postado em 27/11/2010 17:25
Dois sinaizinhos que não cicatrizavam causaram preocupação na família da aposentada Maria do Socorro Rodrigues de Miranda, 71 anos. Durante uma consulta junto ao dermatologista, ela foi diagnosticada com câncer de pele. A recomendação médica, então, foi a cirurgia. A expectativa para a realização do procedimento era de até seis meses. Mas, como a aposentada também tem Alzheimer, os familiares resolveram procurar ajuda para agilizar o processo. "Tínhamos medo de esperar. Como ela tem esse outro problema, o melhor seria tratar logo, porque não podíamos deixar por conta dela. Então, acordei cedo hoje para trazê-la aqui", contou Tatiane de Moura Rodrigues Miranda, 28 anos, nora de Maria. Ela se referia ao posto de atendimento instalado na Rodoviária do Plano Piloto durante a Campanha Nacional do Câncer de Pele. "Tivemos que enfrentar a fila, mas valeu a pena. Ela vai sair daqui direto para sala de cirurgia", completou.Diferentemente de outras edições da iniciativa, que tiveram apenas caráter preventivo, nesta, o ponto alto é o viés resolutivo. "Isso quer dizer que estamos agindo além da questão educativa. Estamos diagnosticando, realizando atendimento e também intervindo", esclareceu o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Distrito Federal (SBD/DF), Gilvan Ferreira Alves. O atendimento, gratuito aos pacientes, aconteceu das 9h às 17h. E os candidatos à intervenção foram encaminhados ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e ao Hospital Universitário de Brasília (HUB).
Até as 9h40, 35 pessoas já tinham sido atendidas na Rodoviária do Plano Piloto, sendo oito identificadas com câncer de pele. A previsão era de que, até o encerramento da atividade, cerca de 500 pessoas passassem pelas mãos de 40 dermatologistas. "Ano passado, essa foi considerada a maior campanha médica do país, com envolvimento dos quase 6 mil profissionais", informou Alves. "Estamos salvando vidas, pois o melanoma é um dos tipos de câncer mais agressivo da espécie humana", arrematou. Uma van foi colocada a disposição dos pacientes para fazer o transporte até os centros cirúrgicos dos hospitais.
No Brasil, são atestados, aproximadamente, 100 mil novos casos de câncer de pele por ano e a população idosa é a mais afetada pelo problema. "Tenho 81 anos e acho importante me cuidar. Há várias manchas na minha pele, por isso, preciso saber se algumas delas pode me trazer consequencias futuramente ", contou a professora aposentada Maria da Pena Magalhães.
Até as 10h30 , dez pessoas já tinham passado por cirurgias no Hran. Outras 40 pessoas eram esperadas para atendimento até o final do dia. "Estamos pedindo às pessoas com casos mais avançados para voltarem outro dia, tendo em vista a necessidade de uma equipe de anestesistas. Mas é importante salientar que ela sai com cirurgia marcada", explicou a cirurgiã plástica Ivanoska Filgueira, uma das dez profissionais da área envolvidas na iniciativa. "Há também contra-indicações. Pessoas diagnosticadas com hipertensão, por exemplo, devem ter um tratamento diferenciado", arrematou.