postado em 27/11/2010 08:07
A entrada de pacientes na UTI neonatal do Hospital Regional da Asa Sul (Hras) continua com restrições. Somente os casos graves têm assistência garantida. A liberação da unidade depende da contratação de pessoal e do recebimento de materiais essenciais para os trabalhos, como sondas e tubos. Enquanto isso, aumentam os casos de contaminações. Nesta semana, bactérias multirresistentes colonizaram mais dois bebês. Ao todo, são oito isolados na UTI neonatal.Os microorganismos se instalaram na pele dos recém-nascidos, mas ainda não atingiram o sistema sanguíneo.
Os diretores do Hras ainda não têm previsão de quando uma equipe da Vigilância Sanitária visitará novamente o local para determinar se as internações na UTI neonatal serão liberadas.
A chefe do Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar do Hras, Fabiana Mendes, conta que o serviço deve demorar a voltar ao normal. ;As restrições permanecem até a regularização do abastecimento de material e à contratação de pessoal;, explica. Segundo ela, o quadro de funcionários tem carência de técnicos, enfermeiros, médicos e fisioterapeutas.
Os profissionais do Hras descobrem quais recém-nascidos serão isolados quando recebem o resultado de um exame feito todas as semanas. Na última segunda-feira, os técnicos colheram amostras de 19 bebês e, com a conclusão dos laudos, registraram os dois novos casos. Mesmo com o total de oito pacientes remanejados para áreas distantes da UTI neonatal, a hipótese de avanço das contaminações foi descartada. ;As infecções estão contidas. Os isolamentos ocorrem para resguardar os demais, mas eles não são pacientes de difícil tratamento;, analisa Fabiana.
Com o objetivo de minimizar o problema, o Hras restringiu os atendimentos até conseguir conter a proliferação das bactérias multirresistentes. Por enquanto, o hospital recebe apenas mulheres que darão à luz bebês com problemas de coração ou em outras partes do corpo. As gestantes em trabalho avançado de parto ou que correm o risco de morrer por conta de limitações de saúde também têm a vaga assegurada. Nos demais casos, os médicos encaminham as futuras mãe a outros centros médicos da rede.
Compra
As contaminações ganharam notoriedade quando o Hras contabilizou 11 mortes de bebês devido a três tipos diferentes de bactérias. Os atuais isolados do hospital, no entanto, não abrigam os mesmos microorganismos que causaram os óbitos. ;Apesar de multirresistentes, elas normalmente não levam à morte. O problema é que os pacientes são muito pequenos;, explica a chefe do Núcleo de Controle de Infecção.
O deficit de profissionais prejudica o funcionamento do local. De acordo com Fabiana Mendes, cerca de 40 técnicos são necessários para a normalização dos trabalhos. Segundo ela, os quatro novos contratados ainda passam por treinamento, ao lado dos veteranos da instituição. A inconstância no abastecimento dos estoques também traz problemas.
;A compra de grande parte do material foi feita, falta só o fornecimento. Mas, nos últimos dias, recebemos curativos e caixas de agulhas;, exemplificou Fabiana.
Superlotação e mortes
Desde o mês passado, pelo menos 11 recém-nascidos morreram no Hras em decorrência da contaminação por três tipos diferentes de bactérias. Em outubro, cinco bebês foram a óbito e, somente nos primeiros 10 dias de novembro, o número chegou a seis. As crianças foram infectadas pelo Estafilococos, pelo Serratia ou pela Klebsiella. O risco de disseminação levou os dirigentes do Hras a esvaziar a superlotada UTI neonatal. Na época, 40 bebês estavam internados na unidade, quando havia apenas 30 leitos disponíveis.