil, como pagamento de três compras de celulares, feita pelo ex-porteiro em duas lojas de propriedade do comerciante no ;shopping popular; de Montes Claros. Leonardo teria dito que os aparelhos seriam vendidos em Montalvânia, onde, de fato, o ex-porteiro montou uma lojinha dedicada à venda de bijuterias e celulares.
O comerciante de Montes Claros relatou ainda que foram dois funcionários de sua loja que fizeram as vendas para Leonardo. ;Eu só recebi o pagamento, que foi feito em dólares. Tive a preocupação apenas de conferir a autenticidade, para verificar se as notas não eram falsas;, conta ;Guga;.